“Sinto que ganhei o ouro da minha vida”: Paratleta cubano recebe nacionalidade chilena

Yunerki Ortega busca agora se classificar para os Jogos Paralímpicos de Los Angeles 2028 e sonha em se reencontrar com sua mãe em seu novo país.

Yunerki Ortega PonceFoto © Calixto N. Llanes/JIT

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A história de Yunerki Ortega Ponce, como a de tantos cubanos que fincaram raízes longe de sua terra, é uma mistura de dor, resiliência e esperança. Nesta terça-feira, sua vida deu uma virada emocional e simbólica, quando o Senado chileno aprovou o projeto de lei que lhe concede a nacionalidade por graça, e o atleta não conseguiu conter as lágrimas.

“Sinto uma alegria tremenda, como se tivesse ganhado uma medalha de ouro olímpica... mas isso é maior”, declarou à El Deportivo, com o coração ainda agitado pela notícia. Ortega, que chegou ao Chile como parte de uma delegação esportiva para os VII Jogos Parapanamericanos Santiago 2023, reconstruíu sua vida e sua carreira com disciplina e dedicação.

Antes de perder a visão, praticava karatê. Mas foi na escuridão que encontrou uma nova luz: a natação paralímpica, na qual se lançou sem saber nadar. “Falaram-me sobre o esporte paralímpico em 2015. Eu não sabia nadar, mas aceitei o desafio. Em um ano e meio já estava na seleção e ganhei medalha nos Jogos Parapan-Americanos”, conta com orgulho.

Hoy, como triatleta, faz parte da seleção chilena e há apenas três semanas conquistou a medalha de bronze em uma competição continental na Colômbia. “Levei o Chile ao pódio. Estive entre as bandeiras premiadas”, celebra.

Embora o reconhecimento seja motivo de festa, Yunerki tem um motivo ainda mais íntimo para se emocionar: sua mãe. “Isso me aproxima do que mais anseio: ter minha mãe comigo. Poder abraçá-la neste grande país que nos abre as portas”, diz comovido. Seu sonho agora é trazê-la legalmente para o Chile e viver ao lado dela o fruto de tantos sacrifícios.

“Ontem conversei com ela e ela está super emocionada. Sabe que isso nos aproxima mais. Está feliz e eu também”, expressou.

Oriundo de Ranchuelo, em Villa Clara, desapareceu em 17 de novembro de 2023 da Villa Panamericana em Santiago do Chile. Ele havia terminado de competir nos 50 metros livres categoria S11 (para atletas cegos) e ocupou um modesto quinto lugar. Mas esse resultado foi o de menos. Naquela noite, o nadador cubano fez as malas e partiu em silêncio, sem avisar a ninguém.

A chefia da delegação cubana denunciou seu desaparecimento perante os Carabineros. As câmeras não registraram sua saída. O boletim oficial o reportou como “extraviado”, mas o que realmente aconteceu foi que este jovem rompeu as correntes de um sistema que lhe negava o direito de decidir seu futuro.

Ortega não se esquece de quem o apoiou em sua travessia. Agradeceu especialmente à deputada Érika Olivera, ao Congresso e a todos que o ajudaram desde sua chegada. “Há muita gente que me estendeu a mão. Agradeço a Alberto Maresma, que me acolheu em sua casa desde o primeiro dia, e a Mijail Bonito. E mais uma vez à deputada, por seu grande coração”, expressou.

Mais além do esporte, Yunerki quer ser um exemplo para outros jovens. “Quero ser uma inspiração para as crianças. Quero que vejam que nunca se deve desistir, nem mesmo diante da adversidade”, afirma.

Com o olhar voltado para os Jogos Paralímpicos de Los Angeles 2028, Ortega treina diariamente com um objetivo claro: “Quero levar o para triatlo chileno ao mais alto nível. É a minha maneira de retribuir tudo o que este país fez por mim.”

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