Cuba mergulha na escuridão: Apagões devastam a Ilha

A situação de quarta-feira foi muito difícil, com uma interrupção do serviço durante todo o dia devido a um déficit de 1906 MW, cifra que superou os 1870 MW previstos.

Apagão em Cuba (Imagem referencial)Foto © Periódico Girón / Raúl Navarro

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O Sistema Elétrico Nacional (SEN) de Cuba atravessa uma crise sem precedentes, deixando milhões de cidadãos cubanos enfrentando cortes de energia prolongados que superam 20 horas diárias.

A situação se tornou especialmente crítica na quarta-feira, um dia marcado por uma interrupção total do fornecimento durante 24 horas, que se estendeu até a madrugada desta quinta-feira.

Segundo informou a Unión Eléctrica, a maior afetacão foi registrada às 20h40, com um déficit de 1906 MW, uma cifra que superou amplamente os 1870 MW planejados, devido à falta de disponibilidade da Unidade 3 da CTE Renté e à saída inesperada da Unidade 6 de Energás Jaruco.

Na primeira hora desta manhã, a capacidade disponível do SEN mal alcançava 1640 MW, frente a uma demanda de 2800 MW, o que resultou em um déficit de 1190 MW e prolongou os cortes em várias províncias.

A média do dia não melhora a situação: estimava-se uma afetacão de 1150 MW, evidenciando a incapacidade do sistema de manter um fornecimento mínimo estável.

Captura de Facebook / União Elétrica (UNE)

As causas desta catástrofe energética são múltiplas e refletem a gestão ineficiente e negligente do governo.

Averias em unidades chave, como a Unidade 2 da CTE Felton, as 3 e 5 da CTE Renté e a 5 de Mariel, somam-se a manutenções programadas que deixam fora de serviço várias plantas, como os blocos 1 e 2 da CTE Santa Cruz e o 4 da CTE Carlos Manuel de Céspedes em Cienfuegos.

A isso se somam limitações térmicas que mantêm 387 MW fora de operação.

A falta de combustíveis e lubrificantes agrava ainda mais a crise: 68 centrais de geração distribuída, que poderiam aportar 478 MW, permanecem inoperativas, enquanto outros 160 MW estão fora de serviço por falta de lubrificantes, totalizando 638 MW afetados apenas por essas deficiências.

A consequência é clara: um sistema elétrico à beira do colapso, que deixa a população à mercê de apagões imprevisíveis.

O prognóstico para as horas de máxima demanda não éencorajador.

Apesar de se esperar a entrada de algumas unidades da CTE Renté, com 50 MW cada uma, a demanda máxima projetada é de 3480 MW, enquanto a disponibilidade mal alcançará 1740 MW, o que implica um déficit estimado de 1810 MW durante o pico.

Em outras palavras, a situação crítica continuará e os apagões permanecerão de forma generalizada, sem soluções imediatas à vista.

Embora os 32 novos parques solares fotovoltaicos tenham contribuído com 3188 MWh durante o dia, com um máximo de 565 MW, essa contribuição é insuficiente para compensar a queda da geração térmica e atender à demanda do país.

Em Havana, por exemplo, o fornecimento de eletricidade foi interrompido na quarta-feira durante 24 horas, com um registro máximo de 341 MW às 20h50, afetando os seis blocos de fornecimento e deixando a programação inicial sem cumprimento.

Captura do Facebook / Empresa Elétrica de Havana

A crise energética de Cuba, refletida nesses números, evidencia uma gestão irresponsável e pouco eficaz por parte das autoridades, incapazes de garantir um fornecimento básico para a população.

A escassez de manutenção, a falta de planejamento e a dependência de equipamentos envelhecidos e limitados continuam mantendo a Ilha mergulhada na escuridão, com apagões prolongados que afetam a vida cotidiana, a economia e os serviços essenciais.

Na quarta-feira, ficou marcado como um exemplo da precariedade do SEN, e as perspectivas para os próximos dias não mostram melhorias significativas.

Enquanto a população sofre as consequências, o governo continua sem oferecer respostas claras ou medidas urgentes que possam reverter essa situação que se tornou crônica.

Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba

Qual é a situação atual do sistema elétrico em Cuba?

O Sistema Elétrico Nacional (SEN) de Cuba está à beira do colapso, com apagões prolongados que superam as 20 horas diárias. O déficit de geração elétrica é um dos mais altos registrados, alcançando até 1906 MW em momentos de máxima demanda. Esta crise energética deve-se a uma combinação de falhas nas usinas, falta de manutenção, escassez de combustível e negligência governamental.

Que fatores têm contribuído para a crise energética em Cuba?

A crise energética em Cuba deve-se a múltiplos fatores, incluindo a obsolescência das usinas termelétricas, a falta de investimento em infraestrutura, a escassez de combustíveis e lubrificantes, e a manutenção inadequada das instalações. Além disso, a gestão ineficiente e negligente do governo agravou a situação, deixando a população sem um fornecimento elétrico estável.

Como os apagões estão afetando a vida diária em Cuba?

Os apagões estão afetando gravemente a vida diária em Cuba. A falta de eletricidade impede a refrigeração de alimentos, o cozimento, o uso de equipamentos elétricos básicos e o acesso a serviços digitais. Isso gera um clima de desespero e desconforto social, afetando também os serviços médicos, pequenos negócios e a infraestrutura urbana do país.

Qual é o papel das energias renováveis na crise energética cubana?

Embora novos parques solares fotovoltaicos tenham sido incorporados, a energia gerada por fontes renováveis ainda é insuficiente para compensar a queda da geração térmica e atender à demanda do país. Os 32 novos parques solares contribuem parcialmente para o sistema, mas não conseguem cobrir o déficit significativo de geração que Cuba enfrenta.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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