"Da cidadania nasce a República": Frente Democrático de Concertação propõe uma saída eleitoral para a crise em Cuba



D Frente propõe uma Lei Eleitoral Provisória que sirva de base para uma transição democrática em Cuba e que devolva o poder à cidadania.

Bandeira cubana (Imagem de referência)Foto © Facebook / D Frente

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A Concertação Democrática Cubana D Frente publicou um documento programático intitulado "Da cidadania nasce a República", no qual convoca uma mobilização cívica em favor da implementação urgente de uma Lei Eleitoral Provisória em Cuba, com vista aos processos eleitorais previstos para 2027-2028.

A iniciativa, conforme expõe o texto, busca devolver a gestão do país à cidadania e iniciar um processo sério de solução para a profunda crise nacional.

Trata-se de uma comunicação dirigida tanto ao povo cubano dentro da Ilha como à comunidade nacional no exterior.

Nele, D Frente reafirma o que define como um "compromisso inadiável" de trabalhar pela devolução do poder político ao exercício livre e plural da cidadania.

A organização propõe a necessidade de avançar em direção a um novo pacto social inspirado nos valores de um Estado de Direito, com democracia, inclusão social e política, cultura cívica, desenvolvimento econômico, trabalho, bem-estar geral e atenção às pessoas em situação de desvantagem.

Parte de que Cuba precisa de uma base de legitimidade "nova e limpa", que só pode surgir da vontade soberana de seus cidadãos.

Captura de Facebook / D Frente

Nesse sentido, D Frente defende a urgência de uma Lei Eleitoral Provisória, concebida como uma norma excepcional - possivelmente para um único uso - que permita abrir o acesso real de uma cidadania plural às instituições públicas de representação e governo, mesmo em um contexto onde ainda não existam regras e instituições plenamente democráticas.

Aqueles que forem eleitos sob essa lei teriam a responsabilidade de iniciar a criação dessas instituições.

Na comunicação, a Concertação Democrática Cubana anuncia também que pedirá aos possíveis candidatos que participem desse eventual processo eleitoral seu compromisso com uma agenda mínima de governo que inclua os seguintes pontos:

1. Libertar todos os presos por motivos políticos.

2. Definir um novo marco constitucional provisório que permita, com garantias renovadas, orientar o país em direção a um processo constituinte originário.

3. Promover a distensão política e favorecer uma anistia recíproca, geral e plena, com exceção de aqueles que tenham cometido crimes de qualquer uma das partes em conflito.

4. Garantir os Direitos Humanos, liberando o exercício da expressão, o acesso à informação e à imprensa, a mobilidade, a reunião, a manifestação e a associação, incluindo os direitos políticos.

5. Estabelecer uma legislação empresarial e comercial moderna, capaz de construir um modelo econômico eficaz e facilitar o acesso de Cuba a finanças, tecnologia e mercados.

6. Aprovar leis de necessidade imediata e realizar gestões efetivas para o desenvolvimento da infraestrutura, da economia, do emprego, da educação, da saúde, da segurança social, da habitação e do bem-estar geral.

7. Aprovar uma Lei que regule o processo constituinte, a eleição e a posse da Assembleia Constituinte.

8. Aprovar uma Lei de Trânsito constitucional que estabeleça a forma de institucionalizar a nova Constituição e realizar eleições gerais com todas as garantias.

Por isso, D Frente propõe ao povo e ao Estado cubanos a promulgação dessa Lei Eleitoral Provisória.

Para sustentar essa proposta, a organização coloca à disposição do país o documento "Por uma norma para eleger e nomear as autoridades do Estado. Proposta de Lei Eleitoral", elaborado pelo Centro de Estudos sobre o Estado de Direito Cuba Próxima, um think tank que integra a Concertação.

O referido documento tem como objetivo organizar um sistema eleitoral que garanta a base legal para o início de um processo de transição democrática, com pluralismo político e competição eleitoral, diante da eventual realização das primeiras eleições livres.

D Frente anunciou ainda que, dada a importância da iniciativa, convocará a cidadania cubana, tanto na Ilha como na emigração, a subscrever a proposta por meio de um procedimento que será divulgado em breve.

"Acreditamos profundamente que Cuba pode voltar a ser de todos: livre, justa, próspera, democrática e solidária. Este é o momento de abrir o caminho da transformação, com serenidade, confiança e esperança. Não há destino mais elevado do que reconstruir juntos a nação que sonhamos e merecemos", conclui.

O que é D Frente

A Concertação Democrática D Frente reúne cinco organizações da sociedade civil independente cubana que buscam promover uma mudança de sistema político em Cuba de forma pacífica.

Esses grupos são: o Centro de Estudos sobre o Estado de Direito "Cuba Próxima", a Associação França pela Democracia em Cuba, a Rede Feminina de Cuba, a Associação Raízes de Esperança da Espanha e a Casa Nação, que agrupa cubanos na Ilha, na Espanha e em outros lugares do mundo.

La Concertação surgiu em setembro de 2022 como uma frente de atores civis e políticos cubanos plurais, com o objetivo de impulsionar a refundação da República e buscar soluções para os problemas econômicos, políticos e sociais do país.

Em seus pronunciamentos, destacou o aumento da pobreza, a exclusão, a violência e a desesperança na sociedade cubana como fatores que tornam urgente a adoção de ações cívicas e políticas.

Em novembro daquele ano, enviou uma mensagem ao povo de Cuba na qual explicou a todos os cidadãos o que está contemplado em seu projeto democrático.

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