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A destacada catedrática e ensaísta cubana Alina Bárbara López denunciou nesta quarta-feira em suas redes sociais a encenação do regime para simular uma normalidade inexistente em Cuba, apesar da profunda crise que o país enfrenta.
Em uma postagem em seu perfil no Facebook, López refletiu sobre o termo "simulação", apontando que o governo aperfeiçoou essa prática para parecer que a vida segue com normalidade.
"Fico maravilhado com a maneira como aqueles que governam em Cuba encontraram para simular que tudo está bem, que estamos avançando e que a vida é perfeitamente normal", escreveu.
A intelectual sublinhou que não se trata de uma autoengano das autoridades, pois estão plenamente conscientes da grave situação que a ilha enfrenta. Também não acredita que tentem enganar a cidadania, uma vez que as condições atuais tornam a precariedade evidente.
"Basta ouvir as opiniões quando se reúnem mais de duas pessoas, mesmo desconhecidas, em uma das muitas filas que precisamos fazer para qualquer coisa", apontou.
Como exemplo concreto dessa "simulação surrealista", López descreveu as mudanças abruptas em seu bairro diante da possível visita de altos funcionários.
Brigadas de trabalhadores foram mobilizadas para limpar áreas verdes negligenciadas por meses, pintar postes elétricos e calçadas, e até mesmo decorar com as cores da bandeira cubana, embora com um tom ocre em vez do vermelho habitual.
Sin embargo, essas melhorias cosméticas contrastam com a realidade cotidiana dos residentes, que continuam enfrentando apagões, águas pluviais estagnadas e lixeiras transbordando: "Não importa que a função real dos ‘estetizados’ postes, sustentar os fios da rede elétrica, tenha perdido todo sentido, pois, por exemplo, desde ontem à tarde não temos eletricidade".
López também compartilhou imagens que mostram a contradição entre a aparência que se quer projetar e as carências diárias da população.
Uma das fotos que mais a impactou mostra uma pequena bandeira cubana erguida no meio de um lixão: "Uma alegoria da pátria que sofre, mas para a qual ainda há esperanças? Quero acreditar que sim. Eu me refugio nessa imagem de resiliência".
A acadêmica e ativista cubana Alina Bárbara López Hernández tem sido uma das vozes mais críticas no âmbito intelectual em Cuba. Sua defesa da liberdade de expressão e seu ativismo a tornaram um alvo de represálias por parte das autoridades.
Em agosto de 2024, López foi detida arbitrariamente junto ao escritor Jorge Fernández Era após tentar manifestar-se pacificamente em Havana. Ambos têm sido perseguidos por suas posturas dissidentes e por participarem de atos de protesto. López tem insistido em seu direito à livre expressão, denunciando nas redes sociais as constantes violações aos direitos dos cidadãos cubanos.
Semanas depois, em setembro de 2024, a União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC) anunciou sua expulsão, argumentando que ela havia realizado “atividades contra a revolução”. A medida gerou um amplo repúdio entre intelectuais e artistas, incluindo o ator Luis Alberto García, que classificou a decisão como um “erro garrafal” e um ato de censura política.
Apesar das represálias, López Hernández reafirmou seu compromisso com a defesa dos direitos civis em Cuba. Denunciou o assédio da Segurança do Estado e tem continuado a expressar suas opiniões em redes sociais e meios independentes, assegurando que continuará lutando por um país onde as liberdades fundamentais sejam respeitadas.
Perguntas frequentes sobre a simulação do regime e a crise em Cuba
O que Alina Bárbara López denuncia sobre o regime cubano?
Alina Bárbara López denuncia a "simulação surrealista" do regime cubano, que tenta aparentar uma normalidade inexistente em meio a uma profunda crise no país. Segundo López, o governo está ciente das dificuldades que Cuba enfrenta, mas continua com uma encenação para ocultar a realidade de precariedade que vivem os cidadãos.
Como se manifesta a "simulação surrealista" do regime cubano?
A "simulação surrealista" se manifesta em ações como a limpeza e decoração abrupta de bairros antes da possível visita de altos funcionários, enquanto as condições cotidianas de precariedade, como apagões e acúmulo de lixo, persistem. Essas ações não resolvem os problemas reais dos cidadãos, mas buscam criar uma fachada de normalidade que contrasta com a dura realidade do dia a dia em Cuba.
Quais exemplos concretos ilustram a crise em Cuba segundo Alina Bárbara López?
Alina Bárbara López menciona como, em seu bairro, são realizadas melhorias cosméticas como pintar postes e limpar áreas verdes apenas em momentos estratégicos, mas a realidade cotidiana continua marcada por apagões, águas residuais estagnadas e lixo transbordando. Essas ações superficiais não abordam as necessidades básicas da população, que enfrenta a falta de serviços essenciais.
Qual é o impacto da crise na vida cotidiana dos cubanos?
A crise em Cuba afeta profundamente a vida diária de seus cidadãos, obrigando-os a recorrer a métodos criativos para realizar atividades cotidianas como cozinhar, carregar dispositivos eletrônicos ou até mesmo trabalhar. Os apagões prolongados e a falta de recursos básicos são comuns, afetando tanto lares quanto serviços essenciais como hospitais e transporte. Essa situação levou os cubanos a se adaptarem e buscarem soluções engenhosas para sobreviver.
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