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Vários meios oficialistas têm buscado explicar a crise elétrica e criticar aqueles que expressam descontentamento pelos prolongados cortes de energia, ressaltando os esforços dos trabalhadores do Sistema Elétrico Nacional (SEN) e culpando o embargo dos Estados Unidos pela escassez de combustível e recursos.
A propósito, a jornalista oficialista Bárbara Betancourt afirmou que amaldiçoar o país ou os dirigentes durante os apagões não é justo, e defendeu o trabalho dos técnicos que arriscam suas vidas para manter a geração elétrica diante de déficits crescentes, durante a mais recente edição do podcast “Chapeando bajito”, do portal digital Cubadebate, conduzido pela também jornalista oficialista Arleen Rodríguez Derivet.
“A verdade é que, embora compartilhemos o desconforto, porque também sofremos com os apagões e é legítimo reclamar, amaldiçoar o país ou aqueles que governam a cada apagão, não é justo nem resolve nada, além de acentuar o desconforto pessoal e coletivo”, sublinhou Rodríguez na apresentação do podcast.
Engenheiros e especialistas oficiais, como a engenheira e professora María del Carmen Hernández, têm compartilhado nas redes sociais explicações técnicas sobre o funcionamento de turbinas e vapor superaquecido, tentando justificar os apagões como fenômenos derivados da operação do sistema e da falta de combustível.
Embora Rodríguez concordasse que “ninguém pode questionar que as pessoas expressem dúvidas, confusão e que até entrem em estado de negação para aceitar explicações enquanto não têm acesso à eletricidade.”
Y a seguir, se referiu ao jovem operador de turbina de 33 anos, que faleceu após vários dias de luta pela sua vida, depois de sofrer um grave acidente de trabalho na Central Termoeléctrica Antonio Maceo Grajales “Renté”, em Santiago de Cuba.
A seu ver, os trabalhadores do SEN arriscam a vida para manter acesa a luz com plantas obsoletas com quase 50 anos de exploração e sem renovação tecnológica, o que, segundo ele, “chama-se bloqueio”.
No obstante, a repórter evitou mencionar que o próprio governo cubano , um monstruoso edifício de 42 andares localizado no centro de El Vedado, em Havana, que permanece quase vazio, símbolo de privilégios e desperdício em meio a apagões diários que afetam todo o país.
Afirmou também que nem tudo o que poderia melhorar a vida da população pode ser divulgado, “porque a perseguição vem em seguida” e que até mesmo acordos econômicos promissores como os assinados na Argélia, durante a primeira viagem do governante Miguel Díaz-Canel pela Ásia (novembro de 2022), foram publicados e uma semana depois se desvaneceram.
Os comentários dos usuários refletem um descontentamento profundo com a gestão dos apagões e a justificativa oficial.
Um dos foristas relatou que nas províncias a eletricidade chega de maneira intermitente, três horas durante o dia e três de madrugada, dificultando tarefas básicas como cozinhar, se iluminar ou assistir televisão, e afirmou que os cidadãos não sabem quanto tempo durará cada corte.
Aimara questionou por que as promessas de alívio do verão não foram cumpridas e expressou seu ceticismo em relação a qualquer solução a longo prazo. Recentemente, a jornalista oficialista Ana Teresa Badía criticou nas redes sociais o descumprimento da promessa governamental de reduzir os apagões em Cuba para o verão.
Preocupado, Colorado destacou que alguns acordos internacionais, como os assinados com a Argélia e os megacréditos russos, foram perdidos, e criticou a falta de comunicação clara com a população sobre decisões energéticas fundamentais.
Israel Kant denunciou que durante os apagões o povo sofre na pele, afetando crianças e mães que perdem alimentos, leite e iogurte, enquanto a gestão estatal se limita a apontar o bloqueio como culpado, ignorando problemas internos como corrupção, desvios de recursos e planejamento deficiente.
Carlos La Rosa destacou que as explicações técnicas são abundantes, mas resultam difíceis de compreender para a maioria dos cidadãos, e apontou a necessidade de investir em energias renováveis e manter uma comunicação clara e empática com a população, reconhecendo os erros no planejamento energético.
Cecilia criticou a desconexão entre as explicações oficiais e a experiência dos cidadãos em canais de comunicação como Telegram, onde se registram milhares de comentários sem resposta efetiva.
Libra advertiu que, embora o bloqueio impacte, a desídia interna, a demora em tomar decisões e a falta de autocrítica agravam a crise e erodem as conquistas da revolução.
Sim, sublinhou que a população enfrenta uma acumulação de problemas: apagões contínuos, perda de alimentos, água limitada, transporte deficiente, falta de medicamentos e deterioração da infraestrutura cultural, e reivindicou que a comunicação seja mais transparente e eficaz.
A tensão entre a narrativa oficial e a percepção cidadã evidencia que a crise energética cubana não é apenas técnica, mas também social e política.
Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba
Qual é a principal causa dos apagões em Cuba?
A principal causa dos cortes de energia em Cuba é a obsolescência tecnológica e a falta de investimento no Sistema Elétrico Nacional (SEN). As usinas termelétricas estão em operação há décadas sem renovação ou manutenção adequada, o que provoca falhas frequentes e interrupções de eletricidade. Além disso, o déficit de combustível e um planejamento inadequado agravam a situação.
Como justifica o governo cubano os apagões contínuos?
O governo cubano atribui os apagões ao embargo estadunidense e à falta de recursos, apontando que essas limitações impedem a renovação tecnológica necessária. A narrativa oficial também destaca os esforços dos trabalhadores do Sistema Elétrico Nacional (SEN), que operam em condições precárias devido à falta de investimento.
Qual é o impacto dos apagões na vida cotidiana dos cubanos?
Os apagões afetam gravemente a vida diária dos cubanos, dificultando tarefas básicas como cozinhar, refrigerar alimentos e estudar. A falta de eletricidade também provoca a perda de alimentos e limita o acesso a água potável. Além disso, essa situação gera um crescente descontentamento social, com cidadãos se sentindo ignorados pela falta de comunicação e soluções por parte do governo.
Qual a opinião dos cidadãos cubanos sobre a gestão governamental da crise energética?
A percepção geral entre os cubanos é de frustração e desconfiança em relação ao governo. Muitos criticam a falta de transparência e as promessas não cumpridas sobre a redução de apagões. A gestão governamental tem sido considerada ineficaz, com uma narrativa oficial que não reflete a realidade diária vivida pela população.
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