O regime cubano agradece a ajuda dos EUA, mas ressalta que a distribuição passará por suas autoridades

Washington e a Igreja Católica querem entregá-la diretamente aos afetados.

Famílias do leste cubano tentam se salvar após as inundações provocadas pelo furacão Melissa.Foto © Facebook/CMKX Radio Bayamo

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O regime cubano afirmou nesta segunda-feira que "agradece" a assistência humanitária oferecida pelos Estados Unidos aos afetados pelo furacão Melissa, mas deixou claro que toda ajuda estrangeira será canalizada "em plena coordenação com as autoridades" do país, uma declaração que contradiz o anúncio de Washington e a postura da Igreja Católica, que asseguraram que a entrega seria direta e sem intermediários do Estado.

En um comunicado do Ministério do Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro (MINCEX), o governo reconheceu a oferta de três milhões de dólares em assistência material através do Serviço Católico de Ajuda dos Estados Unidos, e indicou que se soma a doações de outras organizações religiosas do mesmo país.

No entanto, o texto oficial destaca que a distribuição dos recursos será realizada “de acordo com os requisitos que se ajustam à avaliação de danos e necessidades mais prementes” e “em coordenação com nossas autoridades”, uma formulação que reafirma o controle estatal sobre o processo de ajuda.

“Contamos com uma experiência positiva de anos de cooperação relacionada ao trabalho humanitário da Igreja Católica em Cuba, que se concretizou com sucesso em plena coordenação com nossas autoridades”, destaca o comunicado.

O regime insistiu ainda que as instituições do Estado trabalham “para canalizar a contribuição da forma mais rápida e eficiente” e acrescentou que os gestos humanitários “são agradecidos”, mas sempre dentro do âmbito de seus mecanismos oficiais.

Captura do Facebook/Ministério do Comércio Exterior e da Investimento Estrangeiro - Mincex

A resposta do governo chega poucas horas depois que o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado informou que a ajuda de Washington seria distribuída em coordenação direta com a Igreja Católica, sem a intervenção do aparato estatal, para garantir transparência e agilidade na entrega às áreas mais afetadas do leste cubano.

Também a Conferência de Bispos Católicos de Cuba confirmou que a assistência seria encaminhada através de instituições eclesiais, “sem passar pelas estruturas do regime”, no que muitos interpretaram como um gesto de autonomia humanitária diante da emergência.

O contraste entre as mensagens evidencia a disputa pelo controle político e simbólico da ajuda internacional em momentos de crise. Enquanto Washington e a Igreja buscam fazer chegar os recursos diretamente às vítimas, o regime tenta manter seu papel de mediador obrigatório, um padrão que se repetiu em desastres naturais anteriores e que gerou desconfiança entre os cubanos devido à opacidade na distribuição das doações.

O furacão Melissa, que atingiu o leste do país no dia 29 de outubro passado, causou severos danos em residências, culturas e redes elétricas em Guantánamo, Granma, Holguín e Santiago de Cuba, onde milhares de famílias ainda permanecem sem eletricidade e acesso estável a alimentos e água potável.

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