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O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, afirmou em uma entrevista ao CNN que Havana apoia de forma “total e completa” o Governo da Venezuela diante do que classificou como uma “ameaça direta” dos Estados Unidos contra a estabilidade regional.
No entanto, o chefe da diplomacia cubana evitou responder se esse apoio poderia incluir uma intervenção militar em caso de um ataque dos Estados Unidos.
"Cuba apoia de maneira total e completa o Governo da República Bolivariana da Venezuela", declarou Rodríguez durante a entrevista concedida em Nova York, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A pergunta chave sobre se Havana acudiria em defesa de Caracas em caso de uma invasão militar foi evitada pelo funcionário.
“É um caso hipotético. Quando você me informar que ocorreu uma intervenção militar americana, eu contarei”, respondeu.
Tensão no Caribe
As declarações de Rodríguez ocorrem em meio ao deslocamento de navios de guerra, submarinos nucleares, caças F-35 e mais de 7.000 efetivos americanos no mar do Caribe, na maior operação militar desse tipo desde os anos oitenta.
Washington afirma que a mobilização busca combater o narcotráfico, mas Caracas denuncia que se trata de uma ameaça à sua soberania.
O presidente Donald Trump anunciou que sua administração passou para uma “nova fase” de operações: após os ataques letais contra embarcações em águas do Caribe - que deixaram mais de uma dúzia de mortos sem provas conclusivas de vínculos com o narcotráfico - agora o foco estaria em rotas terrestres.
“Tínhamos muitas drogas entrando pelo mar (...). Atacamos vários barcos, e desde então, não temos absolutamente nenhuma droga entrando em nosso país por via marítima, porque foi letal. E agora vamos olhar para os cartéis. Vamos observar muito seriamente os cartéis que vêm por terra”, declarou.
Segundo fontes citadas pela NBC News, o Pentágono avalia ataques com drones contra líderes criminosos e laboratórios dentro da Venezuela, embora a autorização final ainda não tenha sido emitida.
Em resposta, Nicolás Maduro decretou um “estado de comoção exterior”, que lhe confere poderes extraordinários para mobilizar as Forças Armadas e controlar setores estratégicos.
A vice-presidente, Delcy Rodríguez, afirmou que a medida visa preparar o país para uma eventual "agressão" dos Estados Unidos.
Relação bilateral e diálogo condicionado
Rodríguez acusou os EUA de tentar “reeditar a política de canhoneiras” e reimplantar a “doutrina Monroe com o império das armas”.
Segundo o chanceler, a mobilização militar dos Estados Unidos representa “uma ameaça direta à paz, estabilidade e segurança regionais”.
O chanceler enfatizou que Cuba mantém a disposição para um diálogo com os Estados Unidos, mesmo sob o governo de Trump, mas “sem pré-condições”.
Segundo ele, esse diálogo deve ser baseado no direito internacional, na independência e na soberania de cada país.
Nos últimos anos, as relações bilaterais pioraram. Washington incluiu Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo, reforçou o embargo econômico e reinstaurou restrições ao turismo americano.
Marco Rubio, secretário de Estado, afirmou que não tem "nada a dialogar" com Havana e acusou o governo cubano de fomentar a crise migratória regional.
Cuba se distancia do conflito bélico
Dias atrás, o vice-chanceler Carlos Fernández de Cossío esclareceu em Nova York que Havana oferecerá “pleno apoio político” a Maduro, mas sem implicação militar.
“Cuba não irá à guerra com os Estados Unidos”, sublinhou.
Advertiu que um ataque americano contra a Venezuela seria "uma ameaça para toda a região".
Também denunciou que Washington busca “desconectar Cuba da economia mundial”, o que agrava a crise interna da ilha, marcada por apagões, escassez e precariedade nos serviços básicos.
Escalada de riscos
O debate sobre uma possível intervenção dentro do território venezuelano mantém a região em suspense.
Analistas alertam que um ataque poderia reforçar a narrativa chavista de “defesa da soberania” e abrir um cenário de repressão interna mais severa.
Enquanto isso, Trump insiste que usará “todos os elementos do poder americano” para combater o narcotráfico.
Fontes consultadas pela NBC asseguram que operações militares em solo venezuelano podem ocorrer em questão de semanas, embora a decisão final ainda não tenha sido tomada.
Neste contexto, Cuba se posiciona em um ponto intermediário: apoia diplomaticamente seu principal aliado regional, mas recusa-se a comprometer-se em um enfrentamento bélico com seu adversário histórico.
Perguntas frequentes sobre a tensão entre Cuba, Venezuela e Estados Unidos
Cuba intervirá militarmente em defesa da Venezuela?
Cuba evitou comprometer-se com uma intervenção militar em defesa da Venezuela. Em declarações recentes, o chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla afirmou que Cuba apoia de forma total e completa o Governo da Venezuela, mas não respondeu se esse apoio incluiria uma intervenção militar. Dias antes, o vice-chanceler Carlos Fernández de Cossío deixou claro que Cuba concederá "pleno apoio político" a Maduro, mas sem implicação militar.
Por que os Estados Unidos aumentaram sua presença militar no Caribe?
Os Estados Unidos desplegaram uma operação militar no Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico. A administração de Donald Trump mobilizou navios de guerra, submarinos nucleares e milhares de efetivos na região. No entanto, tanto Cuba quanto a Venezuela consideram que essa mobilização é uma manobra de pressão e intimidação com fins intervencionistas, e não uma verdadeira operação antidrogas.
Qual é a postura da Venezuela diante da ameaça de intervenção militar?
A Venezuela decretou um "estado de conmoción exterior" para mobilizar suas Forças Armadas e controlar setores estratégicos. Em resposta à ameaça percebida dos Estados Unidos, o presidente Nicolás Maduro ativou a mobilização de militantes e reforçou a defesa militar do país. O governo venezuelano denuncia que as ações dos EUA violam sua soberania e representam uma ameaça direta à paz regional.
Como esse conflito afeta as relações entre Cuba e os Estados Unidos?
As relações entre Cuba e os Estados Unidos pioraram nos últimos anos. Washington incluiu Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo e reforçou o embargo econômico. Além disso, existe uma forte retórica de acusações mútuas e falta de diálogo, especialmente sob a administração de Trump. Cuba insiste na sua disposição ao diálogo, mas sem pré-condições, o que não foi aceito pelos Estados Unidos.
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