“Não sei quantos adoeceram”: A dura denúncia de um fotógrafo cubano sobre a insalubridade em seu bairro

Um fotógrafo cubano expõe a insalubridade em Pinar del Río, onde o lixo e as águas paradas cercam serviços essenciais. A crise sanitária se agrava com o aumento de casos de dengue e a falta de recursos.

Ruas do Reparto Cuba Libre, em Pinar del Río, transformadas em um lixão a céu aberto e foco de doenças.Foto © Facebook/Elguardiandel Aliento

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Um fotógrafo cubano denunciou nas redes sociais as condições de insalubridade em que vive junto a seus vizinhos no Reparto Cuba Libre, na cidade de Pinar del Río, onde o lixo, as águas paradas e as fossas transbordadas se tornaram parte da paisagem cotidiana.

“As fotos são da área onde eu vivo. Parece um chiqueiro. Naquele lugar, temos uma falta de condições higiênicas mínimas para viver”, escreveu o artista no Facebook, onde se identifica como El guardián del aliento. Além disso, compartilhou imagens impactantes de ruas alagadas, montanhas de lixo e famílias obrigadas a transitar entre poças de águas negras e resíduos acumulados.

Captura do Facebook/Elguardiandel Aliento

O denunciante assegura que a fossa séptica colapsada, os esgotos e um arroio obstruído convivem às portas de um círculo infantil, um consultório médico da família e a apenas algumas quadras de um policlínico. “Não sei quantas pessoas adoeceram”, lamentou, ao mesmo tempo em que lembrou que na sua própria casa já estão há seis meses sem receber água potável.

Águas residuais e lixo acumulado em uma vala do Reparto Cuba Libre, em Pinar del Río.
Facebook/Elguardiandel Aliento

“Estou passando pela água da chuva”, escreveu, lembrando que sua família ficou um ano inteiro sem acesso ao serviço.

As imagens mostram crianças, mulheres e idosos se deslocando entre poças contaminadas, enquanto os resíduos sólidos se acumulam em terrenos baldios e margens de ruas, criando um foco evidente de transmissão de doenças.

Residentes obrigados a atravessar águas pestilentos para chegar às suas casas.
Facebook/Elguardiandel Aliento

Pinar del Río: uma província sob dupla ameaça

A denúncia ganha maior relevância em meio à crise sanitária que atravessa a província, devido ao fato de que Pinar del Río enfrenta atualmente um aumento de casos de dengue com transmissão ativa em vários municípios e a circulação simultânea de vírus respiratórios como a Influenza e o vírus sincicial respiratório.

As autoridades de saúde confirmaram a propagação dos sorotipos três e quatro da dengue, sendo este último com maior capacidade de contágio.

O doutor Andrés Villar Bahamonde, diretor do Centro Provincial de Higiene e Epidemiologia, admitiu que o aumento de casos suspeitos questiona a eficácia das ações antivetoriais.

Enquanto isso, a falta de combustível e a precariedade dos serviços públicos impedem uma resposta efetiva, agravando um panorama onde o lixo e os esgotos se tornaram um terreno fértil para o mosquito transmissor.

Mas a situação em Pinar del Río reflete uma crise que atinge todo o país. O Ministério da Saúde Pública confirmou recentemente que quatro pacientes estão em terapia intensiva por dengue, dois em estado grave e dois críticos, com transmissão ativa em sete províncias e a presença de chikungunya em Matanzas.

Ao mesmo tempo, se reporta um aumento de casos de hepatite A, doença que se espalha pela contaminação da água e dos alimentos, justamente em um contexto onde milhares de cubanos denunciam não ter acesso estável a água potável e se veem obrigados a consumir água da chuva ou de fontes inseguras.

Especialistas alertam que a combinação de dengue, chikungunya, oropouche e hepatite A configura um cenário epidemiológico perigoso, em um país com um sistema de saúde debilitado, desabastecimento de medicamentos e crescentes reclamações de cidadãos pela falta de controle dos focos de Aedes aegypti.

Perguntas frequentes sobre a crise sanitária e ambiental em Pinar del Río, Cuba

Qual é a situação atual de insalubridade no Reparto Cuba Libre de Pinar del Río?

O Reparto Cuba Libre em Pinar del Río enfrenta condições extremas de insalubridade, com lixo acumulado, águas paradas e fossas sépticas transbordando. Essas condições levaram os moradores a viver em um ambiente perigoso para a saúde, com riscos elevados de doenças devido à contaminação da água e do ar.

Como a crise sanitária afeta o surto de dengue em Pinar del Río?

A acumulação de lixo e águas paradas em Pinar del Río cria um ambiente ideal para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Apesar dos esforços antivetoriais, a falta de recursos e combustível tem impedido uma resposta eficaz, o que agrava a situação sanitária e favorece a propagação do vírus.

Que papel desempenha o governo cubano na crise de insalubridade e saúde em Pinar del Río?

O governo cubano tem sido duramente criticado por sua inação diante da crise de insalubridade e saúde em Pinar del Río. A falta de medidas eficazes para gerenciar os resíduos e controlar os focos de infecção criou um ambiente propício para doenças e aumentou o descontentamento entre os cidadãos, que exigem soluções imediatas e estruturais.

Qual é o impacto da falta de água potável na vida diária dos residentes de Pinar del Río?

A falta de acesso a água potável forçou os residentes a dependerem de água da chuva ou de fontes inseguros, o que aumenta o risco de doenças transmitidas pela água, como a hepatite A. Essa escassez também afetou gravemente a higiene pessoal e a capacidade das famílias de manter condições sanitárias básicas, exacerbando a crise de saúde pública na região.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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