Florida retoma a caça do urso negro após uma década de proibição



O polêmico retorno da caça legal ao urso negro na Flórida divide ambientalistas e caçadores, na primeira temporada autorizada desde 2015, apesar da oposição dos defensores dos animais.

Oso negro (Imagem de referência)Foto © CiberCuba / Sora

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Por primeira vez em dez anos, o estado de Florida autorizou a caça ao urso negro, uma decisão que gerou uma forte controvérsia entre defensores do meio ambiente e caçadores.

Segundo reportou a agência AP, a temporada de caça começou neste sábado e permanecerá aberta até 28 de dezembro.

Mais de 160.000 pessoas solicitaram participar, embora o estado tenha concedido apenas 172 permissões por meio de um sorteio. Entre os selecionados estão pelo menos 43 ativistas contrários à caça, que admitiram ter solicitado licenças apenas para impedir que outros caçadores as utilizassem.

A Comissão de Conservação de Pesca e Vida Selvagem da Flórida (FWC, na sigla em inglês) justificou a medida como uma ferramenta de “manejo populacional”, argumentando que a população do urso negro da Flórida —considerada uma história de sucesso em conservação— passou de algumas centenas na década de 70 para mais de 4.000 exemplares atualmente.

Cada caçador autorizado pode abater um único animal em uma das quatro zonas habilitadas do estado, selecionadas de acordo com a densidade populacional.

As licenças custam 100 dólares para residentes e 300 para não residentes, além de uma taxa de solicitação de 5 dólares.

Parte da receita, indicou a FWC, será destinada a programas de conservação.

No entanto, grupos ambientalistas como o Sierra Club classificaram a medida como “desnecessária e cruel”.

Afirmam que o verdadeiro problema não é a superpopulação de ursos, mas a expansão urbana descontrolada que invade seu habitat natural.

"O Estado deveria se concentrar em melhorar a gestão de resíduos e evitar a destruição de áreas naturais, e não em transformar a caça em um negócio", assinalou o capítulo floridano da organização.

A retomada da caça ocorre dez anos após a polêmica temporada de 2015, quando foram emitidos mais de 3.700 permissões e abatidos 304 ursos em apenas dois dias, incluindo pelo menos 38 fêmeas com crias.

Aquele episódio, amplamente criticado, obrigou as autoridades a suspender o programa indefinidamente.

Nesta ocasião, a FWC estabeleceu normas mais rígidas e cotas reduzidas, buscando evitar o caos da experiência anterior.

“Estão fazendo isso bem desta vez”, opinou Doug Moore, presidente de um clube de caçadores no nordeste do estado, que afirmou apoiar os novos controles, apesar de não ter obtido permissão este ano.

Por sua parte, os opositores continuam pressionando as autoridades e os tribunais para frear a prática, embora sem sucesso. Joel Cleveland, um dos ativistas que recebeu uma licença, afirmou que seu objetivo era salvar vidas: “Algum urso caminha hoje pelos pântanos da Flórida porque lhe dei uma prorrogação de vida”.

O debate sobre a caça do urso negro divide a Flórida entre aqueles que a veem como um mecanismo legítimo de conservação e aqueles que a consideram um retrocesso ético e ambiental.

Enquanto isso, os disparos retornam às florestas e pântanos do estado, reabrindo uma ferida que parecia fechada há uma década.

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