Assim foi a recepção na Venezuela dos dois primeiros voos de migrantes deportados dos EUA.

Os aviões aterrissaram no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía após as 21 horas (horário local), onde foram recebidos pelo ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello.


Este lunes chegaram a Venezuela os primeiros 190 migrantes deportados dos Estados Unidos em dois voos operados pela companhia aérea estatal Conviasa.

A repatriação é parte do acordo alcançado entre o regime de Nicolás Maduro e a administração de Donald Trump, após a visita a Caracas de Richard Grenell, enviado especial do ex-presidente dos Estados Unidos.

Os aviões aterrissaram no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía após as 21h (horário local), onde foram recebidos pelo ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello.

“Aqui estão chegando os primeiros venezuelanos e venezuelanas à sua pátria, serão recebidos como venezuelanos e venezuelanas que, em algumas circunstâncias, tiveram que se afastar do país, mas que estão retornando”, declarou o funcionário em uma transmissão oficial.

“Faz-se justiça quando um migrante retorna para casa em paz e tranquilidade”, disse Cabello em outro momento.

"Essa história de que todos têm antecedentes criminais é mentira", enfatizou o ministro do Interior e Justiça em conversa com jornalistas no Aeroporto, e acrescentou que "está sendo revisado" quantos dos que chegaram têm antecedentes criminais.

O grupo de deportados passou a noite em um albergue próximo ao aeroporto, localizado no estado La Guaira, onde as autoridades procederam ao registro e forneceram atendimento sanitário primário.

A Cruz Vermelha da Venezuela confirmou que uma equipe de 40 voluntários, médicos e socorristas assistiu aos migrantes, entregando-lhes “kits de higiene pessoal e lanches, assim como medicamentos quando necessário”.

Nos últimos dias, o governo dos EUA anunciou que retomaria em breve os voos de deportação para a Venezuela, conforme confirmou na última sexta-feira Tom Homan, conhecido como o "Zar da fronteira".

Apesar de Trump não reconhecer a legitimidade de Nicolás Maduro, que assumiu um novo mandato no dia 10 de janeiro em meio a denúncias de fraude eleitoral por parte da oposição - que reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia - Trump enviou o diplomata Richard Grenell a Caracas.

Grenell se reuniu com Nicolás Maduro em uma tentativa de aproximação entre os dois países, cujas relações diplomáticas foram suspensas desde 2019.

Um acordo inesperado entre Trump e Maduro

Posteriormente, a Casa Branca informou que havia conseguido a libertação de seis cidadãos americanos detidos na Venezuela e, em troca, obteve o compromisso de Maduro de receber os migrantes deportados.

Em um gesto simbólico, ambos se cumprimentaram, enquanto o presidente do parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, sorria ao fundo. O governo de Maduro emitiu um comunicado no qual reafirmou sua intenção de manter um “diálogo entre iguais” com os EUA.

Dias depois, Maduro propôs um programa de empréstimos de 10 milhões de dólares para apoiar os migrantes venezuelanos que retornarem ao país.

Este movimento sugere que Caracas pode estar se preparando para a chegada de deportados, embora ainda não tenha confirmado oficialmente que aceitará todos os repatriados.

De momento, alguns venezuelanos, considerados criminosos perigosos, já estão na Base Naval de Guantánamo, após terem chegado em dois voos realizados na terça e na quinta-feira desta semana.

No total, há 23 imigrantes ilegais em Guantánamo, embora não esteja claro se todos são venezuelanos.

Do primeiro grupo de 10, foi mencionado que eram membros da gangue Tren de Aragua; no segundo caso, a Secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, especificou que os 13 eram venezuelanos.

Centenas de milhares de venezuelanos residem nos Estados Unidos, muitos deles sob alívios migratórios temporários que foram revogados pela administração de Donald Trump, incluindo o Estatus de Proteção Temporária (TPS) de 2023.

Esta decisão os deixa vulneráveis diante do ambicioso plano de deportações do presidente republicano.

Mudança de estratégia de Trump em relação à Venezuela

Durante seu primeiro mandato, Trump tentou sem sucesso derrubar Maduro, impondo sanções econômicas, apoiando o líder opositor Juan Guaidó e oferecendo uma recompensa de 15 milhões de dólares pela captura do mandatário venezuelano sob acusações de narcoterrorismo.

No entanto, com a crescente onda de migrantes venezuelanos nos EUA e sua promessa eleitoral de frear a imigração ilegal, a dinâmica mudou.

Agora, Trump precisa que Maduro aceite a repatriação dos migrantes venezuelanos, um fator que confere maior influência ao governo de Caracas, apontam o The New York Times.

Além disso, a Venezuela mantém detidos pelo menos cinco americanos e dois residentes permanentes nos EUA, segundo o grupo de direitos humanos Foro Penal. Isso reforça a capacidade de negociação de Maduro, que poderia usar esses reféns como moeda de troca em futuras conversas.

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