Mãe cubana após a morte do filho no Serviço Militar: “É simples negligência”

A mãe de Antonio Rassi, que tirou a própria vida durante o Serviço Militar em Cuba, denuncia negligência e exige explicações das autoridades. O caso reaviva críticas ao programa militar obrigatório.

Antonio Rassi RoqueFoto © Facebook / Mercedes Roque

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A mãe do jovem Antonio Rassi Roque, que faleceu em agosto passado enquanto cumpria o Serviço Militar Obrigatório (SMO), exigiu responsabilidades dos oficiais da unidade onde o incidente ocorreu.

Após a morte de seu filho de 18 anos em uma unidade militar, Roque acusou os oficiais responsáveis pelo cuidado de seu filho de negligência, em uma postagem publicada em seu perfil no Facebook.

"É uma simples negligência e falta de atenção por uma morte que poderia ter sido evitada", afirmou.

“Por que não me chamaram para informar o que estava acontecendo com Antonio Rassi? Por critérios de soldados, não apenas da 50 do Calvário, me dizem que ele não conseguia controlar o sono. Se eles, que são jovens, perceberam o estado de Antonio, como é possível que os responsáveis por seu cuidado não o tenham visto?”, disse.

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A mulher explicou que seu filho "Antonio Rassi Roque, faleceu em 18 de agosto de 2025 na Unidade Militar do Calvário, na 50 da 18/64".

Após o ocorrido, me apresentei na unidade "nos dias 15 e 24, onde não fui atendido."

"Volto à instituição no dia 30 de setembro de 2025, onde não pensavam em me receber e, por minha insistência e ao dizer que não me retiraria da Unidade, enviaram uma comissão com um tenente-coronel por parte da Procuradoria, que nada tem a ver militarmente com o que ocorreu, pois sua função é apenas para as conclusões do caso", relatou.

Roque contou que nessa reunião, após suas exigências, se apresentaram “um coronel e um tenente-coronel que eu nunca tinha visto antes, pois não são nem o chefe da Unidade 50 nem o político responsável, a quem entreguei meu filho no dia 28 de julho”, disse.

A mulher questionou a falta de transparência para receber explicações e exige uma reunião com os oficiais responsáveis pelo seu filho.

“Respaldada pela Constituição deste país, estou no meu direito de exigir que me seja concedida uma reunião com o chefe da unidade, o político da unidade, o chefe de pelotão e o oficial que estava em frente à guarda de Antonio Rassi no dia 18 de agosto”, enfatizou.

“Onde estavam os funcionários responsáveis por Antonio Rassi que não perceberam seu estado depressivo, a falta de higiene e o uniforme sujo, já que ele tinha apenas um? Inclusive, o próprio político afirmou na primeira reunião do dia 25 de agosto que ele mesmo mandou lavar o uniforme”, acrescentou.

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Roque considera que “a morte do meu filho, que qualificam como ‘por decisão própria’, foi, simples e claramente, a reação a uma ação provocada na unidade”.

“Pergunto: o que aconteceu desde as 8h55 da manhã, hora em que meu filho me ligou dizendo que entrava na guarda, até às 14h45? Eles, assim como eu, sabem que algo aconteceu”, concluiu.

Jovens falecidos no Serviço Militar

O caso de Antonio Rassi foi tornado público pelo meio independente elTOQUE em agosto passado.

Nos últimos anos, as vítimas desse programa obrigatório aumentaram, seja por acidentes, doenças não tratadas a tempo, atentados contra a vida ou abusos em unidades militares, denunciou a publicação.

De acordo com o testemunho de Félix Alfredo González, pai de um recruta falecido em 2021, pelo menos sete jovens morreram entre julho e agosto de 2025 enquanto prestavam serviço militar.

González —quem se tornou uma das vozes mais críticas contra a obrigatoriedade do SMO— declarou à elTOQUE que as autoridades cubanas não se responsabilizam pela justiça nem pela reparação às famílias.

“O Governo faz ouvidos de mercador”, denunciou o homem, que há anos clama por justiça pela morte de seu filho.

A morte de Antonio Rassi reacende as críticas contra o Serviço Militar Obrigatório, uma política vigente desde 1963 que nos últimos meses convocou até mesmo adolescentes com problemas de saúde graves.

Em julho passado, um jovem cubano de apenas 18 anos, originário da comunidade El Gabriel, no município de Quivicán, província de Mayabeque, faleceu enquanto cumpria o Serviço Militar Ativo, após ter manifestado durante dias uma forte dor e mal-estar físico, sem que os oficiais responsáveis lhe prestassem a devida atenção médica.

Incluso os paises solicitaram levá-lo para casa diante do deterioro do seu estado de saúde, mas não lhes foi permitido, asseguram.

Diversas organizações e pais cubanos afirmam que o SMO se tornou um espaço de risco e maus-tratos para adolescentes e jovens, e exigem que o Estado ponha fim à participação forçada.

Perguntas frequentes sobre a problemática do Serviço Militar Obrigatório em Cuba

Por que se acusa as autoridades militares em Cuba de negligência?

A mãe de Antonio Rassi Roque, um jovem que faleceu enquanto cumpria o Serviço Militar Obrigatório, acusa as autoridades militares de negligência devido a que, segundo seu depoimento, não se atendeu adequadamente ao estado de saúde mental e física de seu filho, o que poderia ter evitado sua morte. Além disso, denuncia que as autoridades não informaram a tempo sobre o estado de seu filho e que não se prestou atenção aos sinais de alerta observados por outros jovens.

Qual é a situação atual do Serviço Militar Obrigatório em Cuba?

O Serviço Militar Obrigatório em Cuba é criticado por ser um ambiente de risco para os jovens, com relatos de negligência médica, abusos e condições extremas. Nos últimos anos, houve um aumento nas mortes de recrutas, o que gerou um crescente clamor pela abolição desta prática.

Que ações estão tomando as famílias afetadas pelas mortes no Serviço Militar?

Familias afetadas, como a de Antonio Rassi, estão exigindo justiça e transparência nas investigações das mortes de seus filhos. Também se uniram a movimentos e campanhas nas redes sociais que buscam pressionar o governo cubano para que elimine o Serviço Militar Obrigatório e se responsabilize pelos incidentes ocorridos.

O que denunciaram organizações e ativistas sobre o SMO em Cuba?

Diversas organizações e ativistas denunciaram que o Serviço Militar Obrigatório em Cuba se tornou um espaço onde os jovens enfrentam riscos de maltrato, negligência médica e condições inadequadas. A censura e a falta de respostas oficiais têm alimentado as críticas ao regime cubano.

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