Por ocasião do 26 de julho, Lukashenko reafirma promessas de cooperação com Cuba em energia, transporte e indústria

Em meio a uma crise interna marcada por apagões e escassez, o regime cubano reforça suas alianças internacionais com governos autoritários como o da Bielorrússia, promovendo acordos em setores-chave enquanto cresce o mal-estar social dentro da ilha.

Alexander Lukashenko e Raúl Castro junto a Díaz-Canel em Ciego de ÁvilaFoto © Collage/Facebook/Presidência Cuba

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Enquanto o regime cubano comemora mais um aniversário do 26 de Julho entre apagões intermináveis, hospitais colapsados e prateleiras vazias, o ditador bielorrusso Alexander Lukashenko aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem de “apoio e cooperação” ao seu aliado Miguel Díaz-Canel, com quem estreitou laços há apenas um mês durante uma visita oficial marcada por presentes luxuosos, gestos simbólicos e promessas distantes.

En seu cumprimento, Lukashenko elogiou a “resiliência do povo cubano” e reiterou sua , ressaltou uma nota da agência estatal de notícias bielorrussa BelTa.

“Conseguimos resultados significativos em áreas tão promissoras quanto a segurança alimentar e a modernização industrial”, assegurou o mandatário bielorrusso.

O mensagem, no entanto, contrasta com a angustiante realidade de milhões de cubanos que enfrentam cortes de energia de até 24 horas, escassez de medicamentos, inflação descontrolada e uma migração em massa que não se detém.

Durante sua recente visita a Minsk, Díaz-Canel presenteou Lukashenko com charutos, rum e camisetas personalizadas, que por sua vez lhe ofereceu flores e doces típicos, enquanto estudantes cubanos protestavam nas universidades pelo aumento das tarifas de internet e a população se perguntava se há futuro na ilha.

Ambos governos compartilham não apenas uma proximidade política com Moscovo, mas também uma visão autoritária do poder e um histórico de repressão documentado por organismos internacionais.

As promessas de cooperação, como a montagem de maquinário agrícola, projetos conjuntos de biotecnologia ou centros turísticos de sanatórios, continuam sem se traduzir em melhorias reais para os cubanos.

“Havana e Minsk construíram sua cooperação exclusivamente com base na amizade”, insistiu Lukashenko. Mas para muitos cidadãos dentro de Cuba, essa “amizade” parece beneficiar apenas aqueles que viajam em aviões da Venezuela, dormem em hotéis cinco estrelas e participam de cúpulas internacionais.

A mensagem do 26 de Julho também serve para reforçar uma narrativa oficialista que busca apresentar Cuba como um ator geopolítico relevante, mesmo quando as condições internas são alarmantes.

Díaz-Canel propôs até criar na ilha um centro logístico para redistribuir produtos da União Econômica Euroasiática para a América Latina, uma ideia que poucos consideram viável dadas as condições atuais de infraestrutura e conectividade.

Enquanto isso, o governo cubano continua a culpar o “bloqueio” por todos os males, ao mesmo tempo em que estreita laços com regimes sancionados como Rússia, Belarus, Irã ou Venezuela.

Perguntas Frequentes sobre a Cooperação entre Cuba e Bielorrússia

O que Alexander Lukashenko prometeu a Cuba em sua mensagem de 26 de Julho?

Alexander Lukashenko prometeu fortalecer a cooperação com Cuba em setores estratégicos como energia, transporte, indústria, biotecnologia e saúde. Sua mensagem busca reforçar os laços com o regime de Miguel Díaz-Canel, em meio a uma crise interna em Cuba caracterizada por apagões, escassez de medicamentos e inflação.

Quais áreas de cooperação foram identificadas entre Cuba e Bielorrusia?

Cuba e Bielorrússia identificaram áreas de cooperação na indústria alimentícia, na produção conjunta de máquinas agrícolas, na biotecnologia, na mineração, na energia e no setor de saúde. Embora acordos tenham sido assinados nesses setores, os resultados tangíveis para a população cubana ainda não foram vistos, aumentando o ceticismo sobre a eficácia dessas alianças.

Como a situação interna de Cuba afeta a cooperação com a Bielorrússia?

Apesar das promessas de cooperação, a situação interna de Cuba, marcada por apagões de até 24 horas, escassez de alimentos e medicamentos, e um descontentamento social crescente, dificulta a implementação efetiva dos acordos com a Bielorrússia. As condições atuais de infraestrutura e conectividade impõem desafios significativos para projetos como a criação de um centro logístico proposto por Díaz-Canel.

Qual é o simbolismo da relação entre Cuba e Bielorrússia?

A relação entre Cuba e Bielorrússia está carregada de simbolismo político e geopolítico. Ambos os governos compartilham uma visão autoritária do poder e têm sido aliados da Rússia, o que reforça sua aliança em um contexto internacional adverso. No entanto, essa relação também reflete a desconexão entre as elites do poder e as realidades de seus povos, uma vez que não se traduziu em melhorias concretas para os cidadãos comuns.

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