Alertam sobre o uso de armadilhas ilegais para capturar aves migratórias em áreas de Havana

Mais de 300 espécies migratórias cruzam Cuba a cada ano. Ativistas denunciam que muitos exemplares são capturados ilegalmente para o comércio e a cativeiro, apesar de estarem protegidos por lei.

Aves migratórias aprisionadas em gaiolas em áreas de Havana.Foto © Collage Facebook / BAC-Habana

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O uso de armadilhas ilegais para capturar aves migratórias tem gerado preocupação entre ativistas e defensores do bem-estar animal em Havana, onde foram detectadas armadilhas em áreas como Cotorro e o Parque Metropolitano.

Bienestar Animal Cuba, em seu capítulo habanero (BAC-Habana), denunciou neste sábado no Facebook que as aves que chegam à Ilha após longas travessias da América do Norte enfrentam não descanso, mas redes, gaiolas e capturas que colocam em risco sua vida e seu papel ecológico.

Captura Facebook / BAC-Havana

Segundo a organização, espécies como azulejos, bijiritas e zorzais não apenas enriquecem os ecossistemas por onde passam, mas também atuam como controladores naturais de pragas e dispersores de sementes.

"Encerrá-las em gaiolas para ouvir seu canto é um ato cruel e profundamente injusto", advertiram, apontando que muitas dessas aves morrem por estresse, deixam de se alimentar ou perdem suas penas ao serem privadas de sua liberdade.

Outras sobrevivem apenas para repetir, em cativeiro, um canto que perdeu seu sentido.

Além das consequências éticas e ecológicas, a prática de capturar aves migratórias é ilegal em Cuba.

O Decreto-Lei 31 de Bem-Estar Animal proíbe expressamente a retenção de animais silvestres sem autorização, e o país é signatário de convenções internacionais como a Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS).

No entanto, a falta de vigilância efetiva facilita que essas capturas ocorram ano após ano, destacou a organização protetora.

Muitas aves acabam sendo vendidas como mascotas ou encerradas em gaiolas domésticas, enquanto persiste a indiferença diante de um fenômeno que erode o equilíbrio natural.

As aves migratórias não pertencem a nenhum território, lembrou o BAC-Habana, mas fazem parte do patrimônio comum da vida, e transformá-las em ornamentos é negar-lhes sua essência.

A organização ressaltou que manter aves silvestres em cativeiro não é uma demonstração de afeto, mas sim uma forma de egoísmo e desconhecimento.

Esse mesmo dia, BAC-Habana também denunciou publicamente que recebeu pressões por seu ativismo.

Captura Facebook / BAC-Habana

"Não tentem nos pressionar mais. Não acreditamos na pressão de ninguém. Por anos aguentamos", publicaram em outra mensagem.

Cuba é um ponto de passagem para mais de 300 espécies de aves migratórias a cada ano.

Sua proteção não é apenas um dever ambiental, mas também uma responsabilidade ética em relação a seres vivos que simbolizam a liberdade.

A caça de aves migratórias em Cuba não responde apenas a motivações econômicas como o comércio ilegal ou a posse doméstica, mas também se tornou um ato desesperado diante da crise alimentar.

O pitirre abejero, por exemplo, está sendo vendido a 400 pesos a libra no mercado negro do leste cubano, refletindo como uma espécie protegida é vista como uma solução temporária para amenizar a fome.

Esta situação coloca em risco o equilíbrio ecológico, pois a ave migratória desempenha um papel fundamental como controladora de insetos.

O comércio de espécies em perigo tomou dimensões indignantes. Um homem em Matanzas foi flagrado tentando leiloar um falcão-peregrino, uma das aves mais rápidas do mundo e em perigo de extinção, usando redes sociais para atrair compradores.

Embora se desconheça se a operação foi concretizada, o fato evidencia a impunidade com que essas práticas são manejadas, assim como a ausência de uma vigilância efetiva que desestimule a captura ou comercialização de espécies protegidas.

As vias para obter benefício econômico através dessas aves incluem também rotas clandestinas de exportação. No aeroporto internacional José Martí, foi detido um cidadão cubano que tentava sacar aves vivas ocultas em sua bagagem, uma demonstração clara de como o contrabando de fauna silvestre se conecta com redes internacionais de tráfico ilegal.

Embora as leis cubanas proíbam essas práticas, os mecanismos de controle e sanção continuam a ser insuficientes diante da magnitude do problema.

Perguntas frequentes sobre o uso de armadilhas ilegais para capturar aves migratórias em Cuba

Por que é ilegal capturar aves migratórias em Cuba?

Capturar aves migratórias é ilegal em Cuba devido ao Decreto-Lei 31 de Bem-Estar Animal, que proíbe a retenção de animais silvestres sem autorização. Além disso, Cuba é signatária da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS), que busca proteger essas espécies e seus habitats naturais.

Quais espécies de aves migratórias são comuns em Cuba?

Entre as espécies de aves migratórias que passam por Cuba estão os azulejos, bijiritas e zorzais. Essas aves não apenas enriquecem os ecossistemas por onde passam, mas também atuam como controladores naturais de pragas e dispersores de sementes, desempenhando um papel crucial no equilíbrio ecológico.

Quais são as consequências do uso de armadilhas ilegais para as aves e o ecossistema?

O uso de armadilhas ilegais para capturar aves migratórias tem graves consequências tanto para as aves quanto para o ecossistema. muitas aves morrem por estresse, param de se alimentar ou perdem suas penas ao serem privadas de sua liberdade. Isso não apenas coloca em risco sua vida, mas também altera seu papel ecológico como controladoras de pragas e dispersoras de sementes, afetando o equilíbrio natural.

Que ações estão sendo tomadas para proteger as aves migratórias em Cuba?

Apesar da existência do Decreto-Lei 31 de Bem-Estar Animal e dos acordos internacionais assinados por Cuba, a falta de fiscalização efetiva permite que a captura ilegal de aves migratórias continue. Organizações como Bem-Estar Animal Cuba (BAC) trabalham para denunciar essas práticas e conscientizar a população sobre a importância de proteger as aves migratórias.

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