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Na véspera de 17 de dezembro, data em que os cubanos prestam homenagem a São Lázaro —Babalú Ayé na religião yorubá—, o país enfrenta uma complexa situação sanitária marcada pelo aumento de casos de dengue e chikungunya.
Em Matanzas, as imagens do fotógrafo Raúl Navarro refletem a devoção daqueles que preparam altares com flores, velas, doces e garrafas de licor para agradecer ou pedir saúde ao “velho milagroso”. Nessa representação, a santeria e o catolicismo se unem em uma prática comum de fé popular.
Cada 17 de dezembro, São Lázaro é motivo de promessas e peregrinações. Na tradição iorubá, Babalú Ayé está associado às epidemias e à cura. Seus devotos o veneram pelos milagres relacionados à sanção de doenças virais, como o sarampo ou a varíola, segundo referências culturais da religião afrocubana.
A publicação em redes sociais sobre a festividade no perfil do periódico local gerou numerosas mensagens de apoio e gratidão a São Lázaro, com expressões de “bênçãos” e “axé”, além de comentários que pediam maior cobertura a celebrações cristãs. A troca demonstrou tanto o fervor religioso quanto o diálogo entre diferentes crenças presentes em Cuba.
O contexto religioso coincide com uma crise epidemiológica reconhecida pelas autoridades. Em seu mais recente relatório, o Ministério da Saúde Pública notificou 47 mortes por arboviroses —dengue e chikungunya— e 1.417 novos casos de chikungunya, segundo relatórios oficiais. A vice-ministra Carilda Peña García pediu que as pessoas procurassem os centros de saúde cedo para evitar complicações, especialmente em menores de idade.
Em Matanzas, diretores do Hospital Docente Ginecobstétrico José Ramón López Tabrane reconheceram um aumento de partos prematuros e casos de baixo peso ao nascer durante a epidemia, de acordo com autoridades provinciais.
O governante Miguel Díaz-Canel declarou que o Governo “atuou com rapidez” diante da expansão das doenças transmitidas por mosquitos, embora tenha reconhecido falhas iniciais na resposta sanitária e limitações de recursos. As afirmações foram feitas durante o XI Pleno do Comitê Central do Partido Comunista, realizado por videoconferência a partir do Palácio da Revolução.
No entanto, a população denuncia atrasos na fumigação, escassez de medicamentos e a falta de controle estatal sobre os surtos, refletindo a incapacidade do regime para conter uma crise que se agrava a cada semana.
A confluência entre a situação sanitária e as celebrações religiosas ressalta o papel do culto a San Lázaro na vida cotidiana dos cubanos. Em muitos lares, acendem-se velas e fazem-se preces pela saúde de familiares e vizinhos, seguindo uma tradição que combina fé, esperança e gratidão.
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