Detenções de vários envolvidos em um roubo a uma bodega em Matanzas

O roubo na adega El Cliente de Matanzas revela falhas de segurança devido à falta de vigilantes. Em 2025, já somam três roubos em Matanzas, o que reflete problemas de abastecimento e segurança em Cuba.

Robo em bodega revela crise de segurança e baixos salários em MatanzasFoto © Facebook/Girón

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Forças do Ministério do Interior (Minint) devolveram nesta quinta-feira os bens roubados na madrugada anterior à bodega El Cliente, localizada perto do hospital pediátrico provincial de Matanzas.

O saque incluía sete sacos de arroz e uma picareta de 40 quilos (kg), 49 kg de açúcar, 1,2 kg de leite em pó, 10 libras de sal, cinco sabonetes de banho e a mesma quantidade de sabão para lavar, ventilador de mesa, cafeteira elétrica e uma caixa de som.

A investigação permitiu identificar e deter os responsáveis, que confessaram o crime, informou uma nota publicada na página do Facebook do jornal oficial Girón.

Captura do Facebook/periódico Girón

No entanto, o caso abriu um debate mais amplo: a falta de segurança nessas unidades.

Según o diretor de Comércio municipal, das 139 bodegas do território, 27 não contam com custodians, apesar de as vagas estarem criadas. O próprio funcionário admitiu que os baixos salários são uma das causas do déficit.

A administradora da vinícola foi apontada como responsável por garantir a proteção dos produtos, apesar de não contar com pessoal de segurança.

Al respecto, Julio Miguel Jordán Padrón, diretor da empresa municipal de Comércio, assegurou que fará uma análise administrativa “por não proteger os produtos como deveria ser” e por se tratar de um dos armazéns que não tem vigilante, responsabilidade da Unidade Empresarial de Base.

“Caso a unidade não tenha (custódio), o administrador deve buscar formas de proteger melhor os produtos. As medidas são necessárias porque, neste momento, é muito difícil repor o que foi roubado diante da situação que o país enfrenta”, enfatizou.

Nas redes sociais, cidadãos questionaram a transferência da carga para os trabalhadores. “Paguem mais e verão como aparecem guardas”, reclamou uma usuária, enquanto outros denunciaram que se pretende obrigar os administradores a assumir turnos noturnos sem retribuição adicional.

Segundo a fonte, em 2023 foram relatados mais de 50 roubos a armazéns no município de Matanzas. O número caiu para um em 2024, mas até agora em 2025 já somam três.

A persistência do problema, em um contexto de escassez e apagões, alimenta a percepção da população sobre a insegurança e o abandono institucional.

Em julho, a ministra do Comércio Interior, Betsy Díaz Velázquez, revelou na Comissão de Atenção aos Serviços do parlamento cubano que durante a primeira metade de 2025 ocorreram 163 furtos nas bodegas estaduais do país, e afirmou que é “um dos problemas que não se consegue parar”.

“Há um nível de cerco ao roubo em armazéns”, alertou, sem fazer a menor alusão à persistente escassez de produtos nas casas de abastecimento cubanas, que permanecem vazias quase o tempo todo, pois o governo não consegue garantir o fornecimento de alimentos e outros artigos de primeira necessidade à população.

A início de agosto, desconhecidos furtaram 14 sacos de arroz de uma armazém situada na esquina de Jesús del Sol com Beneficência, no município de Guantánamo, na madrugada de segunda-feira.

As investigações policiais, com o apoio da comunidade, permitiram identificar pelo menos três dos supostos responsáveis, recuperar parte do arroz furtado e apreender dinheiro em espécie obtido pela sua venda a receptadores.

Um dos compradores envolvidos devolveu voluntariamente um saco de arroz ao tomar conhecimento da origem ilícita do produto, segundo o relatório oficial.

Um mês antes, dois administradores de uma bodega em San Miguel del Padrón teriam sido surpreendidos in fraganti enquanto transportavam sacos de arroz e ervilhas que, supostamente, estavam sendo subtraídos ilegalmente dos armazéns do comércio estatal.

As autoridades supostamente descobriram dentro do armazém 15 sacos de ervilhas e 10 de arroz que, segundo o relatório, já estavam reservados para serem retirados. Além disso, ao registrar as residências dos administradores, teriam encontrado outros 14 sacos de arroz.

No início de junho, a imprensa oficial em Sancti Spíritus informou sobre a desarticulação, por forças do Minint, de uma rede que se dedicava ao roubo e revenda ilegal de botijões de gás liquefeito, entre janeiro e maio deste ano.

A propósito, a Procuradoria Geral da República confirmou então que estava investigando processos penais em Havana e Sancti Spíritus por roubo de bens essenciais para a população, em um cenário de crescente mal-estar social devido ao aumento da corrupção em todos os níveis, à falta de controle, ao encarecimento dos produtos básicos e à impunidade em setores estratégicos.

Al respecto informou que, No município de Habana del Este, foram roubados 197 sacos de leite em pó de um frigorífico estatal. O lote estava destinado à distribuição regular para crianças menores de dois anos, um dos setores mais vulneráveis em meio à atual crise.

A cidadania cubana expressou sua crescente preocupação com o aumento da criminalidade em diversas áreas do país, especialmente com roubos violentos, assaltos e furtos à luz do dia.

Este tipo de episódios alimenta o debate sobre a segurança pública em Cuba, onde muitos cidadãos expressam sentir-se cada vez mais vulneráveis diante da impunidade dos criminosos.

Perguntas frequentes sobre os roubos em armazéns de Cuba

Quais são as principais causas dos roubos nas adegas de Cuba?

Os roubos nas bodegas de Cuba devem-se principalmente à falta de segurança e à escassez de produtos básicos. As autoridades reconheceram que muitas bodegas não contam com seguranças devido aos baixos salários, o que facilita os furtos. Além disso, a crise econômica aumentou a desesperança da população, levando alguns a cometerem esses delitos.

Quais medidas as autoridades estão tomando para prevenir os roubos em armazéns?

As autoridades instaram a comunidade a colaborar na proteção dos armazéns, sugerindo que os vizinhos e as organizações locais se organizem para guardar os produtos. Além disso, foram propostos modelos de integração comunitária, como na Ilha da Juventude, onde não foram registrados roubos. No entanto, a falta de recursos para repor o que foi roubado e a escassez de produtos complicam a implementação de medidas eficazes.

Que impacto têm esses roubos na população cubana?

Os roubos nas armazéns afetam gravemente a população cubana, que já enfrenta uma escassez crônica de produtos básicos. A perda de alimentos racionados que não podem ser repostos agrava a insegurança alimentar e aumenta a frustração e o mal-estar social. Além disso, a percepção de insegurança e a falta de confiança no sistema de distribuição estatal são reforçadas a cada incidente.

O que dizem as estatísticas sobre os roubos em armazéns em Cuba em 2025?

Até agora em 2025, foram registrados mais de 160 roubos nos armazéns estatais de Cuba. As províncias mais afetadas incluem Holguín, Las Tunas e Santiago de Cuba. Este aumento nos roubos reflete o agravamento da situação econômica e a falta de medidas eficazes para garantir a segurança dos armazéns.

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