Fala a mãe do jovem que faleceu após ser atropelado por um Tesla em piloto automático na Flórida

O veredicto, emitido em 1º de agosto, obriga a empresa a pagar mais de 240 milhões de dólares em danos compensatórios e punitivos.

Foto © Collage YouTube/Captura de Tela-Telemundo 51

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Mais de seis anos depois de perder Naibel Benavides León em um acidente causado por um Tesla em piloto automático, sua mãe e sua irmã quebraram o silêncio em um depoimento exclusivo após a recente vitória legal que busca chamar a atenção para os limites da tecnologia e a responsabilidade empresarial.

“É justiça”, disse Marilin León, mãe da jovem, ao se referir ao veredicto que responsabiliza parcialmente a Tesla e lhe ordena a pagar mais de 240 milhões de dólares.

“Que se revise a tecnologia e que nenhuma outra família tenha que passar lamentavelmente pelo que nós estamos atravessando”, acrescentou em declarações a Telemundo 51.

Marilin não falou a partir do ressentimento, mas sim da dor de uma perda que -como explicou- ainda se sente em sua casa.

“Era estudiosa, trabalhadora, uma pessoa que sempre irradiava alegria, que às vezes, mesmo quando se tinha um dia ruim, conseguia alegrá-lo com suas ocorrências. Chego em casa e sinto sua risada, e é muito triste”, confessou entre lágrimas.

A irmã da jovem falecida, Neima Benavides, foi ainda mais direta ao questionar a atuação da Tesla.

“Essa noite a tecnologia falhou”, afirmou. “A Tesla tinha a informação e sempre negou. Sabíamos que não seria fácil”, acrescentou com firmeza.

Neima denunciou que a empresa ocultou dados-chave do veículo, incluindo registros e gravações captadas segundos antes do acidente.

“Naquela noite, a tecnologia poderia ter evitado que esse acidente acontecesse ou que, pelo menos, fosse menos severo”, insistiu.

O acidente: O que as imagens mostram

As declarações da família coincidem com uma prova revelada recentemente: o vídeo do acidente publicado pela Reuters, que mostra como o Tesla Model S -em piloto automático- se dirige diretamente para o veículo estacionado das vítimas, sem frear ou desviar, após atravessar uma interseção.

A autenticidade do vídeo foi confirmada pelas autoridades a partir da análise da estrada, sinalização e postes visíveis na gravação, que coincidem com imagens de satélite e de arquivo. A data também foi verificada.

Esse fragmento audiovisual se tornou uma peça central do julgamento que -após anos de litígios- terminou com uma sentença inédita.

O veredicto: Um precedente judicial contra a Tesla

Um júri federal em Miami concluiu que a Tesla era parcialmente responsável pelo acidente ocorrido em 2019 nos Cayos da Flórida, quando Naibel e seu parceiro, Dillon Angulo, estavam fora de seu Chevrolet Tahoe, parado no acostamento.

O Tesla Model S os impactou enquanto operava em modo de condução assistida.

A resolução incluiu:

-129 milhões de dólares em danos compensatórios.

-200 milhões de dólares em danos punitivos.

De danos compensatórios, a Tesla deverá arcar com 33%, ou seja, 42,6 milhões de dólares

O restante da responsabilidade foi atribuído ao motorista do Tesla, George McGee, que não está formalmente acusado. Ele não precisará pagar sua parte correspondente da decisão.

A defesa da Tesla: Apelação e negação

A Tesla afirmou que o acidente não foi causado pelo Autopilot, mas sim por uma distração do motorista.

Em declarações após o veredicto, a empresa indicou que apelará da decisão, argumentando que nenhum veículo - em 2019 nem hoje - teria conseguido evitar o acidente.

“O veredicto de hoje está incorreto e apenas serve para atrasar a segurança automotiva e colocar em risco os esforços da Tesla e de toda a indústria para desenvolver e implementar tecnologia que salva vidas”, afirmou a empresa em um comunicado enviado à imprensa.

Um caso que pode marcar um antes e um depois

O que diferencia este caso de outros é que não foi arquivado nem resolvido fora dos tribunais. O julgamento chegou ao fim após três semanas de audiências públicas, algo incomum em processos contra a Tesla.

Segundo o advogado Miguel Custodio, que não está vinculado ao processo, a decisão “abrirá as comportas” para novas ações legais.

Além do impacto legal, o caso tem implicações em um momento crucial para Elon Musk, que planeja lançar em breve um serviço de táxis autônomos em várias cidades.

Enquanto a empresa insiste que o piloto automático é seguro, as imagens do acidente e os testemunhos da família Benavides se levantam como um aviso sobre os limites dessa promessa.

Perguntas frequentes sobre o acidente do Tesla em piloto automático na Flórida

Qual foi o veredicto do julgamento contra a Tesla pelo acidente na Flórida?

O veredicto declarou a Tesla parcialmente responsável pelo acidente e ordenou que pagasse mais de 240 milhões de dólares em danos compensatórios e punitivos. A Tesla deverá cobrir 33% dos danos compensatórios, equivalente a 42,6 milhões de dólares.

Qual foi o papel do piloto automático da Tesla no acidente?

O piloto automático estava ativado quando o acidente ocorreu, e foi argumentado que o sistema falhou em evitar a colisão. A ação processual acusou a Tesla de defeitos de design e de não advertir adequadamente sobre os riscos de seu sistema Autopilot.

Por que o julgamento contra a Tesla é considerado um precedente judicial?

O caso não foi arquivado nem resolvido fora dos tribunais, o que o torna um precedente importante para futuras ações relacionadas ao piloto automático da Tesla. A decisão pode abrir as portas para novas ações legais semelhantes.

Quais ações legais adicionais a Tesla poderia enfrentar após este veredicto?

O veredicto pode encorajar uma onda de processos similares, já que foi estabelecido que o Autopilot foi um “fator substancial” no acidente. Isso pode levar a um maior escrutínio sobre a tecnologia e sobre como a Tesla comunica os riscos de seu uso.

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