Matanzas admite falta de médicos, embora presuma uma cobertura sanitária total

Apesar do déficit de médicos, Matanzas ostenta 100% de cobertura médica. No entanto, enfrenta escassez de insumos, transporte limitado e alta pressão nos hospitais, refletindo um sistema sobrecarregado.

Consultório médico em Cuba (imagem de referência)Foto © Agência Cubana de Notícias

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Em um contexto marcado pela escassez de recursos humanos, as autoridades de saúde de Matanzas se gabarão de que conseguiram garantir 100% de cobertura médica na província durante 2024.

Según Mariela Romero Pérez, jefa de Atenção Primária à Saúde, “, implementamos estratégias para que nenhum paciente fique sem atendimento”, reportou o jornal oficialista Girón.

Captura Facebook / Periódico Girón

Essas estratégias incluíram a redistribuição de pessoal disponível e a realização de consultas externas, presenças e interconsultas em áreas-chave como pediatria, clínica e ginecologia-obstetrícia.

Romero assegurou que, mesmo neste panorama, “os principais indicadores da Atenção Primária foram superados”.

No entanto, essas afirmações de cobertura total contrastam com as numerosas dificuldades que o sistema de saúde enfrenta na província.

O déficit de insumos básicos e medicamentos continua sendo um problema constante, afetando tanto a Atenção Primária quanto os hospitais.

Elaine Hernández Febles, chefe do Departamento de Medicamentos e Tecnologias Médicas, reconheceu que "os abastecimentos estavam comprometidos", o que obrigou a reforçar os controles em farmácias e instituições para maximizar os recursos disponíveis.

“Não se trata de olhar para o que não temos, mas sim de fazer melhor com o que temos”, destacou.

O transporte, outro elo crítico do sistema, onerou a capacidade operacional dos serviços médicos.

A falta de veículos afetou tanto a mobilidade do pessoal quanto a distribuição de recursos em áreas rurais, deixando muitos pacientes com acesso limitado aos cuidados, reconheceu o periódico governista Girón.

A situação higiénico-epidemiológica também não esteve isenta de dificuldades. A província enfrentou um ano complicado com o dengue, que provocou alta morbilidade e alguns casos graves com desfechos fatais.

“Embora sempre tenha sido feito um esforço para evitar esses desfechos, a realidade é que as condições do sistema não são ideais”, admitiu Andrés Lamas Acevedo, diretor provincial de Saúde Pública.

Nos hospitais, as carências também são evidentes. Segundo Abel Iván Semper González, diretor de Assistência Médica, os hospitais de Matanzas operaram durante 2024 sob uma forte pressão pela falta de recursos.

“Temos tentado manter um ritmo cirúrgico para atender emergências e casos oncológicos, mas as limitações são evidentes. Apesar disso, conseguimos que os pacientes com necessidades críticas sejam atendidos,” assegurou.

Também destacou que, embora não tenham aumentado as camas em lares de idosos, não existem listas de espera, o que atribuiu a um sistema de gestão mais eficiente.

Além do déficit de médicos titulares, a província enfrenta uma escassez de pessoal de enfermagem.

Embora tenham sido recontratados aposentados e estudantes em estágio pré-profissional, o problema persiste, especialmente em áreas rurais e serviços especializados.

Geraldo Miguel Benito Hernández, presidente do Capítulo de Enfermagem em Matanzas, admitiu que “a estabilidade do departamento tem dependido de alternativas e do compromisso da equipe, mas continuamos enfrentando dificuldades”.

As carências estruturais somam-se aos problemas tecnológicos. Embora tenham sido digitalizados atendimentos médicos em alguns municípios, o sistema não foi implementado de forma uniforme em toda a província, excluindo hospitais-chave.

“Continuamos trabalhando para melhorar a tecnologia e a extensão da digitalização, mas o processo é lento devido à falta de recursos”, explicou José Santos Chaviano, diretor de Gestão Sanitária Provincial.

A saúde pública em Matanzas enfrenta uma paradoxa: enquanto as autoridades presumem uma cobertura total, a realidade revela um sistema sobrecarregado, com falta de pessoal, recursos limitados e uma infraestrutura que luta para se manter funcional.

Embora as estratégias implementadas busquem atenuar os efeitos dessas carências, os desafios persistem, testando a capacidade do sistema para garantir a qualidade de atendimento que a população necessita.

Perguntas frequentes sobre a situação sanitária em Matanzas

Como a falta de médicos afeta o sistema de saúde em Matanzas?

A pesar de que as autoridades afirmam uma cobertura médica total, o déficit de médicos e pessoal de saúde é significativo. Isso levou à redistribuição de pessoal e à contratação de aposentados e estudantes, o que não tem sido suficiente para atender às necessidades de cuidado, especialmente em áreas rurais e serviços especializados.

Que estratégias foram implementadas para enfrentar o déficit de médicos em Matanzas?

As autoridades recorreram à redistribuição do pessoal disponível e à realização de consultas externas e interconsultas em áreas chave como pediatria, clínica e gineco-obstetrícia. Além disso, foram recontratados aposentados e estudantes em estágio pré-profissional para tentar aliviar a falta de médicos titulares.

Qual é o impacto da falta de insumos médicos em Matanzas?

A escassez de insumos básicos e medicamentos afeta tanto a Atenção Primária quanto aos hospitais. Essa situação obriga as autoridades a maximizar os recursos disponíveis e a fortalecer os controles em farmácias e instituições, o que limita a capacidade de oferecer atenção médica de qualidade.

Como o dengue afetou o sistema de saúde em Matanzas?

Durante 2024, Matanzas enfrentou um ano complicado com a dengue, que provocou alta morbilidade e alguns casos graves com desfechos fatais. As condições do sistema de saúde não foram ideais para enfrentar essa crise, o que colocou à prova a capacidade do sistema de garantir a qualidade do atendimento necessário.

Quais problemas enfrenta o sistema de transporte sanitário em Matanzas?

A falta de veículos afeta tanto a mobilidade do pessoal quanto a distribuição de recursos em áreas rurais, limitando o acesso de muitos pacientes à atenção médica necessária. Este é um elo crítico que pesa na capacidade operacional dos serviços médicos na província.

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