Outro cubano com I-220A foi detido pelo ICE no Texas

O jovem pai foi detido em junho, mas a esposa tornou isso público agora, após receber uma ordem de deportação emitida por um juiz de imigração.

Pastor Michel Roque Armas e sua esposaFoto © Facebook / Rosme Miche Labrador

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As detenções de cubanos com status migratório I-220A continuam aumentando nos Estados Unidos sob a política de mão dura promovida por Donald Trump.

O novo caso é o de Pastor Michel Roque Armas, natural de Pinar del Río, que foi preso em San Antonio, Texas, após comparecer a uma consulta de rotina com o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE).

A detenção ocorreu há três meses, mas a família decidiu torná-la pública agora, após receber uma ordem de deportação emitida na sexta-feira por um juiz de imigração.

Segundo relatou sua esposa Rosmery ao jornalista Javier Díaz, da Univisión, a medida seria devastadora para ela, pois ficaria sozinha no país com sua filha de cinco anos.

A mulher enfatizou que seu marido "é um homem de bem" e não tem antecedentes nos Estados Unidos.

Captura de Facebook / Javier Díaz

Uma política que criminaliza todos os emigrantes

O caso de Roque se soma ao de outros cubanos com I-220A que têm chamado a atenção do ICE nos últimos meses.

Embora este documento não conceda residência, permitiu a milhares permanecer nos Estados Unidos enquanto aguardam uma definição de seu status e a possibilidade de se beneficiar da Lei de Ajuste Cubano.

No entanto, as recentes operações e prisões refletem um padrão claro: a política migratória de Trump se volta contra aqueles que tentam se regularizar, mesmo que não tenham histórico criminal.

Este lunes se conheceu a prisão de Yasmani Guía Pablo, motorista da Lyft em Georgetown, Texas, e também portador de I-220A.

Foi detido em pleno trabalho sob a acusação de estar intoxicado, algo que sua esposa - cidadã americana - desmentiu veementemente, denunciando que se tratou de um episódio racista.

Yasmani, músico e compositor cristão, agora enfrenta a ameaça de ser deportado.

Histórias de abuso e desespero

Os testemunhos se repetem.

Rogelio Lázaro González Moya, de 26 anos, foi detido em Miami após participar de sua primeira audiência de imigração em junho passado.

Desde então, foi transferido para centros na Flórida, Texas e Arizona, enfrentando condições extremas: encadeamentos, confinamentos em celas geladas e alimentação insuficiente.

Em Phoenix, Arizona, uma jovem cubana foi arrestada ao sair do trabalho mesmo tendo permissão de trabalho válida. Passou um mês em um centro de detenção até ser liberada com grilhete eletrônico.

Seu relato mostra como até mesmo aqueles que cumprem com suas obrigações legais podem ser punidos sob essas medidas.

Em Miami, jornalistas documentaram operações em tribunais de imigração, onde cubanos com I-220A foram detidos ao saírem de suas audiências com o ICE.

O pano de fundo político

O endurecimento dessas ações não é casual. Faz parte da agenda de Trump em seu segundo mandato, marcada por uma cruzada contra a imigração ilegal que teve um efeito particular sobre os cubanos.

Embora a Lei de Ajuste Cubano reconheça os migrantes da Ilha como vítimas de uma ditadura, hoje muitos deles vivem sob o temor constante de serem deportados.

Não importa se trabalham, pagam impostos e cumprem suas obrigações na esperança de se regularizar.

A mensagem oficial parece ser que a paciência e o cumprimento das regras não garantem a permanência no país.

O caso de Michel Roque Armas simboliza essa contradição: um pai de família que chegou aos Estados Unidos deixando para trás o regime cubano, mas que hoje enfrenta a ameaça de ser expulso por um sistema que pune mais a condição migratória do que os verdadeiros crimes.

A comunidade cubana observa com preocupação este padrão de perseguição. Cada nova prisão reforça a ideia de que, longe de serem protegidos como refugiados políticos, os portadores de I-220A são tratados como criminosos em um país que historicamente foi um refúgio para os perseguidos da Ilha.

Perguntas frequentes sobre as detenções de cubanos com I-220A nos Estados Unidos

O que é o documento I-220A e qual é sua função?

O documento I-220A é uma ordem de liberdade condicional emitida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) nos Estados Unidos. Não concede um status migratório legal nem permite trabalhar legalmente. No entanto, permite que os migrantes residam temporariamente no país enquanto sua situação legal é resolvida. Este documento é comum entre os cubanos que buscam regularizar seu status migratório nos Estados Unidos.

Por que estão aumentando as detenções de cubanos com I-220A?

As detenções de cubanos com I-220A aumentaram devido à política de mão dura contra a imigração ilegal implementada pelo governo de Donald Trump em seu segundo mandato. Essa política busca frear a imigração irregular, afetando até mesmo aqueles migrantes que não têm antecedentes criminais e cumprem com suas obrigações legais. Muitos desses cubanos vivem em um estado de incerteza, pois o I-220A não lhes garante proteção contra a deportação.

Quais riscos os cubanos com I-220A enfrentam nos Estados Unidos?

Os cubanos com I-220A enfrentam o risco de serem detidos e deportados, mesmo sem antecedentes criminais. A política atual os trata como imigrantes irregulares, sujeitos a deportação sem levar em conta suas tentativas de regularização. Além disso, o documento I-220A os mantém em um limbo legal, sem acesso a permissões de trabalho ou a um status migratório regularizado, o que aumenta sua vulnerabilidade diante das ações do ICE.

Como a política migratória de Trump afeta os cubanos nos Estados Unidos?

A política migratória de Donald Trump endureceu as ações contra a imigração irregular, afetando especialmente os cubanos que buscam regularizar seu status nos Estados Unidos. As detenções e deportações aumentaram sob sua administração, mesmo para aqueles sem antecedentes criminais. A comunidade cubana, que historicamente tem buscado refúgio nos Estados Unidos devido ao regime em Cuba, agora enfrenta um clima de medo e incerteza.

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