O MINFAR publica "Nota Informativa" sobre explosões em armazém militar de Holguín

O MINFAR parece querer jogar o jogo do disfarce.

Área da explosão, ocorrida em HolguínFoto © Redes sociais

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El Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR) publicou nesta sexta-feira uma "Nota Informativa" na qual confirmou o retorno para suas casas dos evacuados após as explosões em um armazém militar na comunidade de Melones, Holguín, mas evitou qualquer referência concreta sobre quais são as “ações” para localizar os 13 desaparecidos.

"Dando continuidade ao tratamento que recebe o sensível acontecimento ocorrido em uma obra com material de guerra, situada na localidade de Melones, município de Rafael Freyre, no passado dia 7 de janeiro e em correspondência com a situação atual que se observa; o Conselho de Defesa Provincial, as Forças Armadas Revolucionárias e o Ministério do Interior acordaram o retorno para suas casas das pessoas protegidas, cujas residências estão localizadas a uma distância do raio que já não apresenta perigos de existência de possíveis consequências derivadas da obra acidentada", explicou o MINFAR em um extenso parágrafo inicial.

A continuação, a máxima entidade das Forças Armadas em Cuba indicou que “continuam sendo realizadas ações especializadas”, sem especificar quais nem com vistas a quê.

“Assim que as condições permitirem, o acesso ao local será feito com todas as medidas de proteção estabelecidas. Mantemos contato com os familiares dos desaparecidos e informamos ao nosso povo”, assim concluiu o Ministério das Forças Armadas sua desconcertante nota.

Na seção de comentários da publicação no Facebook, vários cidadãos expressaram sua indignação pelo caráter evasivo do MINFAR que, longe de informar, parece quase estar brincando de fazer desvios.

"Este país é um desastre social. Supostamente não havia perigo para a comunidade, mas era necessário evacuar. Metem mentiras no povo como se fosse uma criança pequena. Graças à internet para que as pessoas saibam e estejam informadas, porque no NTV primeiro colocam quantas besteiras... lhes ocorrem e depois, quando vão falar do sinistro, fazem isso da maneira mais breve possível", queixou-se um comentarista.

"Estou certo de que, se o único meio de informação tivesse sido a imprensa oficialista, ninguém saberia de nada, e a notícia de um desastre tão grande não iria além da localidade. Inventariam qualquer mentira como sempre e ponto final. Uma homenagem floral, quatro medalhas de merda para os que perderam a vida e um cínico 'Sinto muito'", concluiu.

As explosões ainda não terminaram

Previamente, Joel Queipo Ruíz, Primeiro Secretário do Partido na província, também havia feito referência a "ações especializadas" que estão sendo realizadas.

Tampouco precisou quais, mas foi um pouco além do MINFAR e esclareceu que até que as explosões cessem, não entrarão no local concreto onde ocorreu o fato.

Este último detalhe, apesar de sua extrema importância, foi omitido pelo MINFAR em sua penosa "Nota Informativa".

"Ainda não é possível entrar no local específico do incidente devido à continuidade do processo de explosões, embora com menor intensidade do que nos dias anteriores, mas com risco para a integridade física de qualquer ação humana. Assim que as condições permitirem, o acesso ao local será autorizado com todas as medidas de proteção estabelecidas", escreveu Queipo Ruiz.

Enquanto isso, as famílias dos 13 desaparecidos reclamam que as autoridades não estão fazendo nada para salvar seus entes queridos.

"Não buscaram em nenhum momento. Disseram aos familiares que não podiam fazê-lo porque poderiam causar mais explosões e não podiam arriscar mais vidas, e que deveriam esperar 72 horas", denunciou Jesus Antonio, tio do recruta Liander José García Oliva, de 19 anos.

"Fui a casa dos pais e comunicaram que não havia probabilidade de vida, que se algum estivesse vivo, já teria tentado sair. Me dói porque os deram como mortos sem procurá-los", acrescentou.

Os residentes do povoado de Melones viveram momentos de pânico e angústia na terça-feira, quando começaram a ouvir as explosões provocadas pelo incêndio em um armazém de munições do Exército. A princípio, a reação da maioria foi ficar em suas casas, mas logo decidiram que o melhor era fugir.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram o temor dos residentes na área enquanto se ouviam as explosões e ninguém sabia a causa. As pessoas saíram de suas casas e começaram a correr enquanto chamavam uns aos outros.

Horas depois do ocorrido, o Ministério das Forças Armadas Revolucionárias confirmou que há 13 desaparecidos: quatro oficiais e nove soldados, dos quais muitos já consideram mortos.

O trágico incidente foi provocado por um incêndio enquanto se classificavam munições envelhecidas.

Perguntas frequentes sobre as explosões no armazém militar de Holguín

O que causou as explosões no armazém militar de Holguín?

As explosões foram causadas por um incêndio enquanto se classificavam munições envelhecidas em um armazém de material bélico na comunidade de Melones, Holguín. Esse tipo de material é especialmente sensível e requer condições rigorosas de manuseio e armazenamento, o que evidencia possíveis falhas nos protocolos de segurança.

Qual é a situação dos desaparecidos após as explosões em Holguín?

Até o momento, 13 pessoas estão desaparecidas, incluindo quatro oficiais e nove soldados. A situação continua delicada, e as autoridades indicaram que as probabilidades de sobrevivência são quase nulas devido à magnitude das explosões. As famílias dos desaparecidos expressaram seu descontentamento pela falta de ações imediatas para o resgate de seus entes queridos.

Quais medidas foram tomadas após as explosões em Holguín?

Mais de 1.200 pessoas foram evacuadas das comunidades próximas como medida preventiva. As autoridades autorizaram o retorno dos evacuados aos seus lares, embora o acesso ao local específico do sinistro esteja restrito devido ao risco de novas explosões. As investigações estão em andamento para determinar as causas exatas do incêndio.

Como o governo cubano respondeu ao incidente em Holguín?

A resposta do governo foi criticada pela falta de transparência e ação efetiva. O MINFAR emitiu notas informativas ambíguas sem detalhes sobre as ações de resgate, e o presidente Miguel Díaz-Canel foi criticado por priorizar uma mensagem de condolências à China antes de se dirigir à situação em Holguín. A população manifestou sua indignação pela escassa cobertura midiática e pelo hermetismo oficial.

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