O cubano Luis Sánchez, conhecido no TikTok como @bethechange80, provocou um aceso debate nas redes sociais após publicar um vídeo de quase dez minutos em que revisa sua vida na ilha e lança uma mensagem direta à comunidade emigrada: “Aqui se veio para trabalhar, aqui não se veio para ir a festas nem para se divertir”.
Sánchez assegura que sua história começa “como um salapastroso”, um menino que “nunca teve um brinquedo” e que “a maioria das suas noites ia para a cama com fome” sem conseguir dormir “pelo calor e pelos mosquitos”. Ele se lembra de que, aos 11 anos, foi enviado para as chamadas escolas no campo, onde —diz— “te arrancavam dos braços de sua mãe e de seu pai” para te enviar a “lugares aterrorizantes” onde “você podia se deparar tanto com um cavaleiro que ameaçava fazer coisas feias, quanto com 20 bichos-de-conta no prato de arroz”.
Aos 12 ou 13 anos, já cortava lenha, fazia carvão e buscava qualquer emprego para ganhar “meu dinheirinho”. Com o tempo, trabalhou em várias ocupações simultaneamente —desde consertar guarda-sóis e sapatos até ajudar na lavoura e trabalhar como economista— sem que isso fosse suficiente para viver. "Sempre havia um ministro ao qual você tinha que pedir permissão para sair de lá, e se ele concedesse, era com a condição de que você teria que pagar cinco anos da sua vida", denunciou.
Também se lembra dos dois anos de serviço militar obrigatório: “Você acha que alguém perguntou a mim se eu queria fazer isso? Se eu amava tanto a minha pátria a ponto de ir voluntariamente para aquele lugar, expor minha vida, sacrificá-la por quem?”.
Asegura que decidiu emigrar porque “nada nem ninguém me prendia, nunca gostei que alguém me controlasse”. Chegou aos Estados Unidos aos 28 anos, “sem mamãe ou papai aqui me esperando com tudo, com um carro, com um emprego”. Começou trabalhando em hotéis e farmácias CVS enquanto estudava inglês em tempo integral. Hoje diz ser cidadão americano, ter dois negócios, duas propriedades e ter trazido toda sua família.
A mensagem central do seu vídeo não deixa dúvidas: “Até que não deixem a baba que têm sobre Cuba, vocês não serão ninguém, nem aqui, em lugar nenhum... Eu respeito de coração que você ame Cuba, mas você saiu de Cuba porque Cuba não era o que você queria.”
Na descrição do vídeo, Sánchez escreveu: “Os cubanos precisam aprender a valorizar mais o que têm e o que conquistaram, e o mais importante, a liberdade. Menos reclamar, sair para festas, roubar, delinquir, manipular e mais superar-se. Aqui se vem para lutar e não pretenda conseguir aqui o que em toda uma vida não conseguiu em Cuba”.
Sua publicação, que acumula milhares de visualizações, polarizou os usuários. Entre as mensagens de apoio, destacam-se: “Você está absolutamente certo, aqui deve-se vir para avançar, e não para reclamar”; “Bravo por dizer isso sem medo, já chega de tanta vitimização”; ou “Excelente reflexão, isso é o que muitos não querem ouvir”.
Outros reagiram com críticas: “Irmão, cada um vive seu luto como pode, nem todos temos sua força”; “A vida em Cuba é dura, mas a emigração também, não é preto ou branco”; “Parece que você despreza aqueles que ainda querem voltar”; ou “Nem todos temos a mesma sorte que você, não compare”.
Também houve aqueles que buscaram um ponto intermediário: “Entendo seu ponto, mas nem todos os cubanos no exterior vêm nas mesmas condições”; “Esse orgulho de ter conseguido é válido, mas lembre-se de que nem todos têm as mesmas oportunidades”; “Tomara que mais pessoas pensassem assim e se concentrassem em se superar”.
O discurso de Sánchez ocorre em um contexto onde outras figuras do exílio enviaram mensagens semelhantes. Há poucos dias, o músico cubano-americano Willy Chirino afirmou em uma entrevista que “aqui não se vem para ser vagabundo e ficar em um canto bebendo cerveja, aqui se vem para trabalhar”, declarações que geraram polêmica e defesa pública por parte do locutor Enrique Santos e do apresentador Alexander Otaola.
No entanto, esse tipo de advertências aos recém-chegados não é novo. Em maio de 2024, Arguelles Positivo publicou um vídeo em que, após dar as boas-vindas aos novos migrantes, disse que “aqui não se vem para inventar” e alertou sobre a necessidade de independência e gratidão. Em fevereiro de 2025, o usuário @soy_edgy insistiu que “aqui se vem para trabalhar, não para chorar” e recomendou aprender inglês e evitar fofocas. E em junho de 2024, Dayanis, de Miami, lembrou que “viver à mercê das pessoas, tudo isso você deixa em Cuba”.
Em agosto de 2023, outra cubana, Rosa Sánchez, foi categórica: “Aqui se vem para trabalhar, para sofrer, para chorar”, lembrando que a vida nos Estados Unidos exige esforço constante e que as aparências nas redes sociais não refletem o sacrifício real.
A intensidade do atual debate, com Luis Sánchez como novo protagonista, confirma que as reflexões sobre trabalho, disciplina e adaptação no exílio cubano continuam gerando tanto adesão quanto repúdio.
Perguntas frequentes sobre a mensagem viral do cubano Luis Sánchez nos EUA.
Qual é a mensagem principal do cubano Luis Sánchez em seu vídeo viral?
A mensagem central de Luis Sánchez é que nos Estados Unidos é preciso trabalhar duro e deixar de lado as queixas e a nostalgia por Cuba. Sánchez critica aqueles que emigram, mas não valorizam as oportunidades de liberdade e superação que o país oferece, enfatizando a necessidade de esforço para alcançar o sucesso.
Por que o vídeo de Luis Sánchez gerou tanto debate nas redes sociais?
O vídeo polarizou opiniões porque Sánchez lança uma mensagem direta e crítica à comunidade emigrada, instando-os a trabalhar duro e deixar de lado a vitimização pela situação em Cuba. Enquanto alguns apoiam sua postura, outros consideram que sua mensagem ignora as dificuldades emocionais e as diferentes experiências dos emigrantes.
Como tem sido a vida de Luis Sánchez desde que emigrou para os Estados Unidos?
Luis Sánchez emigrou para os EUA aos 28 anos e começou a trabalhar em hotéis e farmácias enquanto estudava inglês. Com o tempo, ele se tornou cidadão norte-americano, conseguiu estabelecer dois negócios próprios e trouxe sua família para os EUA, demonstrando sua visão de sucesso por meio do esforço constante.
Que experiências de sua vida em Cuba Luis Sánchez compartilha em seu vídeo?
Sánchez recorda sua infância em Cuba como uma fase difícil, onde experimentou fome, pobreza e um sistema educacional repressivo nas escolas do campo. Além disso, fala da obrigatoriedade do serviço militar e da falta de liberdade pessoal, tudo isso influenciou sua decisão de emigrar.
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