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Em uma declaração publicada pela Arquidiocese de Miami, o arcebispo Thomas Wenski expressou sérias preocupações sobre a atual aplicação das leis de imigração nos Estados Unidos, particularmente após a abertura do novo centro de detenção para imigrantes no Aeroporto Dade-Collier, conhecido como "Alligator Alcatraz".
Wenski lembrou que os bispos dos Estados Unidos há anos defendem "reformas que melhorarão nosso sistema migratório, respeitarão a dignidade humana e promoverão o bem comum".
Segundo o prelado, embora o governo tenha conseguido controlar eficazmente a fronteira e atue com firmeza contra aqueles que cometem crimes graves, a maioria dos imigrantes são "trabalhadores e honestos" e apenas busca um futuro melhor para si e suas famílias.
O arcebispo alertou sobre a diversidade de situações legais dos imigrantes que estão no país.
Muitos deles, embora não tenham status legal permanente, possuem proteção temporária como o TPS, liberdade condicional ou pedidos de asilo pendentes.
"Alguns (haitianos, cubanos, venezuelanos e nicaraguenses) chegaram com vistos humanitários especiais válidos por dois anos, mas as condições em seus países de origem ainda não melhoraram", detalhou, em alusão aos beneficiários do programa de parole humanitário, revogado por Donald Trump.
Wenski destacou que deportar imigrantes que já contribuem para o bem-estar do país "só agravará" a atual escassez de mão de obra em setores-chave como saúde, serviços e agricultura.
"Em vez de gastar bilhões em deportar pessoas que já contribuem positivamente para o bem-estar de nossa nação, seria mais sensato do ponto de vista financeiro e moral que o Congresso, em colaboração com a Administração, ampliará as vias legais para regularizar sua situação", afirmou.
Preocupação com as condições no "Alligator Alcatraz"
Quanto ao recém-inaugurado centro de detenção no condado de Collier, Wenski pediu uma avaliação dos avanços na aplicação das leis de imigração e reiterou a "necessidade de medidas que vão além das puramente coercitivas".
Criticou duramente o uso de práticas intimidatórias e questionou o tratamento de todos os imigrantes irregulares como criminosos perigosos.
"Os agentes encapuzados e fortemente armados que não se identificam durante as atividades de controle são surpreendentes, assim como a aparente falta de devido processo nos procedimentos de deportação dos últimos meses", apontou.
Além disso, qualificou de "intencionalmente provocadora" a retórica de alguns funcionários públicos, particularmente quando se refere à presença de jacarés e pitões ao redor do centro de detenção.
"É inapropiado para os funcionários públicos e corrosivo para o bem comum falar sobre o valor dissuasório dos 'jacarés e píton'", disse.
"A decência comum exige que recordemos que as pessoas detidas são pais e mães, irmãos e irmãs de familiares em dificuldades", sublinhou.
Também expressou preocupação com as condições físicas do centro: seu isolamento geográfico, a precariedade das estruturas de tendas sob o calor extremo da Flórida e a falta de acesso rápido a serviços médicos. A isso se soma o risco potencial em caso de furacões, dada a vulnerabilidade da instalação.
Chamado à oração e ao compromisso ético
Wenski pediu que os capelães e ministros pastorais possam atender os migrantes sob custódia.
Por último, concluiu sua mensagem com um apelo à compaixão e à ação espiritual.
"Orem por nossos funcionários do governo, pelas pessoas sob custódia da imigração e suas famílias, pelos que trabalham na aplicação da lei, e pela justiça para todos nesta nação, cuja prosperidade os imigrantes sempre contribuíram", pediu.
A declaração do sacerdote chega em um momento em que se intensificam os debates sobre política migratória, detenções, deportações e o respeito aos direitos humanos dentro dos centros de detenção nos Estados Unidos.
Perguntas Frequentes sobre a Crítica à Política Migratória de Trump e o Centro "Alligator Alcatraz"
Que críticas o arcebispo de Miami expressou sobre as políticas migratórias de Trump?
O arcebispo Thomas Wenski criticou a política migratória de Trump por sua dureza e falta de humanidade. Em sua declaração, destacou que a maioria dos imigrantes são trabalhadores e honestos, e que deportar aqueles que contribuem para o bem-estar do país apenas agravaria a escassez de mão de obra em setores chave como a saúde e a agricultura.
Por que se chama "Alligator Alcatraz" o novo centro de detenção de imigrantes na Flórida?
O centro de detenção chama-se "Alligator Alcatraz" por sua localização nos Everglades, cercado por jacarés e pítons. Essa denominação também evoca a prisão de Alcatraz, sugerindo um ambiente intimidador e isolado para os detidos. A crítica se concentra nas condições desumanas e no uso do ambiente natural como uma barreira dissuasória.
Quais são as preocupações sobre o centro de detenção "Alligator Alcatraz"?
As preocupações incluem condições desumanas, a falta de devido processo e o impacto ambiental nos Everglades. Foi criticado o isolamento geográfico do centro, a precariedade das estruturas de tendas no calor extremo da Flórida, bem como a falta de acesso a serviços médicos. Além disso, existem críticas sobre o impacto ecológico e social do projeto.
Que impacto as políticas migratórias de Trump poderiam ter em setores econômicos chave?
As políticas migratórias de Trump podem agravar a escassez de mão de obra em setores como saúde, agricultura e construção. A deportação em massa de imigrantes pode impactar negativamente a economia, especialmente em estados como a Flórida, onde uma grande parte da força de trabalho nesses setores é composta por imigrantes.
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