ETECSA responde às críticas: “Não limitamos os planos, apenas as recargas nacionais.”

As novas medidas da ETECSA restringem as recargas nacionais, gerando críticas por favorecer aqueles que recebem remessas. A empresa se mostra orgulhosa de manter recargas internacionais e transferências de saldo sem limites.


A entrada em vigor das novas medidas comerciais da Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA) gerou uma onda de críticas, questionamentos e indignação entre os cubanos. O povo acusa a empresa estatal de restringir o acesso aos serviços móveis em peso cubano (CUP) e a companhia afirma que apenas limita "recargas nacionais".

Em declarações feitas ao programa informativo Revista Buenos Días, a vice-presidente comercial da ETECSA, Lidia Esther Hidalgo Rodríguez, afirmou: “O que estamos limitando é a recarga nacional, mas as recargas internacionais permanecem. As transferências de saldo continuam, portanto há formas de manter saldo uma vez ultrapassado o limite de recargas de 360 CUP.”

Insistiu que os pacotes de minutos de chamadas e mensagens (SMS) não estão sujeitos a essas restrições e que “podem ser adquiridos através do aplicativo Transfermóvil na opção ‘compra de planos e pacotes’. Esses planos não têm limitações e mantêm os mesmos preços que tinham anteriormente para que a população possa se comunicar”, disse.

Segundo a funcionária, permanecem habilitadas até três transferências de saldo diárias sem limite de valor, além das recargas internacionais, as quais “não estão limitadas e podem ser recebidas várias durante o dia”. Na opinião de Hidalgo Rodríguez, esta última modalidade “é um comportamento habitual na população cubana”.

ETECSA separa o saldo nacional daquele que provém de recargas internacionais, privilegiando o acesso a serviços de navegação na Internet em dólares. A funcionária insiste que: "As recargas internacionais não estão limitadas e podem ser recebidas várias durante o dia".

O objetivo do regime é receber dólares diretamente nas contas da ETECSA, e a empresa garante que facilitará para que esses envios do exterior possam ser transferidos sem limites entre familiares e amigos. "Esse é um comportamento habitual na nossa população", disse a vice-presidente.

A resposta institucional está longe de acalmar os ânimos de milhões de cubanos. Nas redes sociais, crescem os comentários que qualificam as novas medidas como "abusivas". Os usuários denunciam que o Estado favorece o mercado negro e impede que os internautas utilizem seu salário em CUP para adquirir serviços básicos de comunicação.

“Por mais que queiram adoçar a medida, é algo abusivo”, opinou uma pessoa. Outra destacou: “Se limita a recarga nacional a 360 pesos, então como vou comprar mais pacotes. Se não posso colocar crédito no meu celular, então estão limitando o serviço”.

Um terceiro usuário resumiu assim: “Tenho outras formas de obter saldo, sim, mas a preços abusivos, por pessoas que recebem recargas do exterior.”

Este fim de semana, o advogado cubano Manuel Viera denunciou que já está circulando nas redes a venda de saldo móvel como se fosse uma mercadoria qualquer.

“El saldo internacional já está sendo vendido nas redes sociais. Os 360 pesos de saldo por módicos 1.000 CUP. E ainda tentam explicar isso ao povo (...) Para exercer nosso direito à informação e à comunicação através de uma empresa que supostamente é do povo, teremos que admitir que nos extorquem, que nos roubem mais uma vez”, acrescentou.

A vice-presidente da ETECSA confirmou na Mesa Redonda na sexta-feira que a metade dos usuários será afetada pelo novo pacote de medidas, mas insistiu que a decisão de aplicar essas mudanças foi tomada com base em um "estudo" dos padrões de consumo dos cubanos.

"Mais de 50% da nossa população consome aproximadamente esse valor que está relacionado com as ofertas que estamos disponibilizando e que continuam a ter um preço cada vez mais acessível e mais quantidade de dados também nas ofertas que estamos colocando", disse, referindo-se aos supostos benefícios da medida.

A dolarização dos serviços da ETECSA afeta os cubanos que não têm acesso a divisas estrangeiras. Os novos planos de dados em dólares tornam o acesso à internet um privilégio para aqueles que recebem remessas do exterior.

Perguntas frequentes sobre as novas medidas da ETECSA em Cuba

Quais são as novas medidas da ETECSA em relação às recargas em pesos cubanos?

As novas medidas da ETECSA limitam as recargas em pesos cubanos (CUP) a um máximo de 360 CUP em um período de 30 dias. Isso representa uma mudança significativa, já que anteriormente não existia tal restrição. Além disso, enquanto as recargas nacionais estão limitadas, os planos de dados em dólares americanos são promovidos, o que gerou uma ampla rejeição entre os cubanos que não têm acesso a divisas estrangeiras.

Como a dolarização dos serviços da ETECSA afeta os cubanos?

A dolarização dos serviços da ETECSA afeta principalmente os cubanos que não têm acesso a divisas estrangeiras. Os novos planos de dados em dólares transformam o acesso à internet em um privilégio para aqueles que recebem remessas do exterior. Essa medida aprofunda a desigualdade econômica, consolidando uma dualidade monetária em um serviço essencial e limitando a conectividade de uma grande parte da população.

Quais são as alternativas para os cubanos sem acesso a divisas para se manterem conectados?

Os cubanos sem acesso a divisas devem recorrer ao mercado informal para adquirir saldo. Devido às restrições da ETECSA, muitos usuários dependem de recargas internacionais ou compram saldo de forma indireta no mercado informal. Isso implica pagar preços elevados, o que não só limita o acesso à internet, mas também cria uma estrutura de acesso desigual à conectividade.

Qual tem sido a reação dos cubanos diante dessas medidas da ETECSA?

A reação dos cubanos tem sido de indignação e rejeição. Muitas pessoas consideram as medidas como um "roubo à mão armada" e uma expressão da desigualdade vivida na ilha. As críticas vieram tanto de cidadãos comuns quanto de figuras públicas e organizações estudantis, que denunciaram a exclusão econômica e a falta de acesso equitativo à conectividade.

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