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A província de Holguín alcançou apenas nove por cento do açúcar planejado na última safra, com apenas 38% da cana moída e um conjunto de deficiências que revelam a profundidade da crise açucareira cubana.
Assim foi revelado durante a XVIII Plenário do Comitê Provincial do Partido em Holguín, presidido por Joel Queipo Ruiz, o primeiro secretário da organização na região.
O relatório apresentado detalhou que somente foi moído 38 % da cana prevista, em meio a perdas de tempo devido a quebras constantes, alta rotatividade de mão de obra, pouca preparação dos trabalhadores, ineficiências na gestão, deficiências na manutenção e indisciplina tecnológica.
Factores que, somados às difíceis condições objetivas, derrubaram qualquer meta, informou o jornal oficial ¡Ahora!
Em novembro de 2024, o próprio meio de comunicação já havia antecipado que o usineiro Fernando de Dios, localizado na localidade de Tacajó, no município de Báguanos, seria a única indústria a produzir açúcar na província de Holguín.
Mencionou que se esperava que garantisse, entre outros produtos, o fornecimento de açúcar para a cesta básica familiar, que totaliza 1.765 toneladas mensais no território.
Queipo Ruiz insistiu que o diagnóstico não é suficiente. “A safra 2025-2026 precisa ser um divisor de águas em relação aos últimos anos para recuperar o programa de cana-de-açúcar em Holguín”, disse.
Sublinhou que a crise não possui apenas consequências econômicas, mas também políticas e culturais, pois a safra é identidade e soberania para dezenas de comunidades na província.
El Pleno também revisou indicadores de saúde pública, em especial o relacionado à atenção integral ao Programa Materno Infantil, “o qual apresenta um deterioramento de seus principais indicadores, como a taxa de natalidade, as taxas de mortalidade infantil e materna e o aumento das gravidezes na adolescência e de risco”, ressaltou a fonte.
A produção de açúcar em Cuba caiu para menos de 150.000 toneladas na safra 2024-2025, o nível mais baixo em mais de um século e menos da metade do que foi alcançado na campanha anterior, segundo citou a agência EFE com base em fontes oficiais.
O número obtido ficou muito longe da meta estatal de 265.000 toneladas, o que ressalta o declínio persistente de uma indústria que, por gerações, constituiu o eixo central da economia do país.
Esta debacle foi determinada pela escassez de matéria-prima (cana), pelos cortes de energia recorrentes, pelas limitações de combustível e pelo avançado deterioramento da infraestrutura.
Em províncias como Villa Clara, a produção de açúcar não atinge as metas desde 2019. Este ano, os engenhos Héctor Rodríguez e Quintín Bandera relataram rendimentos abaixo de 50% do planejado, com plantações baixas, falta de sementes e reparos industriais incompletos, em um ambiente marcado pela improvisação.
A situação em Granma não foi melhor: a safra fechou com apenas 5.277 toneladas de açúcar, longe das quase 20.000 previstas. O central Enidio Díaz Machado foi o último a moer, sem conseguir compensar os baixos resultados do restante dos engenhos que operaram com mínimas capacidades.
Camagüey, com um plano de 23.500 toneladas, produziu apenas 4.000. O central Carlos Manuel de Céspedes, o único ativo na província, perdeu 87% do tempo de moagem, afetado por quebras, carências técnicas e escassez de insumos. As autoridades reconheceram a gravidade do resultado.
Guantánamo acumulou apenas 2.900 toneladas, 38% do planejado. O início se atrasou mais de 40 dias e o central Argeo Martínez operou com instabilidade, apesar dos investimentos realizados. A produção foi até inferior à do ano anterior.
Em Las Tunas, o central Antonio Guiteras alcançou apenas 16% do plano devido a paralisações por falta de recursos básicos. Foi a pior campanha histórica do maior engenho do país.
Em Ciego de Ávila, o central Primeiro de Janeiro não participou da contenda devido a uma dívida elétrica que provocou sua paralisação. Trabalhadores denunciaram realocações forçadas e atraso no pagamento de salários, em meio a uma crise sem resposta institucional.
A redução da capacidade industrial na ilha é resultado do plano concebido e ordenado pelo ditador Fidel Castro (1926-2016) em 2002, a famosa tarefa Álvaro Reynoso, com a qual foram desmantelados 120 dos 165 engenhos de açúcar que estavam em funcionamento na época.
Hoje, o país não consegue atender ao seu consumo interno - estimado entre 600.000 e 700.000 toneladas anuais - e depende de importações para satisfazer a demanda mínima.
Perguntas frequentes sobre a crise da indústria açucareira em Cuba
Qual foi o rendimento da produção de açúcar em Holguín durante a última safra?
A província de Holguín mal conseguiu alcançar nove por cento do açúcar planejado na última safra, com apenas 38% da cana moída. O rendimento foi significativamente baixo, evidenciando uma grave crise na indústria açucareira local.
Quais são as causas da crise açucareira em Cuba?
As causas da crise açucareira em Cuba incluem a escassez de matéria-prima como a cana, cortes de energia recorrentes, limitações de combustível, deterioração da infraestrutura e problemas logísticos. Esses fatores levaram à queda da produção açucareira a níveis historicamente baixos.
Como a crise açucareira afeta a economia e a população cubana?
A crise açucareira afeta a economia cubana ao reduzir a produção de um setor que historicamente foi um pilar econômico do país. Além disso, a escassez de açúcar impacta diretamente na cesta básica e agrava a crise alimentar que a população sofre.
Quais medidas o governo cubano tomou para enfrentar a crise do açúcar?
O governo cubano apelou a medidas como o “trabalho voluntário” e realizou investimentos em algumas usinas, mas essas ações não conseguiram reverter o colapso do setor. A indústria açucareira continua enfrentando um declínio sem um plano claro de recuperação.
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