A influenciadora cubana Flor Danay Hernández Ochoa, conhecida nas redes sociais como Flor de Cuba, está gerando uma forte polêmica após criticar em um vídeo os estudantes universitários da ilha, a quem criticou duramente por acreditarem na educação em um país onde "os estudos não servem" e "o conhecimento não se traduz em dólares".
El vídeo é de quatro meses atrás, mas à Flor de Cuba pareceu "oportuno" voltar a compartilhá-lo nesta quarta-feira, quando jovens estão lutando desde as universidades cubanas para que ETECSA revogue suas medidas recentes, que limitam as recargas em moeda nacional e, com isso, o acesso à internet para milhões de pessoas no país.
Esta criadora de conteúdos é muito conhecida por fazer publicidade de envios a Cuba e não poucas vezes recebeu críticas no exílio por supostos vínculos com o regime.
A cubana foi acusada, por Alexander Otaola, de ser uma suposta agente da Segurança do Estado, de estar envolvida em proxenetismo, lavagem de dinheiro e de ter interesses políticos ocultos desde que chegou aos Estados Unidos. Essas acusações a levaram inclusive a tomar medidas legais contra o conhecido comunicador cubano.
Flor de Cuba em seu vídeo recente, demonstra seu desprezo por aqueles que, apesar das limitações na ilha, apostam na superação acadêmica como um caminho para o desenvolvimento pessoal e social. Diz-lhes que foram enganados pelo governo e os convida a parar de lutar por mudanças no país.
“Tú és universitária porque o governo convenceu sua mãe e seus avós a criarem operários e mão de obra barata para pagarem 10 dólares por mês e fazerem acreditar que isso era ser alguém na vida”, diz no audiovisual.

Aclarou que esse vídeo foi publicado em resposta a uma crítica sobre seu baixo nível educacional, mas assegura que são os universitários cubanos, graduados e por graduar, quem "deveria sentir vergonha de ter acreditado que estudar quatro ou cinco anos levaria, no final, a trabalhar vendendo pizza em um ponto de ônibus".
Em nenhum momento ela direciona sua crítica à gestão do governo. Se orgulha de que alcançou o sucesso econômico sem ter completado o ensino pré-universitário e promove em seu discurso o abandono do caminho acadêmico e a busca por rendimentos imediatos em Cuba.
Recomenda aos universitários cubanos a deixarem de se esforçar tanto a cada dia e, em vez disso, indicou: "Ponham-se a fazer dinheiro, empreendam, revendam, aprendam inglês, invistam em suas mentes… mas deixem de entregar os melhores anos de suas vidas e seus cérebros a um país que não os agradece".
Suas palavras foram interpretadas como um ataque direto aos universitários e uma exigência de que gerem ganhos para suas famílias, pois segundo ela: “Quando você morrer, o papel do diploma vai ficar aqui e você não vai levar a experiência que não viveu, por trabalhar para um sistema que te paga 2.500 pesos por mês”.
Estas duras declarações chegam em um momento sensível para o setor universitário. Nos últimos dias, estudantes e professores têm protestado publicamente contra as novas tarifas da ETECSA, que excluem grande parte do setor acadêmico do acesso à internet, uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento.
Os jovens mantêm suas demandas à ETECSA apesar de não contarem com o apoio dos reitores, uma vez que as instituições educacionais respondem aos interesses do regime. Mesmo assim, os estudantes insistem na necessidade de conseguir uma tarifa justa e no reconhecimento do acesso à conectividade como um direito de toda a sociedade cubana.
Em um contexto onde muitos jovens podem ver suas carreiras interrompidas ou enfrentar represálias do governo por se manifestarem, as palavras de Flor de Cuba parecem especialmente insensíveis, ofensivas e desconectadas da realidade.
Além das diferenças de opinião sobre os caminhos para o sucesso pessoal, é preocupante que figuras com alta visibilidade pública emitam mensagens que trivializam a educação, desestimulam o pensamento crítico e promovem atalhos individuais em detrimento do desenvolvimento coletivo e, acima de tudo, do crescimento profissional das pessoas.
O discurso de Flor não apenas banaliza os sacrifícios de milhares de famílias cubanas que apostam na formação de seus filhos em meio a uma crise sem precedentes, mas também invisibiliza os riscos que muitos jovens enfrentam em Cuba por exercer seu direito de opinar, se organizar e reivindicar justiça social, a partir das universidades.
Perguntas frequentes sobre a controvérsia de Flor de Cuba e sua postura crítica em relação à educação em Cuba
Por que a Flor de Cuba critica os universitários cubanos?
Flor de Cuba critica os universitários cubanos porque considera que estudar em Cuba não é economicamente vantajoso, já que os graduados acabam trabalhando em empregos mal remunerados. Além disso, promove a ideia de buscar ingresos imediatos e empreender em vez de seguir o caminho acadêmico.
Qual é a postura da Flor de Cuba sobre a educação e o sucesso pessoal?
Flor de Cuba defende uma postura mercantilista na qual prioriza o sucesso econômico imediato em detrimento da educação formal. Acredita que os estudos em Cuba não se traduzem em benefícios econômicos e recomenda aos jovens que empreendam e aprendam habilidades práticas que gerem dinheiro imediatamente.
Como os jovens universitários têm respondido às declarações de Flor de Cuba?
As declarações de Flor de Cuba foram vistas como insensíveis e ofensivas, especialmente em um contexto onde os estudantes e professores estão protestando contra as restrições da ETECSA que limitam o acesso à internet. Muitos jovens defendem a educação como uma ferramenta de transformação e criticam o discurso de Flor por trivializar os sacrifícios das famílias cubanas.
Qual é o impacto do discurso de Flor de Cuba na sociedade cubana?
O discurso de Flor de Cuba pode desestimular o pensamento crítico e o valor da educação, promovendo atalhos individuais em detrimento do desenvolvimento coletivo. Sua mensagem pode influenciar os jovens a priorizar o sucesso econômico rápido em vez do crescimento profissional e pessoal por meio da educação.
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