Se pode dizer mais alto, mas não mais claro. A congressista republicana María Elvira Salazar pediu tempo e um voto de confiança para resolver a situação migratória dos 550.000 cubanos que entraram nos Estados Unidos com a figura migratória I-220A (ordem de liberdade sob palavra). "Temos quatro anos para provar que os republicanos podem ajudar os I-220A", disse visivelmente enfurecida ao final de um vídeo gravado em seu escritório, onde expõe todas as gestões infrutíferas que fez durante a Administração Biden.
Em pouco mais de três minutos de gravação, a congressista responde às críticas que questionam se ela "fez ou não fez" na legislatura passada em relação aos I-220A. "Aqui vai um resumo do que eu fiz nos últimos dois anos e quem são os verdadeiros responsáveis", destacou Salazar em referência aos democratas.
Segundo explica, a primeira vez que intercedeu a favor dos I-220A foi em 2023, quando se encontrou com o secretário de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, na cidade de Miami. Naquele momento, acrescenta, ele não entendia o que era o I-220A e teve que perguntar aos seus assistentes. Após esse primeiro encontro, afirma que houve outras três reuniões em seu escritório congressional em Washington e várias conversas por celular.
"Aqui está um exemplo dos dezenas e dezenas e dezenas de textos", que Salazar afirma ter trocado com Mayorkas por telefone, "pedindo que, por favor, ele cuidasse do I-220A", apontou, mostrando capturas dessas conversas.
Em essência, o que ela pedia ao secretário de Segurança Nacional era que "fizesse de uma só vez" os 550.000 cubanos com I-220A, de modo que pudessem ter acesso ao "Parole in Place" ou ao "Parole in Country". Na sua opinião, a administração anterior tinha a autoridade para fazer "com que todos os que já estão nos Estados Unidos possam conseguir o Parole e, a partir daí, se beneficiar da Lei de Ajuste Cubano".
María Elvira Salazar defende que, além de ter conversado com o secretário de Segurança Nacional e ter enviado dezenas de mensagens, sua equipe em Washington DC enviou cinquenta e-mails ao DHS (Departamento de Segurança Nacional), direcionados à equipe de Mayorkas, lembrando-os do poder que tinham de dar um 'plumazo' e conceder o "Parole in Place" aos cubanos com I-220A para que pudessem se beneficiar da Lei de Ajuste Cubano.
Passaram-se os meses e não foi até o verão de 2024 que o escritório da congressista percebeu que estava ocorrendo uma "irregularidade muito grande", pois uma família entrava e ao pai era concedido o Parole, enquanto à mãe era dado o I-220A. "Como isso é possível? O Mayorkas me disse que isso era impossível e eu disse a ele que ia provar que isso realmente estava acontecendo", lembra Salazar.
Para demonstrar ao secretário de Segurança Nacional que isso realmente estava acontecendo, pediu aos seus seguidores que enviassem seus casos e recebeu "mais de 70.000 e-mails no escritório de Miami". Toda essa informação, a congressista assegura que enviou ao DHS. "Para a equipe de Mayorkas, enviamos milhares e milhares de casos documentados onde estávamos explicando, especificamente, a situação da separação familiar porque os democratas dizem que não separam as famílias", enfatizou.
"Em outubro e novembro de 2024, antes das eleições, nos ignoraram e eu pedi novamente a Mayorkas para conceder 'Parole in Place' aos cubanos. Os democratas e a Administração Biden poderiam ter resolvido perfeitamente esse problema, pois foram eles que começaram a conceder aos cubanos o que se chama I-220A, o que eu não entendo bem por que aconteceu. Os cubanos são o único grupo neste país que tem a possibilidade (de se naturalizar) porque possuem uma coisa chamada Lei de Ajuste Cubano. Eles podem se beneficiar dela e se tornar cidadãos americanos. Os democratas tinham em mãos essa possibilidade. Vamos aguardar estes quatro anos com o presidente Trump. Temos mais quatro anos para provar que os republicanos podemos ajudar as pessoas que têm a I-220A", concluiu, não sem antes lançar um comentário ácido: "Se você tiver algum outro comentário, me envie e se você podia ter feito algo mais, então me avise para que eu possa fazê-lo".
Sua frase final parece se dirigir a pessoas como o advogado da Flórida Willy Allen, especialista em Imigração, que atacou na semana passada María Elvira Salazar ao considerar que o projeto de lei que ela pretende levar ao Congresso para conferir status legal aos I-220A é "um insulto", uma vez que isso já está previsto na Lei de Ajuste Cubano e, em sua opinião, o que se deve fazer é aplicar essa norma já existente aos I-220A.
Após essa entrevista concedida à CiberCuba, muitos aproveitaram para criticar a congressista, que agora lembra a todos que a legislatura dura quatro anos e que Trump está apenas há um mês na presidência.
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