Assim é o “pesadelo” de um cubano deportado pelo ICE em uma prisão africana

Roberto Mosquera, cubano deportado para Esuatini, enfrenta condições extremas na prisão. Apesar de seu passado criminal, sua mudança de vida e família são ignoradas, gerando críticas por sua deportação.

Roberto Mosquera-Del PeralFoto © X / @DHSgov e HSI

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Roberto Mosquera del Peral, um cubano de 58 anos, deportado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês), vive um pesadelo no reino africano de Eswatini.

O cubano, que foi deportado para esse remoto país com outros quatro migrantes em julho passado, foi encarcerado em uma prisão de máxima segurança e só pode se comunicar com suas famílias em breves videoconferências sob a vigilância de guardas armados, precisa um relatório da AFP.

Ana, uma amiga de infância de Mosquera, contatada pela AFP, disse que seu amigo está vivendo como “um pesadelo”.

A última vez que sua família o viu, em uma videochamada da prisão no país africano na semana passada, ele havia perdido cabelo e "emagrecido muito", afirmou.

A cubana diz que, apesar das acusações da Administração Trump, seu amigo “não é nem o monstro nem o prisioneiro bestial que dizem”.

Mosquera, conforme pôde verificar a AFP, foi condenado a nove anos de prisão por tentativa de homicídio em julho de 1989 após disparar em uma perna de um homem.

Liberado em 1996 e depois encarcerado novamente em 2009 por delitos como roubo de carros e agressão a um agente de segurança.

Mas segundo Ana, “quando Roberto saiu, mudou de vida”.

"Casou-se, teve quatro meninas preciosas. Pronunciou-se contra a violência das gangues e tem uma família que o adora," assegura.

Para Ana, a deportação de seu amigo "é atroz. É uma sentença de morte".

“Isso nos afetou a todos”, disse à AFP com a voz embargada.

Por sua parte, o advogado dos deportados Tin Thanh Nguyen, que vive nos Estados Unidos, afirmou que seus representados estão em um “buraco negro jurídico”.

“É como uma moderna trata de pessoas, usando canais oficiais”, afirmou.

O caso veio à tona em julho passado, após o ICE anunciar, em uma publicação nas redes sociais, a detenção de Mosquera-Del Peral em Miami.

O cubano recebeu condenações “por homicídio, agressão com agravantes a um agente de polícia com uma arma e agressão com agravantes que causou lesões corporais ou deficiência em Miami-Dade, FL”, detalhou a publicação.

Perguntas frequentes sobre a deportação de cubanos para Esuatini

Por que Roberto Mosquera del Peral foi deportado para Esuatini?

Roberto Mosquera del Peral foi deportado para Esuatini devido aos seus antecedentes criminais nos Estados Unidos, que incluem condenações por homicídio e agressão agravada. Embora Cuba, seu país de origem, esteja obrigada a receber seus cidadãos deportados, o regime cubano rejeita sistematicamente aqueles com antecedentes criminais graves, o que abre a porta para a deportação a terceiros países como Esuatini.

Quais condições enfrenta Roberto Mosquera na prisão de Esuatini?

Roberto Mosquera está preso em uma prisão de máxima segurança em Esuatini. Ele só pode se comunicar com sua família por meio de breves videochamadas sob a vigilância de guardas armados. As denúncias indicam que ele não tem acesso a representação legal e que sua prisão carece de base legal legítima, segundo sua advogada e organizações de direitos humanos.

Como se justifica a deportação de cubanos para países como Esuatini?

A administração de Donald Trump implementou um programa de deportações para terceiros países para migrantes que não são aceitos por seu país de origem, como é o caso de Cuba. Foram assinados acordos com países africanos para aceitar deportados, justificando a medida como uma questão de segurança nacional. No entanto, essa prática tem sido criticada por organismos internacionais de direitos humanos devido à falta de garantias legais e ao secretismo que envolve essas deportações.

Que críticas a política de deportação da administração Trump em relação aos cubanos?

A política de Deportação da administração Trump tem sido duramente criticada por organizações que defendem os direitos dos migrantes. As críticas focam na falta de consideração das circunstâncias individuais dos deportados, muitos dos quais refizeram suas vidas nos Estados Unidos, assim como na deportação para países sem vínculos culturais ou jurídicos com os deportados, onde poderiam enfrentar detenções indefinidas sem julgamento justo.

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