Manuel Marrero repreende os transportadores estatais: "No dia em que não houver combustível, não há para ninguém".

As palavras de Marrero Cruz se juntam à cruzada que o Primeiro Ministro tem realizado, nos últimos meses, contra os transportadores privados.


O primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, mostrou-se irritado durante uma visita ao município de Antilla, em Holguín, onde, na presença de transportadores estatais, voltou a atacar aqueles que realizam esse trabalho no setor privado.

Marrero Cruz repreendeu os transportadores de Antilla depois que os ônibus de transporte para a população ficaram parados por falta de combustível, enquanto os caminhões de transporte privado estavam em funcionamento.

À pergunta sobre o custo do transporte de Antilla para Holguín, Marrero Cruz foi informado de que era de 17 pesos cubanos, enquanto nos caminhões privados era de 50 pesos cubanos.

"Estamos financiando os privados para que cobrem caro o transporte", foram as palavras do primeiro-ministro.

Marrero Cruz disse que se amanhã os ônibus passassem para as mãos de particulares, certamente não estariam parados, como estavam naquele momento.

"Como pode um transporte privado estar em movimento e o estatal paralisado? No dia em que não há combustível, não há para ninguém, mas não pode haver garantia para o privado e não para o estatal, que é o preço acessível para a população", disse o primeiro-ministro.

Esta não é a primeira vez que Marrero lança "dardos envenenados" contra os transportadores privados, dos quais ele disse que o governo os trata com "frouxidão".

Precisamente, quando a paralisação temporária na venda de combustíveis em Cuba e a entrada em vigor de suas novas tarifas em 1º de março, o governo cubano anunciou uma cruzada contra os transportadores privados que aumentassem as tarifas dos serviços à população.

Dias depois, o próprio primeiro-ministro ameaçou retirar a licença e até os veículos de todos aqueles que aumentarem os preços do serviço.

Num Conselho de Ministros, o líder destacou a responsabilidade dos governos locais em fazer cumprir o estabelecido e fez ameaças muito concretas que agravam o panorama.

No entanto, o que o primeiro-ministro parece esquecer são as discordâncias que existem entre os níveis do governo e os transportadores, acrescentando às tensões em um setor tão exigido pela sociedade.

Recentemente, uma reportagem publicada pelo canal oficialista santiaguero Tele Turquino destaca as contradições no setor: por um lado, os transportadores privados afirmam que, se cobrarem a tarifa acordada, não obtêm lucro; enquanto, por outro lado, o regime afirma que podem baixar o preço porque fornecem o combustível.

Um transportador privado explicou que eles tentam se aproximar da tarifa estabelecida, mas muitas vezes acabam cobrando mais. Nesse sentido, ele afirmou: "Se nós cobrarmos o preço total estabelecido pelo governo, não teremos nenhum tipo de lucro".

Enquanto a população arca com as consequências de tantas desavenças e contradições entre o que um diz e o que os outros fazem.

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