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A secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Kristi Noem, reacendeu o debate migratório ao afirmar nesta quinta-feira diante de um subcomitê da Câmara dos Representantes que os agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e da Patrulha Fronteiriça “estão fazendo o trabalho de Deus”.
A funcionária do governo de Donald Trump fez uma dura reprimenda contra aqueles que criticam as deportações e as ações de controle migratório, acusando-os de “defender pessoas que violam a lei” e de colocar em risco os agentes federais.
Durante sua intervenção, Noem afirmou que os oficiais “são homens e mulheres honrosos” que protegem “suas famílias e vizinhos”, e criticou legisladores e ativistas que protestam contra o ICE. “Se vocês não gostam da lei, mudem-na. Esse é o trabalho de vocês. Deveriam ser demitidos”, assegurou.
A frase, celebrada pela conta oficial do ICE no X, veio acompanhada de números sobre um suposto aumento de 8.000% nas ameaças de morte e mais de 1.000% nas agressões contra agentes, dados que a agência cita para justificar a retórica mais dura da administração.
Mas as palavras de Noem chegam em um momento politicamente delicado para ela. Segundo The Washington Post, a secretária enfrenta crescentes questionamentos sobre seu papel na política migratória de Trump e por as compras milionárias de aviões sob sua liderança.
O Departamento de Segurança Nacional adquiriu dois Gulfstream por 200 milhões de dólares para uso de altos funcionários, além de assinar um contrato de 140 milhões para seis Boeing 737 destinados a deportações. Um gasto que contrasta com a insistência da funcionária em defender a austeridade e o rigor legal frente à migração irregular.
Enquanto meios de comunicação dos Estados Unidos relataram que sua permanência no cargo poderia estar em risco, a Casa Branca e o próprio Trump negaram tensões internas. Mesmo assim, a aparição de Noem deixou claro que a administração continuará utilizando um discurso moralizante e confrontativo para impulsionar sua agenda migratória, mesmo em meio a críticas por opacidade, gastos excessivos e um clima político cada vez mais polarizado.
Sua mensagem, mais do que acalmar as águas, parece ter sido elaborada para reavivar a guerra política em torno da migração, uma batalha que define não apenas a fronteira dos Estados Unidos, mas o futuro de milhares de famílias latinas e, especialmente, cubanas, que estão presa entre leis, discursos e decisões que raramente levam em conta suas vidas reais.
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