O governo cubano defende a forma de dar o troco em sua loja em dólares: “Não são apenas doces.”

Uma diretiva das Tiendas Caribe lamentou as zombarias que surgiram a partir do conhecido troco em balas.


Yamilet Álvarez Tejo, chefe do Departamento Comercial de Tiendas Caribe, lamentou em declarações à Mesa Redonda nesta quarta-feira as zombarias que o troco em caramelos gerou entre os clientes na loja da 3ª. e 70, em Havana.

A diretiva não apenas defendeu esse modo de troco como a única alternativa viável diante da falta de troco em dólares, mas também esclareceu que há outros produtos junto aos caixas registradoras para escolher, caso não se queira balas de troco.

Ao mencionar uma das "preocupações" com as quais começaram a enfrentar dificuldades desde a abertura do estabelecimento, Álvarez Trejo qualificou como "desfavorável" o problema do troco, e por isso instou a usar preferencialmente os canais eletrônicos de pagamento.

“Tem sido muito recorrente o ânimo de zombaria, de ridicularizar [...] mas não há apenas caramelos, há outros produtos disponíveis ali, nos caixas registradoras, para oferecer ao cliente como compensação pelo troco que lhe corresponde”, apontou.

"Ao pagar em dinheiro, quando o troco precisa ser dado em centavos, em moeda fracionária, realmente não há disponibilidade de moeda fracionária, e isso é um inconveniente", insistiu.

Randy Alonso não hesitou em dizer que "em outras economias parcialmente dolarizadas, isso também acontece", embora não tenha citado exemplos.

Anunciam a abertura de lojas em dólares em todo o país: Mais doces a caminho

O governo cubano anunciou a expansão das lojas em dólares por todo o território nacional, como parte do processo de dolarização parcial da economia.

Ernesto Martínez, vice-presidente primeiro da Corporación CIMEX S.A., disse que se trata de um esforço gradual para aumentar a presença desse tipo de comércio, especialmente em mercados pequenos que sejam fáceis de abastecer.

"Para a incorporação das lojas, contou-se com o consenso da CIMEX e das Lojas Caribe, com o princípio de que se trabalhe na abertura do novo supermercado em mercados pequenos que sejam fáceis de abastecer. Especialmente aqueles ligados ao setor imobiliário e outros associados a projetos que serão assinados e propiciarão a venda por atacado e varejo em todo o país, mas de forma gradual", explicou.

O anúncio ocorre em meio a um contexto econômico complexo, marcado pela dolarização parcial da economia cubana.

O regime assegurou que as contas em Moeda Livremente Conversível (MLC) se manterão nos bancos da ilha, enquanto defende a presença do dólar na economia.

Os críticos desse processo que inclui lojas em moeda estrangeira apontaram que essa medida exacerba as desigualdades, já que grande parte da população cubana não tem acesso a essa divisa e continua recebendo seu salário em moeda nacional.

O Supermercado de 3ra e 70, inaugurado este mês e localizado em Miramar, em Havana, foi apresentado no espaço oficial como um local "acessível" "para a população em geral", apesar de que as altas tarifas em dólares o tornam inacessível para uma grande parte dos cubanos.

Perguntas frequentes sobre a dolarização e a troca em doces em Cuba

Por que o supermercado da 3ª com 70 devolve o troco em balas?

O supermercado da 3ra e 70 em Havana dá o troco em balas devido à falta de moedas fracionárias em dólares. A diretoria do estabelecimento defendeu essa prática como a única alternativa viável diante da escassez de moedas de baixa denominação. Além disso, oferecem outros produtos junto aos caixas registradores para compensar o troco em dinheiro.

Como a dolarização parcial afeta a economia cubana?

A dolarização parcial em Cuba exacerba as desigualdades econômicas, pois grande parte da população não tem acesso ao dólar e continua recebendo seu salário em moeda nacional. Esta medida, embora busque captar divisas, tem sido criticada por aumentar a lacuna entre os cubanos que podem comprar em lojas exclusivas e aqueles que não podem.

Quais são as repercussões da prática de trocar moedas por caramelos para os cubanos no exílio?

Para os cubanos no exílio, o troco em balas é visto como uma zombaria e uma falta de respeito pelo esforço que fazem ao enviar remessas. Essa prática simboliza o desprezo do governo pelas necessidades reais da população e gerou descontentamento entre aqueles que sustentam suas famílias do exterior.

Qual é o objetivo da expansão das lojas em dólares em Cuba?

O governo cubano busca expandir as lojas em dólares como parte de um esforço para aumentar a captação de divisas e "controlar" o fluxo de dinheiro estrangeiro. No entanto, essa medida tem sido criticada por perpetuar um modelo econômico desigual ao limitar o acesso a esses comércios àqueles que possuem divisas.

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