Migrantes, na sua maioria cubanos, denunciaram uma rede de cobranças indevidass e suposta cumplicidade entre advogados e autoridades migratórias para a tramitação de documentos em Tapachula.
De acordo com entrevistas oferecidas ao meio Balance México, os cubanos afirmam que, apesar de cumprirem os procedimentos perante a Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR) e o Instituto Nacional de Migração (INM), suas solicitações são recusadas, enquanto que gerentes privados lhes oferecem “resolver” em troca de pagamentos de até 22 mil pesos mexicanos (quase 1.200 USD).
Diante da situação, anunciaram a organização de uma caravana que partiu neste primeiro de outubro.
De acordo com os testemunhos gravados, alguns estão há mais de um ano em Tapachula e receberam múltiplas negativas da COMAR para o processo de refúgio.
Denunciam, além disso, que o INM se recusa a expedir o “aviso humanitário” —que permitiria sua mobilidade—, mas que “aparece magicamente” quando se paga a um advogado.
“Estamos apelando ao nosso direito internacional... não queremos viver em um limbo migratório”, afirmou um dos afetados.
Vários entrevistados descrevem um “negócio” no qual intermediários prometem o resultado “positivo” no trâmite em troca de dinheiro.
Um migrante afirmou ter pago 650 dólares (aproximadamente 13 mil pesos mexicanos) a um advogado para “garantir” um resultado favorável e, mesmo assim, recebeu uma resolução negativa.
Posteriormente, reiniciou o processo com sete assinaturas acumuladas e afirma que “já não aguenta mais”. Outros relatam cobranças de 20 mil e até 22 mil pesos “para garantir” um parecer favorável.
Entre as queixas, figuram também duas negações de residência mexicana “pela via legal” apesar de terem pago a intermediários.
Quem fala insiste que não busca sair do México, mas regularizar sua situação para viver e trabalhar no país. “Não queremos ir a lugar nenhum, queremos viver aqui no México”, disse um deles.
Os denunciantes afirmam que a taxa de rejeição seria altíssima e, por isso, mobilizaram-se em caravana para tornar visíveis os supostos abusos e exigir que seus processos sejam resolvidos sem intermediários lucrativos.
"Queremos justiça", resumidamente, ao pedir que sejam respeitados os direitos e que se ponham fim às cobranças que —afirmam— condicionam seus trâmites.
O "sonho mexicano"
La caravana, composta na sua maioria por cubanos, partiu na manhã desta quarta-feira em direção à Cidade do México para exigir a regularização de seus documentos.
"Não estamos exigindo nem demandando. Estamos apelando a um direito que todo imigrante possui. O direito de viver bem, de ter uma vida confortável e plena, em um país democrático como é o México. Isso é o que queremos", disse um cubano entrevistado pela Balance México.
Enquanto isso, centenas de indocumentados continuam em condições precárias, sem poder trabalhar formalmente e com poucas esperanças de avançar em seus pedidos se não recorrerem ao pagamento de assessorias legais privadas.
Os cubanos estão optando pelo "sonho mexicano" devido ao endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump.
O México se tornou um destino atraente para esses migrantes, pois oferece a possibilidade de se estabelecer, trabalhar e receber assistência governamental, ao contrário dos obstáculos cada vez maiores para chegar aos Estados Unidos.
Perguntas frequentes sobre a situação dos migrantes cubanos em Tapachula
Por que os migrantes cubanos em Tapachula denunciam corrupção nos trâmites migratórios?
Os migrantes cubanos denunciam uma rede de cobranças indevidas e uma suposta cumplicidade entre advogados e autoridades migratórias para a tramitação de documentos em Tapachula. Eles afirmam que, apesar de cumprirem com os procedimentos oficiais, seus pedidos são sistematicamente rejeitados, enquanto gestores privados oferecem resolver os trâmites em troca de pagamentos de até 22 mil pesos mexicanos.
Quais ações os migrantes têm tomado para visibilizar esses abusos?
Os migrantes decidiram organizar uma caravana que partiu no dia primeiro de outubro rumo à Cidade do México. Esta mobilização busca dar visibilidade aos supostos abusos e exigir que seus processos sejam resolvidos sem intermediários lucrativos. Querem justiça e que seus direitos sejam respeitados sem a necessidade de pagar por eles.
Quais são as principais dificuldades econômicas que os migrantes cubanos enfrentam em Tapachula?
Os migrantes cubanos enfrentam altos custos de vida e baixos salários em Tapachula, o que complica ainda mais sua situação. Trabalham em empregos informais com salários baixos, enquanto os trâmites migratórios são lentos e caros, especialmente se recorrerem a serviços legais privados para avançar em seus pedidos de refúgio.
O que buscam os migrantes cubanos ao ficarem no México?
Os migrantes cubanos buscam regularizar sua situação para viver e trabalhar no México. Não buscam sair do país, mas se estabelecer para melhorar sua qualidade de vida e enviar remessas para suas famílias em Cuba, especialmente diante do endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos.
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