Régimen da Venezuela adverte aos EUA para não cometer o erro de agredir militarmente o país

Venezuela adverte os EUA sobre as consequências de uma agressão militar, após o deslocamento de aviões e navios no Caribe. Maduro e Padrino ressaltam a preparação e a unidade diante de possíveis ataques.

Nicolás Maduro e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino LópezFoto © Collage/Prensa Presidencial e X/@ArmadaFANBVzla

Caracas vive dias de máxima tensão. O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, fez nesta quinta-feira um alerta direto a Washington: se os Estados Unidos decidirem por uma agressão militar contra seu país, Caracas responderá com uma “mobilização nacional”.

“Eu digo que não cometam um erro de cálculo ao decidirem agredir militarmente o povo da Venezuela. Não cometam esse erro. Pensem bem, investiguem bem e leiam o espírito nacional”, afirmou o alto comando em declarações veiculadas pelo canal estatal VTV, nas quais acusou os EUA de manter um despliegue provocador de aviões F-35 e navios de guerra no Caribe.

Segundo Padrino, a presença de aeronaves norte-americanas estacionadas em Porto Rico e que sobrevoam perto das costas venezuelanas é “uma grosseria, uma provocação” que “não intimida o povo da Venezuela”.

En seu balanço semanal, transmitido pela televisão, destacou que a nação está pronta para converter “todo o potencial nacional em poder nacional” em caso de agressão. “Isso poderia levar até mesmo à mobilização nacional, dependendo da agressão”, assegurou, em palavras citadas pela agência EFE.

O contexto: Trump ativa um “conflito armado”

As advertências de Padrino ocorreram horas antes de que o presidente Donald Trump notificasse o Congresso de que os Estados Unidos se encontram em um “conflito armado não internacional” contra os cartéis de drogas, que foram designados como organizações terroristas.

A decisão, noticiada por Fox News e AP, confere a Trump poderes de guerra para desdobrar o exército em operações que até agora eram responsabilidade de agências policiais. Já ocorreram ataques militares no Caribe contra embarcações ligadas ao crime organizado venezuelano, incluindo um ocorrido em 2 de setembro que resultou na morte de 11 pessoas quando um barco do Tren de Aragua foi destruído.

O novo marco legal permite o uso de destróieres, submarinos e drones a partir de Porto Rico e se insere na estratégia da Casa Branca para deter o narcotráfico que, de acordo com o memorando, “mata dezenas de milhares de norte-americanos a cada ano”.

Maduro e Cabello: “a pior ameaça em 100 anos”

Na mesma linha de Padrinho, o presidente Nicolás Maduro afirmou dias atrás que Venezuela enfrenta “a maior ameaça em cem anos”, após denunciar que oito navios militares dos Estados Unidos e um submarino nuclear estão apontados para seu país.

“Isso com a Venezuela não vai. Nós saberemos defender nossa soberania, nossa dignidade e a paz do nosso povo”, advertiu Maduro em coletiva de imprensa. Ele também pediu à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) uma condenação ao despliegue militar de Washington, embora tenha admitido que os canais de diálogo com os EUA continuam “maltratados”.

Por sua vez, Diosdado Cabello, ministro do Interior e figura chave do chavismo, reconheceu publicamente que Caracas “se prepara para o pior” diante do cerco naval estadunidense. O dirigente destacou a ativação de milhares de milicianos civis e um reforço militar no Caribe sob a operação “Relâmpago do Catatumbo”.

A escalada ocorre depois que o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) designou o chamado Cartel dos Soles, liderado por Maduro, como organização terrorista estrangeira. Washington acusa o chavismo de usar as instituições do Estado como fachada para traficar toneladas de cocaína para os EUA.

Também o Trem de Aragua foi declarado organização terrorista e seus líderes incluídos na lista de “terroristas globais especialmente designados”. A administração Trump oferece até 5 milhões de dólares de recompensa por informações sobre seu líder, Héctor Rusthenford Guerrero Flores, conhecido como “Niño Guerrero”.

Em resposta, o regime de Maduro iniciou jornadas de recrutamento massivo para a Milícia Bolivariana em 24 estados, com o objetivo de somar milhares de venezuelanos a uma estrutura que, segundo números oficiais, já supera os quatro milhões de integrantes.

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