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O vice-presidente Salvador Valdés Mesa reconheceu nesta sexta-feira que a expansão do cultivo de arroz depende de que produtores privados financiem maquinário e insumos, em meio a uma crise que mantém o país produzindo apenas uma fração do arroz que consome.
Durante um percurso por áreas potenciais para o cultivo de arroz em Holguín, Valdés Mesa admitiu, sem rodeios, que o Estado não possui os recursos para aumentar a produção.
Na Unidade Empresarial de Base Agroindustrial de Grãos de Mayarí, o vice-presidente apontou que há disponibilidade de água suficiente para cultivar mais de 800 hectares.
Mas "instou a buscar alternativas nas formas de gestão não estatal para questões como o financiamento e a compra de novas máquinas para modernizar a indústria e produzir em maiores quantidades", informou o jornal provincial ¡Agora!
A seu ver, “estamos vivendo um processo de transformação na questão da gestão e surgiram novos atores econômicos que dispõem de recursos financeiros, e precisamos nos ajustar e utilizar isso com o objetivo de crescer.”
A falta de combustível e colheitadeiras foi identificada pelos diretores locais como um dos principais obstáculos da campanha.
Durante sua visita a Holguín, Valdés Mesa insistiu que “enquanto tivermos água e terra, quem quiser plantar que plante”, e assegurou que de alguma forma os insumos serão conseguidos.
De acordo com a fonte, como parte da troca, “acordou-se a criação de uma pequena empresa independente para a produção de arroz no território”, um sinal a mais da mudança em direção a atores privados para manter um programa de arroz que não consegue se recuperar.
A proposta de contar com atores econômicos com capital próprio para arcar com parte dos custos está alinhada com declarações feitas em setembro em Cienfuegos, onde o vicechefe de Estado defendeu a entrega de grandes lotes de terra a indivíduos com recursos financeiros capazes de comprar sua própria maquinaria.
Em aquela ocasião, o funcionário reconheceu que mais de 400 milhões de dólares são destinados anualmente a importações, enquanto o país produz apenas 11% do arroz que consome.
No entanto, os números de províncias como Cienfuegos refletem outra realidade: em 2023 foram colhidas apenas 10.000 toneladas, metade do necessário para a autossuficiência, e em cooperativas como Juan Manuel Márquez, em Aguada de Pasajeros, as plantações se reduzem a 17 hectares devido a problemas de seca, eletricidade e falta de dinheiro para pagar os trabalhadores temporários.
O arroz, alimento essencial na dieta dos cubanos, se tornou um dos produtos mais escassos e difíceis de conseguir na ilha.
Em maio, a libra de arroz ultrapassou 300 pesos em quatro províncias e alcançou 340 pesos em Havana, enquanto em Cienfuegos estava sendo vendida a 270 pesos, apesar dos controles oficiais.
Nos últimos 15 anos, a ilha tem dependido cada vez mais da importação de arroz, uma situação que se agravou nos últimos anos e obrigou o governo a depender de doações e destinar recursos em moeda forte para garantir a compra deste alimento no mercado internacional, onde seu preço aumentou consideravelmente.
Em 2024, a produção de arroz em Cuba alcançou apenas 30% do que foi colhido em 2018, segundo dados oficiais do jornal Granma.
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