Assim começou o despejo do Alligator Alcatraz: para onde estão enviando os detidos?

O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) indicou que muitos dos detidos estão sendo enviados para o centro de detenção Camp East Montana, em El Paso, Texas.

Foto © Captura da Univision Miami

O centro de detenção migratória conhecido como “Alligator Alcatraz”, localizado nos Everglades da Flórida, iniciou sua remoção progressiva após uma decisão judicial que marcou um ponto de inflexão no debate migratório dos Estados Unidos.

O complexo tem sido alvo de múltiplas críticas desde sua criação, e seu fechamento forçado representa um triunfo judicial para ativistas ambientais e familiares de detidos, embora não sem controvérsias.

Cumprindo com a ordem judicial, o Departamento de Segurança Nacional (DHS) confirmou que os detidos em “Alligator Alcatraz” estão sendo realocados para outros centros.

“O DHS está cumprindo esta ordem e transferindo os detidos para outras instalações. Continuaremos lutando com unhas e dentes para expelir os piores das ruas americanas”, destacou o comunicado oficial.

No documento também se acusa a juíza de ignorar que “este terreno já leva uma década sendo urbanizado”.

O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) indicou que muitos dos detidos estão sendo enviados para o centro de detenção Camp East Montana, em El Paso, Texas.

Atualmente, esse centro abriga 1.173 pessoas, mas está se preparando para aumentar sua capacidade semanalmente com 250 novas camas, com o objetivo de receber até 5.000 detidos, se necessário.

Segundo confirmou um funcionário do estado da Flórida em comunicações com o pessoal religioso relacionado ao centro, o complexo nos Everglades estaria vazio “nos próximos dias”.

Uma ordem judicial com raízes ambientais

A juíza federal Kathleen Williams mandou fechar o centro com base nos danos ao ecossistema dos pântanos da Flórida, e não diretamente nas condições dos migrantes.

A decisão surge após uma ação que alertava sobre os efeitos nocivos do centro em uma área protegida.

“A ordem desta juíza ativista é uma nova tentativa de impedir que o presidente cumpra com o mandato do povo americano”, afirmou o DHS em um comunicado carregado de tom político.

Apesar da apelação apresentada pelo estado da Flórida e pela administração do ex-presidente Donald Trump, a juíza se recusou a suspender sua decisão enquanto o processo é analisado pelo décimo primeiro circuito.

“Há outros lugares, outros centros de detenção onde se pode levar a cabo a política do presidente”, explicou o analista político Alex Penelas, sublinhando que nem o estado nem o executivo apresentaram novas evidências que justificassem uma suspensão cautelar.

Reações divididas: entre a celebração e a condenação

As reações ao despejo do "Alligator Alcatraz" refletem a profunda polarização sobre a política migratória nos EUA.

O autodenominado “czar da fronteira”, Tom Holman, qualificou o fechamento como um erro e defendeu as condições do centro: “Estava limpo, bem mantido e com boa comida, melhor do que o que muitos cidadãos americanos têm.”

Em contraste, para famílias como a de Katia Rojas, ex-esposa de um migrante detido, a decisão da juíza foi um alívio: “Nenhum lugar é bom neste momento, mas aquele foi o pior”, afirmou.

Sua expareja foi transferida para El Paso, onde continua sob ordem de deportação. “Claro que foi uma vitória, uma conquista a favor de todas essas famílias que têm estado desveladas e sofrendo. É preciso celebrar a verdade”, expressou Rojas.

O congressista Carlos Giménez também se pronunciou sobre o fechamento, sem apoiar explicitamente a decisão, mas reconhecendo a legitimidade do processo judicial.

Uma batalha ainda em desenvolvimento

Apesar do início do despejo, a controvérsia ainda está longe de ser resolvida.

O governo interpôs um recurso perante o décimo primeiro circuito, o que poderia modificar o curso do processo se a decisão for revertida.

No entanto, enquanto isso, as transferências continuam e a infraestrutura do centro nos pântanos da Flórida parece estar destinada ao abandono.

O caso de “Alligator Alcatraz” ilustra como os temas migratórios, judiciais e ambientais se entrelaçam em um cenário onde as decisões não apenas afetam políticas públicas, mas têm um impacto real na vida de milhares de pessoas.

O fechamento forçado do centro estabelece um precedente e coloca em questão não apenas a legalidade do local, mas também a ética de seu funcionamento.

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