"Em México nos sentimos privilegiados": O testemunho de uma cubana na caravana migrante

O grupo de cerca de 1.500 pessoas de diversas nacionalidades percorreu mais de 30 quilômetros sob altas temperaturas e fortes chuvas.

Caravana de migrantes cubanos que vai em direção à Cidade do MéxicoFoto © Facebook / H. Ayuntamiento Municipal de Mapastepec 2024 - 2027

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Uma cubana que faz parte da caravana migrante que se dirige para a Cidade do México, afirmou que, apesar das dificuldades, estar no México é um privilégio, nada comparável com o que vivia na Ilha.

Estela Matus é uma das 1.500 pessoas que abandonaram Tapachula devido à falta de emprego e aos baixos salários, e agora viaja para a Cidade do México em busca de melhores oportunidades e do reconhecimento de seus direitos.

"Estar no México nos sentimos privilegiados, não temos culpa de que em Tapachula não haja trabalho," disse a NVI Noticias Chiapas.

"Cuba está feia e há muito abuso policial contra os cubanos. Não podemos ter um negócio porque o tiram de nós; apenas os ministros vivem bem", acrescentou.

Os migrantes agradeceram às autoridades mexicanas pela acolhida, mas alertaram que a lentidão da Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (Comar) compromete seus direitos.

Muitos afirmam estar há meses e até mais de um ano em trâmites sem obter resposta. Alegam que receberam negativas repetidas, enquanto advogados privados lhes ofereciam "resolver" seus processos em troca de pagamentos que variavam entre 10 mil e 22 mil pesos, numa situação que descrevem como um negócio de corrupção.

Para Estela, viajar em caravana representa uma forma de proteção coletiva diante da precariedade que enfrentam na fronteira sul. O grupo percorreu mais de 30 quilômetros sob altas temperaturas e fortes chuvas.

A caravana, acompanhada pela Guarda Nacional e autoridades locais, recebeu apoio humanitário em Mapastepec. A Proteção Civil, Saúde Municipal e a Casa do Migrante distribuíram água e alimentos, além de disponibilizarem espaços de descanso no domo do bairro Santa Cruz.

Captura do Facebook / H. Ayuntamiento Municipal de Mapastepec 2024 - 2027

Apesar disso, os migrantes denunciaram abusos, discriminação e condições de trabalho precárias na fronteira sul.

"Solo queremos trabalhar legalmente, em Tapachula não há emprego," comentou o cubano Osver Pérez a RTV Noticias Morelos.

Outros testemunhos retratam o desespero em que se encontravam antes de se juntarem à marcha.

Daniel González, que estava há mais de um ano e meio em Tapachula, relatou ter recebido duas negativas de asilo apesar de ter cumprido os trâmites. "Se você paga a um advogado na Comar, magicamente o permiso aparece", afirmou, ao apontar as supostas práticas corruptas nos escritórios locais.

A cubana Lidia Álvarez denunciou discriminação contra sua comunidade e a impossibilidade de pagar os honorários exigidos por alguns gestores: "Aqui não temos esperança, só queremos a oportunidade de legalizar nosso status".

Embora o discurso oficial geralmente apresente essas caravanas como uma passagem para os Estados Unidos, a maioria dos cubanos afirma que seu objetivo é diferente: estabelecer-se no México.

They seek to reach the center or north of the country, in cities like Mexico City or Monterrey, onde esperam encontrar emprego e estabilidade.

"Não queremos ir a lugar nenhum, queremos viver aqui no México", repetiram vários deles.

O contexto em Cuba, marcado pela crise econômica e a repressão política, tem impulsionado a saída em massa de migrantes.

Para aqueles que fazem parte da caravana, o México representa uma alternativa de vida digna frente ao endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos.

Como resumiu Brian Balcón, um dos organizadores: "Estamos determinados a sair de Tapachula, aqui não se pode viver porque há muita xenofobia, não há emprego e os trabalhos que nos oferecem são de até 12 horas por 150 pesos ao dia".

A caravana segue seu rumo na esperança de que na capital mexicana suas demandas sejam ouvidas e seus processos revisados com justiça.

Enquanto isso, seu caminhar denuncia não apenas as carências de Tapachula como cidade de contenção migratória, mas também a urgência de garantir processos transparentes e dignos para aqueles que buscam no México o sonho de uma vida melhor.

Perguntas frequentes sobre a caravana migrante de cubanos no México

Por que os migrantes cubanos consideram um "privilegio" estar no México?

Os migrantes cubanos consideram um "privégio" estar no México porque, apesar das dificuldades, a situação é melhor do que em Cuba, onde enfrentam repressão e falta de oportunidades. No México, embora lutem para legalizar seu status, encontram um alívio frente à repressão e ao abuso policial na ilha.

Quais são as principais dificuldades que os cubanos enfrentam em Tapachula?

Em Tapachula, os cubanos enfrentam falta de emprego, altos custos de vida e discriminação. Além disso, reclamam da lentidão nos trâmites de asilo e refúgio junto à Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR), bem como de práticas corruptas que dificultam sua regularização migratória.

O que os cubanos procuram ao se mobilizar em caravana rumo à Cidade do México?

Os cubanos buscam regularizar sua situação migratória e acessar melhores oportunidades de emprego em cidades como Cidade do México ou Monterrey. A caravana também é uma forma de pressionar as autoridades para acelerar os trâmites que lhes permitem trabalhar e se estabelecer legalmente no México.

Queixas fizeram os migrantes cubanos sobre o processo de asilo no México?

Os migrantes cubanos denunciavam corrupção e cobranças indevidas por parte de advogados e autoridades no processo de asilo. Alegam que, embora atendam aos requisitos, seus pedidos são rejeitados a menos que paguem grandes somas de dinheiro a intermediários, o que cria um processo desigual e pouco transparente.

Por que alguns cubanos optaram por ficar no México em vez de ir para os Estados Unidos?

Devido ao endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos, muitos cubanos optaram por ficar no México. Consideram que o México oferece uma oportunidade para se estabelecer, trabalhar e viver de maneira legal, o que representa uma alternativa mais viável diante das dificuldades para cruzar para o norte.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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