O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, responsabilizou nesta terça-feira Cuba, Nicarágua e Venezuela pela crise migratória no hemisfério, qualificando seus governos de "inimigos da humanidade".
Durante uma conferência de imprensa em San José, Costa Rica, Rubio destacou que esses regimes provocaram a saída maciça de cidadãos devido à ineficácia de seus sistemas políticos e econômicos.
"Esses três regimes que existem: Nicarágua, Venezuela e Cuba são inimigos da humanidade e criaram uma crise migratória. Se não fosse por esses três regimes, não haveria uma crise migratória no hemisfério", declarou Rubio na presença do presidente costarriquenho, Rodrigo Chaves.
Críticas aos regimes da região
Rubio arremete particularmente contra o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, descrevendo sua administração como uma "dinastia familiar" na qual o mandatário governa ao lado de sua esposa, Rosario Murillo, agora designada "copresidenta" após uma reforma constitucional.
"Ele têm tentado eliminar a Igreja Católica e tudo o que é religioso, assim como qualquer instituição que represente uma ameaça ao seu poder. Como resultado, milhares de nicaraguenses fugiram do país", expressou o funcionário americano.
Segundo Rubio, a situação migratória da Nicarágua é comparável à de Cuba e Venezuela, onde "as pessoas abandonam seus países pelas mesmas razões: repressão, pobreza e falta de oportunidades".
Cooperação entre os EUA e Costa Rica
Rubio chegou à Costa Rica como parte de uma turnê pela América Central, onde discute temas de migração, segurança e comércio com líderes regionais. Segundo a agência EFE, em sua reunião com o presidente Chaves, abordaram a cooperação bilateral em matéria de cibersegurança e o combate ao narcotráfico.
Os Estados Unidos consideram a Costa Rica um aliado chave na região, em contraste com outros governos que, segundo Rubio, "têm minado a estabilidade". Nesse sentido, destacou que "há mais americanos vivendo na Costa Rica do que costarriquenhos nos Estados Unidos, o que demonstra o sucesso do país centro-americano em comparação com outros".
Influência da China na América Central
Um dos pontos discutidos na reunião foi a crescente influência da China na região.
Na semana passada, o enviado especial dos EUA para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, destacou que o governo de Chaves "compreende a ameaça chinesa", em referência à decisão da Costa Rica de restringir a participação de empresas chinesas na implantação da tecnologia 5G por motivos de segurança nacional.
Após sua passagem pelo Panamá e El Salvador, Rubio continuará sua turnê regional com visitas à Guatemala e à República Dominicana, com o objetivo de fortalecer alianças em segurança e migração frente ao que Washington considera "regimes autoritários" no hemisfério.
Resposta de Miguel Díaz-Canel
Por sua vez, o governante cubano, Miguel Díaz-Canel, reagiu às declarações de Rubio com uma forte rejeição, acusando os Estados Unidos de serem os verdadeiros responsáveis pela crise migratória na ilha.
"A desvergonha mais uma vez se apoderando dos políticos cínicos dos EUA. Está comprovado que o êxodo migratório em #Cuba é proporcional ao endurecimento do #bloqueio, que priva nosso povo dos bens essenciais. A humanidade está em perigo pelo neofascismo de vocês", expressou Díaz-Canel em sua conta no X (anteriormente Twitter).
Em uma segunda mensagem, o mandatário cubano questionou a acusação de "inimigos da humanidade" feita por Rubio: "Inimigos da humanidade aqueles que resistimos a bloqueios sem abandonar a solidariedade com outros povos ou aqueles que aplicam o #Bloqueio pisoteando leis internacionais? Inimigo da humanidade é o império com seu apetite expansionista e sua inútil pretensão de governar o mundo".
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