¿A crise da água em Cuba está piorando ou "a pouca disponibilidade está aumentando"?: Quando o regime já não sabe mais o que dizer

Mais de 884 mil cubanos sofrem restrições de água devido à seca, vazamentos e falhas. A imprensa oficial minimiza a crise com eufemismos, enquanto províncias como Holguín, Santiago e Camagüey padecem do esquecimento hídrico.

Apresentadores da Televisão CubanaFoto © Captura de vídeo YouTube / Canal Caribe

No fascinante mundo dos eufemismos da chamada "revolução", a seca, os desvios e as avarias já não deixam as pessoas sem água.

Não. O que acontece, segundo o sempre criativo Canal Caribe, é que “a pouca disponibilidade” de água nas fontes de abastecimento está aumentando. Porque, claro, dizer que não há água ou capacidade para fornecê-la seria um excesso de sinceridade impróprio dos padrões de comunicação do sistema.

Durante seu último relatório do Mestrado Argelio Fernández —sempre pontual com seus dados, embora um pouco distraído com a linguagem— informou, entre tecnicismos e circunlóquios, que mais de 884 mil pessoas em Cuba sofrem "restrições" no serviço de água.

Pero longe de falar de “crise”, “emergência” ou mesmo “escassez”, optou por esta joia da semântica oficial: “tendência ao aumento das afetações por baixa disponibilidade”.

O que isso significa em cristão? Que a cada dia há mais gente sem água, mais obras de captação afetadas, mais províncias sem uma gota. Mas fiquem tranquilos, caros usuários da rede de abastecimento, que tudo está sob controle léxico.

A culpa, como sempre, é do clima e do “bloqueio”. Chove pouco, faz calor e o “inimigo” espreita. A seca, essa circunstância contrarrevolucionária, se aproveita desde “o começo do ano” com a ilha, frustrando todas as brilhantes estratégias do governo da “continuidade” que é liderado por Miguel Díaz-Canel.

Mas nem Argelio, nem os meios oficiais cubanos se atrevem a mencionar a incidência dos apagões no fornecimento, as décadas de desinvestimento, a negligência estatal ou essas infraestruturas que datam da época colonial. O problema é a falta de chuva, não a falta de gestão.

Holguín, Santiago de Cuba e Camagüey lideram o triste ranking do esquecimento hídrico, enquanto a imprensa estatal faz malabarismos verbais para evitar dizer o óbvio: não há água e, ainda menos, soluções.

Porque na Cuba dos informes, o apagão não é apagão, é "interrupção programada". A inflação não é inflação, é "desequilíbrio temporal de preços". E a água não falta, simplesmente "a sua pouca disponibilidade aumenta".

Mais uma vez, a imprensa oficial não informa: maquila, dissimula e encobre a realidade com uma neolinguagem que deixaria Orwell envergonhado. Para os propagandistas a serviço do regime, o importante é que a confusão substitua a informação, e que a “resistência criativa” flua pelos canos que eles, os que têm piscinas e bebem água engarrafada, mantêm secos.

Como seca, pouco a pouco, a paciência dos cubanos.

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