O santiaguero Elías Navarro, conhecido nas redes sociais por denunciar diariamente os problemas que enfrenta a população de sua cidade, compartilhou nesta quarta-feira um vídeo carregado de sarcasmo e denúncia sobre a escassez de água e eletricidade em Santiago de Cuba.
“Um novo episódio da série ‘Esperando que chegue Colón’ com a esperança de que Cristóbal Colón nos forneça água potável. Aqui está a rua Santa Rita”, disse Navarro na gravação, onde se observa vizinhos carregando recipientes desde um caminhão de água colocado na rua.
O comentário, em tom irônico, reflete a desesperação de famílias que precisam improvisar maneiras de armazenar o precioso líquido.
Acompanhando o vídeo, Navarro escreveu: “Cuba, 28 de agosto de 1942, século XV, a 68 dias da chegada do Almirante Cristóbal Colón às Antilhas. Esperamos que venha ele, o almirante, com suprimento de água potável e corrente. Anciosamente aguardamos avistar algumas das canoas (calaveras) que transportam os visitantes.”
Sua expressão é uma metáfora que indica que a população vive como indígenas, aguardando a chegada do suposto salvador.
As imagens mostram dezenas de pessoas saindo de suas casas com qualquer recipiente possível para armazenar água, em cenas que lembram o desespero das formigas quando acumulam comida antes de uma catástrofe.
Um reflexo gráfico da precariedade em que vivem os santiaguenses, que sofrem não apenas com a seca, mas também com apagões diários, inflação e carências cada vez mais profundas.
O sarcasmo de Navarro, longe de ser uma piada isolada, se soma às múltiplas denúncias de cidadãos que retratam nas redes sociais a dureza da vida em Santiago de Cuba, onde a espera por água e eletricidade se tornou uma rotina interminável.
A ironia de Elías Navarro sobre a falta de água e eletricidade em Santiago de Cuba reflete uma crise que vem se agravando há meses.
O sistema de abastecimento está praticamente colapsado, em meio a uma seca extrema que deixou bairros inteiros dependendo de caminhões-pipa para suprir suas necessidades básicas.
Nas últimas semanas, o próprio regime reconheceu que a seca fez disparar o roubo e desvio de água, o que agrava ainda mais a precariedade das famílias, obrigadas a recorrer a qualquer meio para acessar o líquido vital.
Já em julho, Santiago vivia uma situação desesperadora, com previsões sombrias e bairros inteiros passando semanas sem receber o serviço. As imagens de pessoas carregando recipientes de todos os tipos tornaram-se cenas habituais na cidade.
A crise não se limita ao oriente. Em Centro Habana, moradores saíram para a rua Reina para protestar após se cansarem de viver entre cortes de água e apagões, um exemplo de como a desesperação começa a se traduzir em manifestações públicas de descontentamento.
Incluso em províncias centrais, os problemas são evidentes: em Sancti Spíritus, os moradores receberam água infestada de larvas, o que provocou indignação pela falta de higiene e a negligência das autoridades.
Perguntas frequentes sobre a crise da água e eletricidade em Cuba
Qual é a situação atual do abastecimento de água em Santiago de Cuba?
A situação do abastecimento de água em Santiago de Cuba é crítica, com amplas áreas que não recebem água há mais de 60 dias. A distribuição depende quase exclusivamente de caminhões-pipa devido à incapacidade do sistema Quintero para abastecer a cidade adequadamente.
Como a crise energética afeta o abastecimento de água em Cuba?
A crise energética limita severamente o funcionamento dos equipamentos de bombeamento, reduzindo sua operação a apenas quatro ou cinco horas por dia, o que é insuficiente para garantir um fornecimento estável de água. Isso também provoca que, ao restabelecer o serviço elétrico, os equipamentos levem horas para se estabilizar.
Quais alternativas existem para o acesso à água em Santiago de Cuba?
A única alternativa visível é a distribuição de água por meio de caminhões-pipa, embora essa solução seja insuficiente e enfrente problemas de logística e distribuição, além de não garantir um acesso equitativo para toda a população.
Como a falta de água e eletricidade afeta a vida diária em Cuba?
A falta de água e eletricidade interrompe a vida diária, obrigando as pessoas a improvisar soluções para necessidades básicas como cozinhar, armazenar alimentos e manter a higiene, o que gera um desgaste emocional e físico significativo entre os cidadãos.
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