Régimen qualifica de "herdeiros de Batista" os cubanos que desejam uma mudança após 66 anos de castrismo e "continuidade"

O regime cubano classificou os ativistas e opositores que buscam uma transição para a democracia, após 66 anos de totalitarismo e falta de direitos e liberdades políticas e civis na ilha, como "herdeiros políticos de Fulgencio Batista".

Cartazes eleitorais na Cuba republicanaFoto © Granma

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O regime cubano recorreu mais uma vez à sua estratégia de desqualificação política para justificar a crise econômica e social do país, utilizando de forma caricaturesca o convulso e vibrante passado republicano da ilha.

Em resposta às recentes decisões do governo dos Estados Unidos, o ministério de Relações Exteriores emitiu uma declaração na qual classificou como "herdeiros políticos de Fulgencio Batista" os cubanos que promovem uma mudança em direção à democracia após 66 anos de domínio absoluto do castrismo.

A paradoxa histórica é evidente: o próprio governo da chamada "Revolução" tem mantido um poder ininterrupto desde 1959 sem permitir eleições democráticas, abertas e pluripartidárias há mais de 77 anos, superando amplamente o período de ditadura de Batista, que durou apenas sete anos.

As medidas anunciadas pelos Estados Unidos incluem a reativação do Título III da Lei Helms-Burton, que permite a cidadãos americanos apresentarem ações judiciais contra empresas estrangeiras que operam em propriedades confiscadas após 1959.

Asimismo, foi ampliada a Lista de Entidades Cubanas Restringidas, proibindo transações com novas empresas estatais como Orbit S.A., a entidade responsável pelo processamento de remessas em Cuba após as sanções à Fincimex.

Tanto uma quanto a outra foram denunciadas como entidades sob a égide do Grupo de Administração Empresarial S.A. (GAESA), nas mãos dos militares e da cúpula do regime cubano.

Com essas medidas, Washington busca aumentar a pressão sobre o regime e evidenciar seu caráter repressivo e antidemocrático.

Em resposta, o regime cubano decidiu exacerbar seu discurso, apontando as sanções como parte de um "cerco econômico" destinado a asfixiar o país, e aplaudidas por cubanos antipatriotas, "plattistas" e "herdeiros políticos de Batista".

Em sua ânsia manipuladora e movida por sua obsoleta e grosseira máquina de propaganda, Havana ignora deliberadamente o impacto devastador de suas próprias políticas fracassadas, assim como a corrupção sistêmica que impera em sua administração.

Sob o discurso da "continuidade", um termo adotado por Miguel Díaz-Canel desde sua chegada ao poder em 2018, o regime tem tentando dar uma falsa legitimidade à prolongação de seu modelo totalitário e à permanência de suas elites no poder.

Esta "continuidade" é na verdade a perpetuação do Partido Comunista de Cuba (PCC) como a única força legal e decisória no país, garantindo o monopólio absoluto do poder e a violência institucionalizada, reprimindo qualquer expressão de dissidência política e praticando um "terrorismo de Estado" denunciado por organismos internacionais, assim como por organizações não governamentais.

Ao se estabelecer como o único partido legal desde a Constituição de 1976, o PCC consolidou um sistema onde a tomada de decisões continua a ser monopolizada por um grupo fechado de líderes que impedem qualquer alternativa política.

A centralização do poder no Partido significou a negação sistemática de direitos fundamentais e a eliminação de qualquer forma de pluralismo político na ilha.

Este modelo tem ocasionado uma crise profunda, caracterizada pela escassez de alimentos e medicamentos, apagões constantes e uma dolarização parcial da economia, enquanto a cúpula do poder continua acumulando riquezas e privilégios.

Apesar da retórica oficial, os cubanos continuam exigindo mudanças profundas. A emigração em massa, os protestos sociais e a crise econômica evidenciam um crescente descontentamento com a "continuidade" defendida pelo regime.

Cuba continua aprisionada em um sistema que resiste à democratização, perpetuando a falta de liberdades e o sofrimento do povo. O discurso da "continuidade" não é mais que uma tentativa de disfarçar a realidade de uma ditadura que sobreviveu graças à repressão, à falta de liberdades e ao controle absoluto dos meios de produção.

Enquanto o povo cubano clama por uma mudança real, o regime continua agarrado à sua retórica vazia, utilizando a história dos tempos republicanos como um miragem para desviar a atenção de sua própria falta de legitimidade democrática.

Nesse contexto, a responsabilidade pela crise nacional recai não em decisões externas, mas na perpetuação de um sistema que se mostrou inviável e prejudicial para o povo cubano.

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Iván León

Licenciado em jornalismo. Mestrado em Diplomacia e Relações Internacionais pela Escola Diplomática de Madri. Mestrado em Relações Internacionais e Integração Europeia pela UAB.