Putin lança advertência à OTAN com o reforço da tríade nuclear

Segundo Putin, fortalecer a tríade nuclear -aviação estratégica, submarinos atômicos e mísseis intercontinentais- é uma prioridade para garantir a segurança da Rússia.

Vladimir PutinFoto © Kremlin

O presidente da Rússia, Vladímir Putin, fez nesta segunda-feira um claro alerta à OTAN ao anunciar o fortalecimento da tríade nuclear russa, em resposta ao crescente gasto militar e às novas estratégias da Aliança Atlântica.

O mandatário acusou a OTAN de provocar uma corrida armamentista global e denunciou os recentes ataques dos Estados Unidos e de Israel contra o Irã como uma "agressão injustificada".

Durante uma cerimônia com graduados de academias militares, Putin informou que Moscou está reforçando sua capacidade nuclear com bombardeiros estratégicos Tu-160M e mísseis balísticos intercontinentais RS-24 Yars, ao mesmo tempo em que inicia a produção em série do sistema hipersônico de alcance médio Oreshnik, testado em novembro passado na Ucrânia.

"O fortalecimento da tríade nuclear - a aviação estratégica, os submarinos atômicos e os mísseis intercontinentais - é uma prioridade para garantir nossa segurança", sublinhou, em uma mensagem televisionada a nível nacional.

Putin também se referiu à próxima cúpula da OTAN, na qual se espera que os países membros aprovem um aumento do gasto em Defesa para 5% do PIB até 2035.

"Está claro quem é o verdadeiro responsável pela militarização global", afirmou.

"À vista do crescimento da tensão geopolítica, continuaremos adotando medidas adequadas para reforçar a segurança da Rússia e de nossos aliados. Desenvolver nossas Forças Armadas é garantia de uma Rússia soberana e independente", disse.

Rejeição ao ataque contra o Irã

Em paralelo, o Kremlin condenou enfaticamente os recentes ataques contra instalações nucleares no Irã, executados por forças estadounidenses e israelenses.

Em uma reunião com o ministro de Relações Exteriores iraniano, Abás Araqchí, Putin classificou as ações como uma "agressão absolutamente injustificada" e reiterou o apoio da Rússia ao direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos.

Araqchí agradeceu o apoio de Moscou e classificou a relação bilateral como "estratégica".

"A Rússia está do lado correto da história", disse o diplomata, após denunciar que os EUA e Israel "atacam nossa soberania" e violam o direito internacional.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que Moscou avaliará que tipo de apoio o Irã precisa neste momento crítico.

Além disso, alertou sobre o risco de contaminação radioativa e uma expansão do conflito no Oriente Médio se a situação continuar a escalar.

Tensões com os Estados Unidos

Em meio ao deterioramento das relações com Washington, Moscou acusou o presidente americano Donald Trump de ignorar uma proposta de mediação russa destinada a evitar o conflito com o Irã.

Segundo fontes do Kremlin, Putin havia se oferecido para atuar como mediador entre Teerã, Tel Aviv e Washington, mas nunca recebeu uma resposta formal.

Altos funcionários russos, como o vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitri Medvedev, foram categóricos: "Trump acabou de iniciar uma nova guerra para os Estados Unidos", afirmou, observando que a ofensiva no Irã "coloca em perigo a segurança de toda a Ásia Ocidental".

Contexto OTAN: aumento do gasto militar

Todo isso ocorre à véspera da cúpula da OTAN em Haia, onde se espera a aprovação do novo compromisso de gastos de 5% do PIB.

Embora os Estados Unidos tenham promovido esse objetivo, o presidente Trump sugeriu que seu país poderia não cumpri-lo plenamente, citando seu histórico de apoio financeiro à aliança.

Alguns países, como a Espanha, manifestaram suas reservas. O presidente Pedro Sánchez afirmou que comprometer esse percentual seria "pouco razoável e contraproducente". A OTAN planeja flexibilizar sua aplicação para se adaptar a casos como o espanhol.

Enquanto isso, quase um terço dos membros da Aliança ainda não atingem o objetivo atual de 2%, apesar do aumento nos gastos após a invasão russa da Ucrânia em 2022.

Escalada global

A retórica de Moscovo, o reforço de suas capacidades nucleares e as crescentes tensões no Oriente Médio sinalizam uma nova fase de confrontação internacional.

Em palavras de Medvedev: "Os Estados Unidos cruzaram uma linha perigosa". Em resposta, Putin envia uma mensagem inequívoca: a Rússia não ficará para trás.

Perguntas frequentes sobre o aviso de Putin à OTAN e o conflito no Oriente Médio

O que implica o fortalecimento da tríade nuclear russa anunciado por Putin?

O fortalecimento da tríade nuclear russa implica a modernização e ampliação de suas capacidades nucleares estratégicas, incluindo a aviação estratégica, submarinos nucleares e mísseis balísticos intercontinentais. Putin enfatizou que esse reforço é uma prioridade para garantir a segurança da Rússia em resposta às ações da OTAN.

Qual foi a resposta da Rússia aos ataques dos Estados Unidos e de Israel contra o Irã?

Rússia condenou veementemente os ataques dos Estados Unidos e de Israel contra instalações nucleares no Irã, considerando-os uma "agressão absolutamente injustificável". Putin reiterou seu apoio ao direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e criticou a escalada de tensões no Oriente Médio.

Quais medidas a OTAN está adotando em resposta à atual situação geopolítica?

A OTAN está considerando um aumento do gasto em defesa para 5 % do PIB até 2035, em resposta às crescentes tensões globais. Este incremento visa fortalecer a capacidade militar dos países membros diante da escalada de conflitos internacionais, como o da Ucrânia e as ações da Rússia.

Qual é o impacto das tensões entre os Estados Unidos e o Irã na estabilidade global?

As tensões entre os Estados Unidos e o Irã aumentam o risco de uma expansão do conflito no Oriente Médio, o que pode desestabilizar ainda mais a região e ter repercussões globais. A recente ofensiva americana contra instalações nucleares iranianas aumentou as tensões e a possibilidade de retaliações por parte de Teerã.

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