Os excessos do Serviço Militar Ativo em Cuba voltam a ser notícia. Desta vez, depois que um vídeo gravado em uma suposta Unidade de Infantaria de San José foi divulgado. O audiovisual mostra um oficial maltratando um jovem soldado, a quem obriga a fazer agachamentos carregando um peso sobre os ombros, desproporcional para sua musculatura e, com toda certeza, para a alimentação que recebe durante sua estadia no Exército.
"Quem esteve no Serviço Militar sabe que isso é uma pequena amostra do verdadeiro horror", escreveu o jornalista da CiberCuba Magdiel Jorge Castro, em uma postagem compartilhada em seu perfil na rede social X (antes Twitter).
Os excessos e o maltrato mostrados no vídeo indignaram e mobilizaram as redes sociais, que pedem colaboração cidadã para identificar o oficial que protagoniza este novo capítulo de horrores no Serviço Militar Obrigatório em Cuba. E como não há nada oculto entre céu e terra, um usuário de forma anônima identificou o militar.
Segundo explica, estava quando ele passou a prévia em Tapaste e depois, meses depois, em San José. "É um tremendo abusador. Estava sempre na mesma com os soldados, testando força e abusando. O que eu não me lembro é do nome", escreveu.

Entre os rostos conhecidos que levantaram a voz contra o maltrato exibido no vídeo gravado na Unidade de Infantaria de San José está o humorista Andy Váquez, que em seu perfil no Instagram alerta que o jovem recruta poderia ter se suicidado após ser chutado e empurrado para trás.
Na sua opinião, por trás desse tipo de abusos estão os casos de suicídios que ocorrem constantemente no Serviço Militar. "Vamos ajudar a identificar esse grande HP que faz isso. Alguém deve conhecê-lo. Vamos torná-lo famoso", aponta o humorista em referência ao militar que comete o abuso de poder.
As imagens gravadas supostamente em San José se somam à longa lista de injustiças que frequentemente ocorrem nesta etapa de formação militar obrigatória a que são submetidos os jovens cubanos ao final da etapa pré-universitária. Aqueles que não conseguiram se livrar confirmam que o que é visto neste vídeo é bastante comum, normalmente como forma de punição.
Não é de se estranhar que com esses trovões, aumentem os suicídios, acidentes e fugas de jovens na idade de realizar o Serviço Militar. O mais recente ocorreu em maio passado quando dois recrutas morreram após serem atropelados por um ônibus em áreas da Zona Especial de Desenvolvimento do Mariel (ZEDM), na província de Artemisa, conforme confirmaram diversos relatos, embora fontes oficiais tenham se calado sobre o que ocorreu.
Também em maio, um jovem cubano, identificado como Léster Álvarez, supostamente tirou a própria vida enquanto cumpria o Serviço Militar Ativo na prisão de Ariza, na província de Cienfuegos. A notícia causou profunda consternação entre vizinhos e familiares.
Uno dos casos mais midiáticos foi o da morte do jovem Adrián Rodriguez García, falecido aos 19 anos, enquanto cumpria o Serviço Militar. Ele já havia terminado os dois anos obrigatórios, mas foi mantido naquela unidade até o final do ano. Sua mãe foi visitá-lo durante o dia e à noite a chamaram para dizer que seu filho havia morrido atropelado, depois que a unidade lhe deu permissão para sair com amigos. Na unidade, lavaram as mãos e disseram que ele havia escapado. Ao motorista sem licença que o atropelou, pediram apenas 5 anos e oito meses de prisão. Nenhum militar foi investigado no processo judicial.
Cada vez ganham mais força as campanhas em Cuba contrárias ao Serviço Militar, que ganharam impulso após o incêndio da base de supertanques de Matanzas. No dia 5 de agosto de 2022, um raio atingiu um tanque de petróleo e provocou um incêndio de grandes proporções que se espalhou por vários dias para quatro depósitos de combustível. A tragédia na zona industrial de Matanzas resultou em 17 pessoas falecidas, mais de um centenar de feridos e perdas materiais significativas. Entre os mortos, quatro recrutas.
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