Pedro Lorenzo, um migrante cubano com três filhos nascidos nos Estados Unidos e que já havia cumprido uma pena por um crime cometido no passado, foi detido no dia 8 de julho, quando se apresentou voluntariamente no escritório de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) em Miramar, Florida, para um controle de rotina.
Lorenzo, que comparecia regularmente para manter ativo seu visto de trabalho e cumprir com os requisitos estabelecidos pelo ICE, foi preso inesperadamente, apesar de estar em conformidade com suas obrigações legais, denunciou sua esposa, Daymaris Lorenzo, em um emotivo vídeo publicado no Facebook.
A mulher reiterou que Lorenzo foi ao centro apesar do medo de ser detido, com a intenção de "fazer as coisas certas".
Atualmente, encontra-se recluso no centro de detenção "Alligator Alcatraz", localizado no coração dos Everglades, e apontado por organizações de direitos humanos como um local com condições desumanas e degradantes.
Daymaris denunciou que Lorenzo não foi acusado de nenhum novo delito e que sua detenção é puramente administrativa.
"Não está preso por um crime, estava se reportando como lhe exigiram. Mas agora estão tratando-o pior do que se fosse um criminoso," relatou.
Agregou que as condições dentro do centro têm sido descritas como psicologicamente tortuosas.
Segundo os testemunhos, aos detidos não são apagadas as luzes para descansar, eles dormem apenas duas horas por dia, não recebem refeições quentes e são alimentados de forma irregular, às vezes com simples sanduíches.
“Se alguém se sente mal, apenas medem a pressão e não recebem a atenção médica adequada. Não têm acesso a telefones, nem mesmo a papel ou lápis para anotar o número de telefone de seus filhos. Estão incomunicados e tratados como cães”, lamentou.
Desde as 18h do dia anterior, Pedro Lorenzo iniciou uma greve de fome em protesto por sua situação. Até o momento, não recebeu informações claras sobre seu status migratório nem teve acesso a assistência legal.
“Alligator Alcatraz” tem sido alvo de numerosas críticas desde a sua inauguração. De acordo com uma investigação recente do The Miami Herald e do Tampa Bay Times, mais de 55% dos mais de 700 detidos são originários da Guatemala, México e Cuba. A maioria dos internos enfrenta apenas acusações migratórias, sem antecedentes criminais graves.
Um relatório legislativo qualificou as condições no centro como "desumanas", mencionando jaulas superlotadas, calor extremo, umidade sufocante, escassez de água potável e alimentos estragados. A Arquidiocese de Miami denunciou que o centro atenta contra a dignidade humana e representa uma solução "corrosiva e inadequada".
Em paralelo, a administração do presidente Donald Trump anunciou a construção de cinco novos megacentros de detenção inspirados no modelo de Alligator Alcatraz, desencadeando uma onda de preocupação entre defensores dos direitos civis.
Perguntas frequentes sobre a detenção de migrantes no Alligator Alcatraz
Por que Pedro Lorenzo foi detido em Alligator Alcatraz?
Pedro Lorenzo foi detido por razões administrativas quando se apresentou voluntariamente no escritório do ICE em Miramar para um controle de rotina, apesar de estar cumprindo com suas obrigações legais e não ter cometido um novo delito.
Quais são as condições de detenção em Alligator Alcatraz?
As condições em Alligator Alcatraz são consideradas desumanas e degradantes por organizações de direitos humanos. Os detidos enfrentam superlotação, calor extremo, falta de água potável e alimentos estragados. Além disso, não têm acesso adequado a cuidados médicos nem a comunicações externas.
Que ações estão tomando os detidos em protesto por sua situação?
Alguns detidos, como Pedro Lorenzo, iniciaram greves de fome em protesto contra as condições desumanas e a falta de clareza sobre seu status migratório. Essas ações buscam chamar a atenção para sua situação e exigir um tratamento mais humano.
Que medidas as autoridades tomaram em relação às denúncias sobre Alligator Alcatraz?
Apesar das numerosas denúncias de congressistas, organizações de direitos humanos e familiares de detidos, as autoridades continuaram a operar o centro com pouca transparência e supervisão externa, embora algumas realocações para centros como Krome tenham começado.
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