Polêmica por cooperação militar entre Cuba e África do Sul: Denunciam gasto milionário sem benefícios reais

A cooperação militar entre Cuba e a África do Sul é criticada por ser um "projeto de vaidade" que desvia recursos valiosos em meio a crises nacionais.

Bandeiras de Cuba e da África do Sul, símbolos de uma polêmica cooperação militar.Foto © Facebook/Embaixada de Cuba na África do Sul.

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Uma nova onda de críticas surge contra a cooperação militar entre Cuba e a África do Sul, agora questionada como um “projeto de vaidade ideológica” que drena milhões de recursos públicos enquanto os povos de ambos os países enfrentam profundas crises.

Segundo revelou o portal especializado DefenceWeb, a oposição sul-africana denunciou que o Projeto Kgala, anteriormente conhecido como Projeto Thusano, levará 20 oficiais da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) à ilha no próximo ano para receber treinamento não acreditado.

O deputado da Aliança Democrática (DA), Chris Hattingh, qualificou a iniciativa como um desperdício de 28 milhões de rands (cerca de 1,54 milhões de dólares) que, na prática, atrasa a formação real dos soldados, já que o primeiro ano é dedicado exclusivamente ao aprendizado do espanhol.

“As forças armadas têm suas próprias escolas que oferecem exatamente os mesmos cursos e, além disso, com acreditação acadêmica”, advertiu o legislador, enquanto especialistas em defesa consultados pela imprensa local afirmaram que o programa em Cuba “é, no melhor dos casos, uma perda de dinheiro e tempo”.

Um histórico de polêmicas com Havana

El sinalamento não chega ao vazio. Em julho passado, a opinião pública da África do Sul explodiu quando se soube que o Departamento de Defesa gastou 34 milhões de rands (quase 1,9 milhões de dólares) em um voo charter de luxo para Cuba para participar de uma cerimônia de formatura militar.

Mais de 200 militares viajaram em um avião contratado pela Cobra Aviation, equipado com assentos de classe executiva, catering gourmet e talheres finos, em meio a uma crise na qual soldados sul-africanos carecem de botas e uniformes básicos. A oposição qualificou a operação de “insulto à cidadania”.

Uma semana depois, o próprio governo sul-africano se defendeu, alegando que o voo tinha o objetivo de repatriar 212 estudantes de medicina e engenharia formados em Cuba e não de participar da cerimônia. No entanto, a Aliança Democrática insistiu que se tratou de um luxo injustificável e exigiu uma investigação parlamentar sobre os gastos do Projeto Kgala.

Cuba, o parceiro mais questionado

A cooperação militar entre Pretória e Havana se mantém há mais de uma década e está inserida nos laços políticos históricos entre o Congresso Nacional Africano (ANC) e o regime cubano.

Os convênios incluíram o envio de centenas de soldados sul-africanos para academias cubanas, assim como a contratação de médicos, técnicos e engenheiros da ilha por dezenas de milhões de dólares.

Mas essa proximidade hoje gera rejeição dentro da África do Sul, onde vozes oposicionistas e analistas consideram que Cuba representa “a exceção custosa e não credenciada” em relação a outros países parceiros estratégicos como Estados Unidos, Reino Unido, Índia ou até mesmo as próprias universidades locais.

Enquanto Pretória gasta milhões em programas considerados improdutivos, em Cuba o cenário é diferente, pois esses convênios significam uma injeção de divisas para um regime sufocado pela sua pior crise econômica em décadas, enquanto a população enfrenta apagões diários, escassez de alimentos, hospitais desabastecidos e um êxodo migratório sem precedentes.

A polêmica na África do Sul traz novamente à tona como o governo de Miguel Díaz-Canel mantém sua economia à tona por meio de acordos políticos e militares que pouco têm a ver com a realidade enfrentada pelos cubanos comuns.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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