Manuel Marrero pede mais "mão firme" em tempos de "economia de guerra".

Eu recebo a opinião da população. Dizem: ‘Ouça, você diz que estamos em uma economia de guerra, mas as sanções não estão em correspondência com essa economia de guerra’, disse o primeiro-ministro.


O primeiro-ministro de Cuba, Manuel Marrero Cruz, defendeu a aplicação de uma abordagem mais "mão firme" contra o crime, a corrupção e a ilegalidade, em conformidade com os tempos de "economia de guerra".

Assim manifestou no sábado durante a visita governamental a Cienfuegos "para corrigir distorções e impulsionar a economia", diante das autoridades da província e da delegação de ministros, membros do Partido Comunista e líderes que o acompanharam.

Enfático, o também membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) referiu-se às queixas e opiniões da população que chegam ao seu escritório pedindo uma postura mais rígida contra aqueles que violam a lei.

Eu recebo opinião da população. Dizem: 'Ouça, você diz que estamos em economia de guerra, mas as sanções não estão em correspondência com essa economia de guerra'. É uma situação excepcional, onde os problemas principais que o povo sofre, aquele que cometer uma ação desse tipo, deve-se aplicar maior rigor (sic)", disse o primeiro-ministro, segundo o Noticiero Nacional de Televisión (NTV).

Golpes na mesa e no peito, gestos exagerados e uma certa forma atropelada em seu discurso complementaram o ênfase de Marrero Cruz em seu apelo ao "confronto" e a abandonar a "moleza".

"O sistema de trabalho não é suficiente se não trouxer resultados. Há mais confronto? Sim, há mais confronto. Mas o que não há mais confronto é a nível administrativo, na fábrica, nos armazéns, nos centros de produção", afirmou o primeiro-ministro, ansioso por estender sua cruzada contra "o crime, a corrupção e as ilegalidades" até o último canto do Estado cubano.

Apesar de reconhecer que Cienfuegos mostra uma discreta diminuição dos principais indicadores, Marrero Cruz chamou a rever "o trabalho dos grupos de confronto" e aumentar sua área de atuação, porque a população está demandando isso.

No discurso do primeiro-ministro, o povo não expressa sua indignação com os governantes incapazes que causaram a maior crise da história de Cuba. Não, o povo sabe que esta "conjuntura" é culpa do bloqueio e dos criminosos que se aproveitam da situação para roubar, especular e espalhar a corrupção pelo país.

“Como pode ser que, com o limitado orçamento deste Estado, instituições sociais estejam pagando cifras milionárias por atividades que não se justificam?”, perguntou Marrero Cruz.

Na mesma reunião, o primeiro-ministro acusou os proprietários de PMEs cubanas de estender a corrupção e faturar quantias milionárias para o Estado por trabalhos com preços inflacionados.

"Vinte e um milhões... Contratos que pagamos a esses milionários, que, como já foi determinado pelo MICONS [Ministério da Construção], os trabalhos que realizaram não custam isso, custam muito menos!", sentenciou.

No início de junho, o governo cubano reconheceu que sua política de "mão dura" e confronto ao crime não estava dando resultado e que os "fenômenos" criminais estão se proliferando na sociedade.

"Não se avança na identificação e eliminação das causas e condições que favorecem a proliferação desses fenômenos", apontou Marrero Cruz durante a reunião do grupo de trabalho para prevenção e enfrentamento de crimes e ilegalidades.

Não se consegue uma confrontação administrativa eficaz em fábricas, armazéns, onde surgem, na maioria dos casos, os problemas. Persistem as insatisfações da população, o que evidencia que ainda é insuficiente o trabalho. É necessário intensificar as ações, principalmente as preventivas — enfatizou o dirigente.

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