Um jovem cubano que trabalha em um supermercado no Brasil compartilhou nas redes sociais sua experiência laboral como migrante, em uma série de vídeos que geraram centenas de reações, tanto de apoio quanto de reflexão.
ArielSteel, como se identifica no TikTok (@ariel.prez65), explicou que seu trabalho no supermercado é combinado com a criação de conteúdo para as redes sociais e afirmou que seu propósito não é reclamar, mas mostrar como é o dia a dia de muitos emigrantes. “Os que trabalhamos em shoppings, lojas e supermercados não temos dia de descanso… literalmente”, comentou em seu primeiro vídeo, embora depois tenha esclarecido que têm, sim, um dia livre por semana, como estabelece a legislação trabalhista brasileira.
No vídeo, Ariel descreve as tarefas habituais de seu trabalho: descarregar mercadorias, organizar prateleiras, recolher produtos deixados nos corredores e atender o público. “Há clientes que nos tratam como macacos na parede”, lamentou. Ele também apontou que, em algumas ocasiões, já presenciou situações incômodas, como furtos ou crianças quebrando itens sem supervisão. “Digo isso para que as pessoas sejam mais conscientes quando forem ao supermercado”, acrescentou.
“Quanto melhor você trabalha, mais trabalho te dão.”
Em uma segunda publicação, Ariel compartilhou o que considera os aspectos mais negativos de seu emprego. Ele falou sobre o favoritismo de alguns chefes em relação a certos funcionários, sobre a forma como às vezes são atribuídas tarefas fora do contrato e sobre como os trabalhadores migrantes costumam ser os mais exigidos. “Quanto melhor você faz seu trabalho, mais trabalho te dão”, disse. “Há dias em que, se não há muito o que fazer, nos colocam para limpar, organizar ou realizar tarefas que não fazem parte do contrato”.
Apesar disso, Ariel esclareceu que está agradecido pelo seu emprego e que não pretende reclamar. “Trabalho chova, troveje ou relampeje… porque acreditem, meu papel de hula não vai pagar as contas”, expressou. Ele também se referiu à sua deficiência física, que não tem sido um impedimento para cumprir com suas responsabilidades: “Aqui vem-se para trabalhar”.
Uma história que conecta com outros migrantes
As publicações de ArielSteel receberam comentários de dezenas de pessoas que compartilham trabalhos semelhantes, tanto cubanas quanto brasileiras e venezuelanas. Alguns se identificaram com suas experiências, outros ofereceram conselhos sobre direitos trabalhistas, e não faltaram aqueles que questionaram seu ponto de vista ou o convidaram a mudar de emprego.
Um país com oportunidades… e desafios
A história de Ariel se inscreve em um contexto de crescimento da migração cubana para o Brasil, e em particular para a cidade de Curitiba, onde muitos buscam estabilidade e oportunidades de emprego. Em 2024, mais de 22 mil cubanos solicitaram asilo no país, o dobro do ano anterior, segundo dados citados pela Bloomberg. Curitiba viu sua comunidade cubana crescer de forma notável, graças a redes de apoio, grupos em redes sociais e uma percepção de maior estabilidade em comparação com a ilha.
“Aqui, pelo menos, posso viver como pessoa”, disse um dos migrantes entrevistados em um recente reportagem da CiberCuba.
Diversidade de vivências
Outros cubanos no Brasil também compartilharam suas próprias experiências. A usuária @studiodaysantoya, profissional de saúde, elogiou a infraestrutura médica do país, mas criticou a abordagem diagnóstica superficial de alguns médicos, recomendando a contratação de um seguro privado, se possível.
Por sua vez, @soy_yu1990 alertou sobre o aumento do custo de vida, comparando suas compras atuais com as de anos anteriores: “Antes, com 600 reais eu comia o mês todo; agora gasto 100 dólares por semana.”
Um jovem cubano no TikTok lançou um aviso àqueles que emigram esperando resultados imediatos: “Aqui é possível, mas é preciso seguir em frente”. Enquanto isso, @yaicontigo refletiu sobre erros comuns ao emigrar, como confiar demais nos outros ou gastar sem planejamento.
Uma mensagem com eco
Os vídeos de ArielSteel conseguiram conectar-se com muitas pessoas que vivem situações semelhantes. Embora mostrem desconfortos e obstáculos, também transmitem resiliência. “Vou trabalhar faça chuva, faça sol ou faça relâmpago”, disse com convicção. Sua história não pretende generalizar, mas sim acrescentar uma voz a uma conversa cada vez mais ampla sobre o que significa ser migrante cubano hoje: esforço, resiliência e vontade de vencer, mesmo quando o caminho não é fácil.
Perguntas frequentes sobre a experiência de trabalho de migrantes cubanos no Brasil
Quais são os principais desafios que os migrantes cubanos enfrentam ao trabalhar em supermercados no Brasil?
Os migrantes cubanos no Brasil enfrentam desafios como trabalhar longas horas sem descanso e realizar tarefas fora de seu contrato de trabalho. Além disso, às vezes experimentam tratamento desfavorável por parte de alguns clientes e favoritismo dos chefes em relação a certos empregados. ArielSteel, um cubano trabalhando em um supermercado, compartilhou como essas situações fazem parte do seu dia a dia, embora destaque que não se queixa de seu trabalho e segue em frente com resiliência.
Como a cultura laboral brasileira afeta os migrantes cubanos?
A cultura laboral brasileira pode ser exigente para os migrantes cubanos, que devem se adaptar às expectativas de comprometimento constante e evitar dar a impressão de estarem desocupados. Recomenda-se manter um perfil discreto, ser pontual e evitar conflitos com outros funcionários. ArielSteel e outros migrantes compartilharam nas redes sociais dicas para lidar com a cultura laboral do Brasil, enfatizando a importância da resiliência e do esforço.
O que os migrantes cubanos acham sobre as oportunidades no Brasil?
Muitos migrantes cubanos consideram que o Brasil oferece oportunidades de trabalho e estabilidade em comparação com Cuba, embora não sem esforço e sacrifício. O sucesso depende da disposição para trabalhar duro e se adaptar às condições locais. Apesar dos desafios, alguns migrantes, como ArielSteel, destacam que é possível melhorar a qualidade de vida se estiver disposto a enfrentar as dificuldades do caminho.
Como é percebida a comunidade cubana no Brasil?
A comunidade cubana no Brasil está em crescimento e é percebida como resiliente e trabalhadora. Em cidades como Curitiba, a comunidade cresceu graças a redes de apoio e uma percepção de estabilidade. Muitos cubanos se apoiam mutuamente, compartilhando experiências e conselhos sobre como se adaptar e prosperar em seu novo ambiente.
Arquivado em:
