O criador de conteúdo cubano Hades Ernesto Jesús Rey Dueñas, conhecido no Instagram como @mad.erne.zz, revelou em um vídeo publicado nessa rede social que esteve prestes a ser expulso de sua universidade em Cuba por mostrar as condições reais em que vivem os estudantes bolsistas.
“Por fazer um vídeo quase me expulsaram da universidade. Te conto a história que não convém que saibas”, disse o jovem.
Na sua segunda semana como estudante de Física em outra província, decidiu gravar um vídeo do tipo "um dia na vida de um bolsista (...) Mostrei as condições reais, a comida, os quartos, os banheiros. Esses últimos estavam tão sujos que até meu pai, um tipo duro, ao ver, disse: Isso está terrível.”
Pouco depois de publicar o material, o jovem recebeu uma ligação de um número desconhecido. "Era o decano... Indisciplina, vídeo, e me avisa que na segunda-feira haveria uma análise."
Minutos depois, uma voz mais grave: "Ernesto, boa tarde. Sou o vice-reitor. Há uma nova lei de comunicação. Não se gravam instituições estatais. Apague o vídeo ou a análise será mais grave", recordou.
O estudante, que naquele momento aspirava a se formar em Física, decidiu apagar o vídeo diante da ameaça de sanção: “Inteligentemente eu o apaguei”, comentou. No entanto, isso não deteve a pressão das autoridades acadêmicas.
“El lunes, o decano, o vice decano e finalmente o vice-reitor chegaram para a análise. Com arrogância me saudaram e, ainda mais arrogante, eu me sentei. Ele me disse que meu conteúdo era contrarrevolucionário, subversivo e manipulador. Que investigaria se a contrarrevolução me pagava pelos meus vídeos. Tomara, amigo, tomara”, contou o jovem criador.
Desde então, afirma que foi marcado dentro da universidade. “Meu professor principal me odiava. Ele buscava a mínima desculpa para me expulsar. Mas isso eu conto em outro vídeo.”
O cubano refletiu sobre sua experiência denunciando a censura dentro do sistema educacional estatal. “Eu aprendi que em alguns sistemas a verdade é o delito mais grave. E seu silêncio, o preço de um papel que vale menos que sua dignidade”.
Ao final do seu vídeo, Ernesto deixa uma pergunta em aberto para seus seguidores: “Você acha que fiz bem em apagar o vídeo?”.
Seu depoimento se tornou viral nas redes, pois evidencia mais uma vez o controle e a censura que o regime cubano exerce sobre a liberdade de expressão, mesmo dentro das universidades do país, onde os jovens enfrentam sanções por expor publicamente a realidade cotidiana que o sistema tenta ocultar.
Ernesto não estuda mais na universidade cubana, prefere se capacitar em outras disciplinas de forma autodidata e sonha em começar sua vida profissional muito longe de Cuba.
Perguntas frequentes sobre a censura e repressão nas universidades cubanas
Por que quase expulsaram o estudante cubano Hades Ernesto da universidade?
Hades Ernesto esteve prestes a ser expulso da universidade por publicar um vídeo que mostrava as precárias condições em que vivem os estudantes bolsistas em Cuba. A universidade considerou o vídeo como contrarrevolucionário e subversivo, e exigiu que ele o removesse para evitar sanções mais severas.
Quais medidas as autoridades cubanas tomam contra os estudantes que criticam o sistema?
As autoridades cubanas exercem controle e censura sobre os estudantes que criticam o sistema, recorrendo a ameaças de expulsão, interrogatórios e pressão psicológica. Além disso, implementam leis que proíbem a gravação de instituições estatais como uma forma de silenciar qualquer crítica pública.
Como se manifesta a censura nas universidades cubanas?
A censura nas universidades cubanas se manifesta através da vigilância constante por parte da Segurança do Estado, da repressão de qualquer forma de protesto estudantil e do controle das comunicações internas, como a eliminação de grupos de mensagens que coordenam atividades de dissenso.
Que impacto têm as medidas da ETECSA na juventude cubana?
As medidas da ETECSA, como o aumento das tarifas, afetam gravemente o acesso à Internet para os jovens cubanos, limitando sua capacidade de estudar, se comunicar e participar de atividades digitais. A falta de conectividade agrava a censura e isola os estudantes de informações críticas e do mundo exterior.
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