
Vídeos relacionados:
A Empresa Eléctrica de Pinar del Río publicou um novo apelo em Facebook que gerou indignação entre os cidadãos.
A mensagem exorta os lares a não conectar imediatamente todos os eletrodomésticos após a restauração do fornecimento de energia elétrica, a fim de "prolongar a vida útil dos transformadores" e evitar falhas.
De acordo com a nota, a carga coincidente impede que a equipe recupere rapidamente sua potência, o que pode desencadear danos adicionais.
A recomendação, que aparentemente apela à colaboração cidadã, não é mais do que outra tentativa do regime de transferir a responsabilidade de um sistema elétrico em ruínas para a população que o sofre.
"Depois de 19, 21, 26 horas sem eletricidade, assim que chega o mau serviço elétrico, que dura 1, 2 horas, é preciso aproveitar para resolver os problemas criados pela falta", comentou uma professora na postagem.
"Se houvesse mais eletricidade, isso não aconteceria, mas com 2 ou 3 horas e 9 sem nenhuma, é preciso ter coragem para dizer uma tremenda besteira", questionou uma idosa.
"Agora somos nós os culpados pela avaria e se você não correr para cozinhar, ficará sem poder fazer nada", denunciou uma habanera.
"Agora também temos que cuidar dos transformadores, dos postes, dos cabos e dos meus equipamentos, que se quebram com a troca constante e as quedas de tensão. No final, acabam sendo culpa minha os apagões e as quebras. Que coragem!", criticou um pinareño.
Em vez de reconhecer as falhas estruturais, a falta de investimentos e a desídia oficial, as autoridades insistem em culpar os usuários, a quem é praticamente solicitado que abdiquem do uso normal da eletricidade, mesmo nos breves momentos em que a têm disponível.
Antecedentes de uma prática recorrente
Não é a primeira vez que o governo cubano recorre a esse tipo de mensagens.
Em outubro de 2021, após o colapso do Sistema Elétrico Nacional, a Empresa Elétrica em Santiago de Cuba alertou no Telegram que a conexão simultânea de equipamentos de alto consumo poderia provocar novas quedas de energia.
A advertência parecia ignorar o desespero de milhares de famílias que estavam há mais de 72 horas sem eletricidade e viam os poucos alimentos que conseguiram guardar em seus refrigeradores se estragarem.
A nota de então pedia aos clientes "não conectar equipamentos de alto consumo" quando a energia chegasse, com a promessa de evitar outra queda do sistema.
A medida foi recebida com ceticismo: como esperar que as pessoas não ligassem fogões e geladeiras, quando para muitos eram a única maneira de conservar alimentos ou preparar uma refeição quente após dias de apagão?
Um cenário semelhante se repetiu em Camagüey, onde o próprio governo provincial do Poder Popular utilizou o Facebook para alertar que uma sobrecarga podia "disparar transformadores" e provocar ainda mais danos.
A mensagem incluía exemplos do que qualificavam como equipamentos de alto consumo: ar-condicionados e fogões elétricos.
A ironia não passou despercebida: pedia-se aos cubanos que dispensassem precisamente os dois aparelhos essenciais para suportar o calor sufocante e conseguir cozinhar.
Não é a primeira vez que a gestão energética do regime provoca escárnio e rejeição.
Em 2020, no auge da pandemia, o jornal oficial Granma divulgou "sugestões" que incluíam congelar garrafas de água para deixá-las fora da geladeira durante o dia e apagar lâmpadas durante os aplausos das 21h.
Aquelas medidas, apresentadas como soluções técnicas, apenas evidenciavam a incapacidade do Estado em garantir um fornecimento estável em meio ao crescente consumo residencial.
A raiz do problema
O denominador comum em todas essas "recomendações" é a mesma estratégia governamental: deslocar a responsabilidade de um sistema em crise para a cidadania.
Em vez de reconhecer que os cortes de energia prolongados são consequência da falta de investimento, do deterioramento da infraestrutura e de uma gestão ineficiente, insiste-se que são os consumidores que devem modificar sua vida cotidiana para salvar transformadores que, em condições normais, deveriam suportar a carga habitual dos lares.
Enquanto isso, as famílias cubanas continuam presas entre apagões intermináveis, alimentos em decomposição, calor insuportável e a angústia diária de não saber quando a eletricidade voltará.
Diante dessa realidade, as mensagens oficiais que apelam para "conectar pouco a pouco" se mostram não apenas inúteis, mas também uma demonstração do desprezo das autoridades pelo sofrimento da população.
Perguntas frequentes sobre a situação elétrica em Cuba
Por que a Empresa Elétrica pede para não conectar todos os equipamentos ao restabelecer a energia?
A Empresa Elétrica de Pinar del Río pediu aos cidadãos que não conectem todos os seus eletrodomésticos de imediato ao restabelecer o serviço elétrico para evitar sobrecargas que possam danificar os transformadores. Este pedido gerou indignação entre os cidadãos, que sentem que o governo está tentando transferir a responsabilidade de um sistema elétrico em crise para a população. Argumenta-se que conectar todos os aparelhos ao mesmo tempo poderia sobrecarregar o sistema e danificar os transformadores, prolongando os apagões.
Quais são as causas da crise energética em Cuba?
A crise energética em Cuba se deve a uma combinação de fatores, incluindo a falta de investimento em infraestruturas, o deterioramento das usinas de geração e uma gestão ineficiente. Além disso, há um déficit significativo na geração elétrica devido a falhas, falta de manutenção e escassez de combustível e lubrificantes. Esses problemas foram agravados pela falta de soluções estruturais eficazes e pela dependência de contratos temporários com geradores externos.
O que o governo cubano tem feito para enfrentar os apagões?
O governo cubano implementou medidas como a venda de alimentos preparados e fez apelos à população para limitar o uso de equipamentos elétricos durante os apagões. No entanto, essas ações foram recebidas com ceticismo e descontentamento pela população, que percebe uma falta de soluções duradouras e eficazes. As iniciativas governamentais foram vistas como paliativas e não conseguiram mitigar a frustração dos cidadãos diante da crise energética.
Como a crise energética afetou a vida cotidiana dos cubanos?
A crise energética em Cuba teve um impacto severo na vida diária dos cidadãos, dificultando a conservação de alimentos, o acesso à água, o funcionamento de hospitais e serviços públicos, e a realização de atividades cotidianas. Os cubanos enfrentam longas quedas de energia que interrompem sua vida cotidiana, gerando estresse, perda de alimentos e condições de vida insalubres. A situação levou a uma crescente indignação e desespero entre a população.
Arquivado em: