Alarme em Cuba: Mais de três milhões de pessoas sofrem com a falta de água

O desabastecimento de água, um problema persistente nos últimos anos e que o governo cubano continua sem resolver, prejudica mais de 3.100.000 habitantes do país - segundo cifras oficiais - aproximadamente um terço da população.

Os cubanos lutam diariamente para conseguir alguns litros de água que atendam às suas necessidadesFoto © Facebook/Periódico Girón

A crise da água em Cuba alcançou níveis muito alarmantes: Mais de três milhões de pessoas sofrem hoje com a falta total ou parcial desse recurso em todo o país, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira pela televisão nacional.

O desabastecimento de água, um problema persistente nos últimos anos e que o governo cubano continua sem resolver, prejudica mais de 3.100.000 habitantes da ilha, reconheceu um relatório do Noticiero de Televisión.

A cifra representaria cerca de 30 por cento da população cubana, que totaliza os 9.740.000 habitantes, segundo as estatísticas mais recentes publicadas pela Oficina Nacional de Estatística e Informação (ONEI).

De acordo com as informações do noticiário, as autoridades atribuem a impossibilidade de garantir o fornecimento de água a três causas: a seca, a contingência energética e quebras das bombas de irrigação.

Os reservatórios registram 1,790 milhões de metros cúbicos abaixo da média, e embora as previsões de chuvas para este setembro e outubro próximo prevejam índices acima da média histórica, não irão cobrir os déficits de precipitações dos quatro meses anteriores, advertiu o engenheiro Antonio Rodríguez Rodríguez, presidente do Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos (INRH).

O total de cubanos afetados pela seca supera os 900.000, segundo indicou a reportagem. Esse número não chega a um terço do total de pessoas que não conseguem acessar a água no país - se considerados como certos os dados revelados na reportagem - pelo que se infere que o restante não recebe o recurso vital devido aos constantes e longos apagões, às quebras dos equipamentos de bombeamento e ao deterioramento das redes hidráulicas.

Segundo o relatório televisivo, atualmente estão sendo executadas “de forma emergencial” mais de 300 obras, para mitigar o déficit de água nas províncias de Santiago de Cuba, Guantánamo e Holguín, que são as mais afetadas pela falta do recurso.

O presidente do INRH alegou que, apesar de todas as "dificuldades", está sendo feito "um esforço" para garantir o combustível e o cimento necessários para a execução das obras hidráulicas, mas admitiu que a entidade que dirige não cumpre com a finalização (tampamento) dessas obras, provocando a insatisfação da população nos locais onde estão sendo realizadas.

A reparação das máquinas de bombeamento danificadas está sendo realizada em oficinas do sistema hidráulico, da União de Indústria Militar e dos ministérios de Energia e Minas e da Indústria.

O governo também recorreu à instalação de tecnologias para bombeamento com energia fotovoltaica e, segundo a nota, existem mais de 800 locais desse tipo.

O vice-presidente primeiro de Água e Saneamento do INRH, Junior González Núñez, afirmou que estes sistemas são “confiáveis”, “seguros” e, por não dependerem de combustíveis fósseis, “oferecem uma garantia de bombeamento de água e de serviço à população com energias limpas e seguras”.

Pese à crítica situação que milhões de cubanos enfrentam e sem soluções efetivas à vista, o funcionário afirmou que “sempre que houver um raio de sol (…) temos garantida a água para a população”.

No entanto, os 30 parques solares em funcionamento em Cuba, que geram cerca de 600 megawatts por dia, não são uma alternativa eficaz para a crise energética, pois não apoiam o colapsado Sistema Elétrico Nacional (SEN), sustentado em usinas termelétricas obsoletas e na quase absoluta dependência de combustível importado.

Enquanto isso, milhões de pessoas enfrentam dia após dia a falta de um recurso indispensável para a vida e lutam para conseguir alguns litros de água que lhes permitam atender às suas necessidades mais urgentes.

Uma imagem que se tornou viral nas redes sociais nos últimos dias simboliza como nenhuma a gravidade da crise: uma “fila” de tanques plásticos vazios em um bairro de Santiago de Cuba, à espera de que um caminhão-pipa apareça para enchê-los.

No município oriental, o governo implantou um novo ciclo de distribuição de água para as residências, com uma frequência de entrega de 38 dias, devido à redução da vazão que abastece a estação de tratamento Quintero.

A desesperação pela falta de água também provocou um aumento de roubos e desvios deste recurso, o que afetou comunidades inteiras, segundo o regime. Na localidade de Omaja, em Las Tunas, foram detectadas conexões ilegais à rede de abastecimento em residências particulares, fornecimento irregular a gado estatal, lagoas e até a uma cooperativa agropecuária.

As avarias e os prolongados cortes de eletricidade complicaram extremante o abastecimento de água em Havana, ainda mais na última semana, marcada por apagões massivos em todo o país.

Con o descontentamento acumulado pelas condições extremas em que sobrevivem - sem eletricidade, água potável, nem gás para cozinhar os escassos alimentos, entre outras carências - muitos cubanos saem às ruas para exigir soluções das autoridades. A mais recente protesto ocorreu neste final de semana em Gibara, Holguín.

A população cubana, submetida a cortes diários de eletricidade e água, percebe cada vez mais essa situação como o resultado de décadas de negligência, má gestão governamental e falta de investimentos no sistema energético nacional.

Perguntas frequentes sobre a crise da água em Cuba

Quantas pessoas estão afetadas pela falta de água em Cuba?

Mais de três milhões de pessoas em Cuba sofrem com a falta total ou parcial de água. Isso representa aproximadamente 30% da população do país, de acordo com dados oficiais.

Quais são as principais causas da crise da água em Cuba?

As principais causas da crise da água em Cuba são a seca, a crise energética e as quebras das bombas de água. Essas razões têm sido reconhecidas pelas autoridades cubanas, que também mencionam o deterioro das redes hidráulicas como um fator agravante.

Quais medidas está tomando o governo cubano para enfrentar a crise da água?

O governo cubano está executando mais de 300 obras de forma emergencial e recorreu ao montante de tecnologias para bombeamento com energia fotovoltaica. No entanto, esses esforços não conseguiram resolver efetivamente a crise, e a população continua enfrentando longas esperas para receber água.

Como a crise da água está afetando a vida diária dos cubanos?

A falta de água afeta gravemente a vida diária dos cubanos, comprometendo a higiene pessoal, a produção agrícola e a vida cotidiana. Muitas famílias têm que fazer longas filas para conseguir alguns litros de água, e em alguns lugares, o fornecimento é limitado a cada 38 dias.

Qual é a resposta da população cubana diante da crise da água?

A população cubana expressou seu descontentamento por meio de protestos em várias localidades, exigindo soluções imediatas e efetivas do governo. A falta de água, juntamente com outros problemas como os apagões e a escassez de alimentos, gerou um mal-estar social crescente.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.