“Dormiram no chão e sem comida!”: Mães denunciam abandono de crianças atletas em Cuba

Jovens canoístas ficaram presos em Santa Clara sem comida nem água após competirem, e os pais responsabilizam o INDER por desídia e indolência institucional.

Jovens atletas sofrem abandono institucionalFoto © Collage capturas do Facebook / Dporto Sports MEDIA

Um grupo de crianças atletas da Ilha da Juventude foi abandonado por mais de 20 horas na estação de trens de Santa Clara, sem acesso a comida, água ou condições mínimas para descansar, após participar nos Jogos Nacionais Escolares.

A ativista Lara Crofs, cujo nome real é Yamilka Lafita, repercutiu nas redes sociais uma denúncia que gerou indignação e se tornou viral.

A denúncia foi liderada por Arianny, mãe de um dos menores, que expôs que as crianças, com idades entre 13 e 15 anos, ficaram abandonadas sem que nenhuma autoridade do INDER ou do governo local oferecesse assistência real.

“Desde as 18h não comeram mais nada. Dormiam jogados no chão, exaustos, sem nem mesmo um lanche”, relatou Arianny.

Segundo seu testemunho, os menores não apenas foram ignorados pelas autoridades, mas também expostos a condições indignas, impróprias para qualquer ser humano, e muito menos para crianças que haviam representado sua província em um evento nacional.

Os pais, ao tentarem buscar respostas diante da situação, se depararam com evasivas, promessas vazias e comentários que consideraram ofensivos.

Foi informado que haveria uma escola de trânsito disponível em Mayabeque, a mais de 300 quilômetros, "quando chegassem", sem indicar como nem quando seriam trasladados, mas, de qualquer forma, os atletas passaram fome, cansaço e abandono.

“O INDER tem a capacidade de firmar contratos com técnicos estrangeiros, como o brasileiro Luizomar de Moura, mas não pode garantir o retorno seguro de crianças atletas para suas casas”, denunciou Crofs.

“Isso não é uma falha pontual. É um padrão de negligência que já faz parte do sistema”, acrescentou.

A disciplina do canoagem tem uma longa tradição na Ilha da Juventude, mas essa herança parece hoje abandonada pela desídia institucional.

O sacrifício dos treinadores e o esforço das famílias não encontram respaldo em uma estrutura estatal que perdeu a capacidade de garantir transporte, alimentação e, pelo menos, dignidade para seus atletas mais jovens.

O esporte em Cuba necessita de uma mudança profunda e real, onde os atletas sejam tratados com respeito e recebam o apoio e a atenção necessários para se desenvolver”, disse finalmente a ativista.

Dporto Sports MEDIA também deu destaque ao caso e publicou uma extensa mensagem no Facebook, onde compartilhou um vídeo enviado diretamente por Arianny, mãe de uma das crianças, que recorreu ao meio após esgotar, sem sucesso, todos os canais formais.

Em sua denúncia, a mãe detalhou que a equipe de canoagem da Ilha da Juventude, disciplina considerada a insignia do município especial, foi vítima de uma série de negligências que incluíram não apenas a espera interminável na terminal de Santa Clara, mas também uma total falta de apoio logístico antes, durante e depois do evento.

“Desde ontem às seis da tarde, quando comeram na sede do evento em Cienfuegos, até que embarcaram no trem, não tinham água nem lanche. A única coisa que comeram em 23 horas foi um pão com croqueta”, escreveu Arianny.

Segundo seu testemunho, os menores foram enviados depois para uma escola de trânsito em Mayabeque, com condições muito precárias, enquanto as autoridades do INDER ofereceram como única resposta que ali eles poderiam “comer e descansar” pelo que foi realizado.

A mãe denunciou também que, há meses, os pais da equipe vêm alertando sobre a precariedade do esporte na Ilha: a equipe não possui um bote K4 para competir, a direção do INDER se negou a comprar um, apesar de haver produtores privados em Villa Clara, e este foi o único evento que puderam participar no ano, pois não foram geridos os passagens nem um caminhão para transportar os botes.

Isso aconteceu porque os pais reclamaram. Não é interesse de ninguém. O diretor do INDER não atende o telefone. Tudo foi por falta de gestão”, insistiu Arianny, que também destacou que, apesar de tudo, dois dos atletas pineros foram selecionados para a equipe nacional graças ao seu desempenho nesses Jogos.

Desde Dporto Sports MEDIA criticaram arduamente o abandono institucional e questionaram: “Para que fazer um evento sem ter as condições mínimas para evitar coisas tão criticáveis como estas?”.

E concluíram com uma mensagem direta: “Mas não se vinguem de mim. Concentrem-se em resolver essas situações e esqueçam-se do simples mensageiro. No final das contas, quem está passando por esse momento muito desagradável são essas crianças. Isso é o que realmente deveria preocupar e interessar”.

Perguntas Frequentes sobre o Abandono de Crianças Atletas em Cuba

O que aconteceu com as crianças atletas na estação de trens de Santa Clara?

Um grupo de crianças atletas da Ilha da Juventude foi abandonado por mais de 20 horas na estação de trens de Santa Clara, sem acesso a comida, água ou condições mínimas para descansar, após participar dos Jogos Nacionais Escolares. Não receberam assistência nem apoio logístico das autoridades do INDER nem do governo local.

Como reagiram as autoridades diante da situação dos jovens atletas?

As autoridades do INDER e do governo local ofereceram evasivas e promessas vazias sem fornecer soluções reais para o retorno seguro das crianças aos seus lares. A única resposta foi indicar que havia uma escola de trânsito disponível em Mayabeque, sem especificar como chegariam lá.

¿Qué denuncia a ativista Lara Crofs sobre o sistema esportivo em Cuba?

Lara Crofs, ativista cubana, denuncia um padrão de negligência no sistema esportivo de Cuba, que afeta o desenvolvimento e bem-estar dos jovens atletas. Critica a capacidade do INDER para assinar contratos com técnicos estrangeiros enquanto falha em garantir condições dignas e seguras para os atletas.

Qual é o impacto da desídia institucional no esporte da Ilha da Juventude?

O abandono institucional fez com que a disciplina do canoísmo, com longa tradição na Ilha da Juventude, parecesse hoje abandonada. Os treinadores e famílias sacrificam muito esforço, mas não encontram apoio em uma estrutura estatal incapaz de garantir, ao menos, o transporte e a alimentação para seus atletas.

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