O secretário de Estado, Marco Rubio, se manifestou de forma contundente nesta quarta-feira sobre o caso de Mahmoud Khalil, um residente nos EUA que foi uma figura proeminente nas manifestações pró-palestinas na Universidade de Columbia, em Nova York.
“Vir para os Estados Unidos com um visto é um privilégio, não um direito. A administração Trump está determinada a negar ou revogar seu visto se você estiver aqui para apoiar terroristas”, escreveu o secretário de Estado no X nesta quarta-feira.
Rubio acompanhou seu texto com um vídeo no qual ofereceu seu ponto de vista a um grupo de jornalistas sobre o que é um visto, o que representa e a possibilidade até de revogar um cartão de residência se for descoberto que o portador desse privilégio apoia atividades terroristas.
"Você pode ter o pedido de visto negado se nos disser ao solicitá-lo: 'Olá, estou tentando entrar nos Estados Unidos como estudante e sou um grande apoiador do Hamás'", acrescentou o chefe da diplomacia americana.
“Quando você vem aos Estados Unidos como visitante, que é o que uma visa representa... podemos negar essa visa... e se você acabar tendo um cartão de residência e estiver aqui participando dessas atividades, nós vamos te deportar”, acrescentou.
"Não se trata de liberdade de expressão", disse Rubio quando questionado se a prisão de Mahmoud Khalil no final de semana se chocava com a defesa do presidente Donald Trump do direito de expressar opiniões nos Estados Unidos e na Europa.
"Trata-se de pessoas que, para começar, não têm direito de estar nos Estados Unidos", concluiu Rubio diante de jornalistas no aeroporto irlandês de Shannon, durante uma parada para reabastecer após uma viagem à Arábia Saudita.
Detenção de Mahmoud Khalil
O Serviço de Controle de Imigração e Alfândega (ICE) dos Estados Unidos prendeu, no último fim de semana, Mahmoud Khalil. A prisão ocorreu por ordem do Departamento de Estado para revogar seu cartão de residência, de acordo com seu advogado.
Khalil, que se formou recentemente na mencionada universidade nova-iorquina, foi um dos porta-vozes do movimento estudantil que pedia o cessar-fogo na Faixa de Gaza.
A prisão provocou protestos no mundo acadêmico e entre os defensores dos direitos humanos nos Estados Unidos.
No entanto, o Departamento de Segurança Nacional afirmou que havia "realizado atividades relacionadas com o Hamás, considerado como organização terrorista".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a prisão de Khalil foi a "primeira de muitas"; e acrescentou que havia "outros estudantes em Columbia e outras universidades que estiveram envolvidos em atividades proterroristas, antissemitas e antiamericanas".
Um juiz impede a deportação de Khalil
No entanto, um juiz federal de Nova York proibiu temporariamente a administração de Trump de deportar Mahmoud Khalil até uma audiência programada para esta quarta-feira.
O caso de Khalil é o mais recente em uma escalada de medidas do governo Trump para reprimir as manifestações pró-palestinas nos campi universitários.
Sua prisão também ocorre após a promessa do presidente americano de deportar estudantes estrangeiros envolvidos em "protestos ilegais" e encarcerar os "agitadores" que participarem de manifestações políticas.
Defesa e reações diante de sua detenção
O advogado de Khalil denunciou dificuldades para acessar seu cliente, que foi transferido para um centro de detenção em Jena, Luisiana. A defesa argumenta que essa transferência compromete a jurisdição do tribunal e limita seu contato com a família e o advogado.
Antes de sua detenção, Khalil havia enviado um e-mail à presidenta interina de Columbia, Katrina Armstrong, solicitando apoio jurídico.
Em sua mensagem, denunciava uma “campanha de difamação desumanizadora” contra ele, na qual era falsamente apontado como “ameaça terrorista”.
Fundamentos legais e opiniões sobre o caso
A administração Trump justificou a detenção de Khalil com base em uma disposição da Lei de Imigração e Nacionalidade. De acordo com essa lei, um estrangeiro cuja presença ou atividades possam ter consequências adversas para a política externa dos EUA pode ser deportado.
Especialistas jurídicos alertam que o uso dessa disposição é incomum, especialmente contra um titular de um cartão de residência. Camille Mackler, diretora da Immigrant ARC, questionou se está sendo assegurado o devido processo neste caso.
“O governo está usando seu poder para atacar pessoas ou instituições com as quais não concorda. Em uma sociedade livre, isso não deveria acontecer”, disse Mackler.
Por sua vez, John Sandweg, ex-diretor interino do ICE, destacou que esta lei costuma ser aplicada em casos onde o detido mentiu em sua solicitação de residência ou tem vínculos comprovados com organizações terroristas.
Segundo a advogada de Khalil, Amy Greer, sua prisão faz parte de uma repressão governamental contra o ativismo estudantil.
“O governo dos EUA deixou claro que usará as leis de imigração como uma ferramenta para silenciar o dissenso”, concluiu.
Perguntas frequentes sobre as declarações de Marco Rubio sobre vistos e a detenção de Mahmoud Khalil
Por que Marco Rubio afirma que um visto é um privilégio e não um direito?
Marco Rubio enfatiza que um visto é um privilégio porque permite a uma pessoa entrar nos Estados Unidos sob certas condições, e não é um direito inerente. Segundo Rubio, a administração Trump está decidida a negar ou revogar vistos àqueles que apoiem atividades terroristas.
O que levou à detenção de Mahmoud Khalil nos Estados Unidos?
Mahmoud Khalil foi detido pelo Serviço de Controle de Imigração e Alfândega dos EUA, sob a acusação de realizar atividades relacionadas ao Hamás, uma organização considerada terrorista. O Departamento de Estado ordenou a revogação de seu cartão de residência devido a essas acusações.
Quais medidas o governo Trump está tomando em relação aos protestos pró-palestinos nas universidades?
O governo de Trump intensificou as medidas contra estudantes estrangeiros envolvidos em protestos pró-palestinos, como o caso de Mahmoud Khalil na Universidade de Columbia. Foi prometido deportar estudantes estrangeiros envolvidos em “protestos ilegais” e prender os “agitadores” que participarem de manifestações políticas.
Qual é a postura de Marco Rubio sobre o regime cubano?
Marco Rubio tem sido crítico do regime cubano, qualificando-o de "desastre" e responsabilizando-o pela crise na ilha. Rubio deixou claro que não visitará Cuba enquanto o atual governo estiver no poder, a não ser que seja para discutir uma mudança de regime.
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