Incluídas na lista de repressores da fiscalização e da polícia no caso de Alina Barbara López e Jenny Pantoja

A fiscal Ana Lilian Caballero e a oficial María Juantorena foram incluídas na lista de Repressores Cubanos devido ao seu papel no caso de Alina López e Jenny Pantoja, acusadas de desacato durante uma protesto.


A fiscal de Matanzas Ana Lilian Caballero Arango e a oficial da PNR María Juantorena Herrera foram incluídas na lista de Repressores Cubanos por sua participação no caso das acadêmicas Alina Bárbara López Hernández e Jenny Pantoja Torres.

Caballero Arango é acusada de solicitar injustamente quatro e três anos de privação de liberdade, respectivamente, substituída por trabalho correcional sem internamento, para as acadêmicas dissidentes, informou a Fundação para os Direitos Humanos em Cuba (FHRC, na sigla em inglês).

A procuradora se baseia em uma versão repleta de falsidades sobre a detenção arbitrária das duas ativistas quando se dirigiam a Havana no dia 18 de junho de 2024 para realizar sua protesto pacífico sentadas em um parque nos dias 18 de cada mês, precisa a informação.

Juantorena, por sua vez, agrediu brutalmente “as intelectuais dissidentes depois de interceptar em 18 de maio de 2024, no ponto de controle de Bacunayagua, o carro de aluguel em que as duas historiadoras viajavam de Matanzas a Havana”.

Fiscalia pede quatro anos de prisão

A Procuradoria cubana solicitou uma sanção de quatro anos de trabalho corretivo sem internamento para a intelectual e ativista Alina Bárbara López Hernández, acusada de desacato, desobediência e atentado, após sua detenção em 18 de junho de 2024.

Esse dia, López Hernández e a antropóloga e também ativista Jenny Victoria Pantoja Torres se dirigiam a Havana para participar de uma protesto pacífico, quando foram interceptadas pela Polícia em Matanzas.

A fiscal do caso, Ana Lilian Caballero Arango, apresentou um extenso relatório no qual também solicita três anos de sanção substitutiva para Pantoja, pelo crime de atentado.

Além disso, devem pagar supostos danos materiais a uma oficial de polícia: 650 CUP por parte de López Hernández - pela ruptura de seu uniforme - e 500 CUP de Pantoja pela reposição de extensões artificiais no cabelo da agente.

Alina qualifica o dossiê fiscal como um "roteiro dramático" repleto de falsidades, cujo objetivo é negar o caráter político do caso.

Em um extenso texto publicado no Facebook, a historiadora denuncia que tanto ela quanto Pantoja foram vítimas de violência policial, o que resultou em lesões físicas documentadas medicamente, mas que não foram levadas em consideração no processo.

“Fomos as espancadas, violentadas e tratadas como animais. Naquele dia temi pela minha vida...”, relata López Hernández, que foi diagnosticada posteriormente com labirintite postraumática. Pantoja, por sua vez, sofreu contusões no peito após ser imobilizada pelo mesmo agente.

Em sua declaração, ataca a tentativa de despolitizar o caso: “A promotora pretende despojar o ocorrido de sua natureza política, que é mais do que evidente e que expõe um Estado no ato de impedir -por meio da violência- o exercício de direitos constitucionais”.

As imputações não mencionam em nenhum momento que ambas as mulheres estavam a caminho de exercer seu direito à protesto pacífico.

Em contrapartida, as descrevem como protagonistas de uma confusão no trânsito, com versões que López qualifica de “inverossímeis” e “absurdas”.

Apesar de terem uma trajetória intelectual reconhecida, as duas enfrentam um processo judicial que, segundo denunciam, busca punir seu ativismo cívico e enviar uma mensagem dissuasória àqueles que questionam o sistema.

O julgamento ainda não tem data marcada, mas López advertiu que “não estaremos sozinhas no banco dos réus: será a Constituição de 2019 que se sentará, mais uma vez, como acusada”, numa alusão à contradição entre os direitos que a Carta Magna reconhece e sua aplicação prática sob uma ditadura.

O caso gerou reações entre ativistas e defensores dos direitos humanos dentro e fora da Ilha, que alertam que essa forma de criminalização da dissidência vulnera os compromissos internacionais assumidos pelo Estado cubano.

“Ditaduras não podem se disfarçar de democracias, embora tentem”, sentenciou López Hernández, deixando clara sua postura de resistência pacífica diante do que considera um julgamento político disfarçado.

O julgamento contra as duas intelectuais será realizado no Tribunal Municipal Popular de Matanzas.

Esta não será a primeira vez que a destacada acadêmica se senta no banco dos réus.

Em novembro de 2023, foi submetida a julgamento por um suposto crime de desobediência, após ter ido em abril daquele ano ao parque central de Matanzas com um cartaz exigir a libertação do escritor e jornalista Jorge Fernández Era.

No processo, foi considerada culpada e condenada a pagar uma multa.

Perguntas frequentes sobre a repressão em Cuba e o caso de Alina Bárbara López

Quem são Ana Lilian Caballero Arango e María Juantorena Herrera?

Ana Lilian Caballero Arango é a fiscal de Matanzas acusada de solicitar sanções desproporcionais para as acadêmicas dissidentes Alina Bárbara López Hernández e Jenny Pantoja Torres. María Juantorena Herrera é uma oficial da Polícia Nacional Revolucionária envolvida na agressão a essas intelectuais. Ambas foram incluídas na lista de Repressoras Cubanas pela Fundação para os Direitos Humanos em Cuba devido à sua participação no caso das ativistas.

O que ocorreu no caso de Alina Bárbara López Hernández e Jenny Pantoja Torres?

El 18 de junho de 2024, Alina Bárbara López Hernández e Jenny Pantoja Torres foram detidas arbitrariamente pela polícia em Matanzas enquanto se dirigiam a Havana para participar de uma manifestação pacífica. A Procuradoria cubana solicitou sanções de trabalho corretivo sem internação para ambas, com base em acusações de desrespeito, desobediência e atentado. As acadêmicas denunciam que foram vítimas de violência policial e que o processo judicial busca criminalizar seu ativismo cívico.

Por que o caso de Alina Bárbara López é considerado um julgamento político?

Alina Bárbara López e outros ativistas consideram que o julgamento é uma tentativa de despolitizar e criminalizar a dissidência ao usar o sistema judicial para punir os críticos do regime. As acusações ignoram que as acadêmicas estavam exercendo seu direito de protestar pacificamente e as apresentam como protagonistas de um conflito viário, o que é considerado uma distorção dos fatos com o intuito de silenciar vozes opositoras.

Qual é a postura da comunidade internacional em relação ao caso?

O caso gerou reações de ativistas e defensores dos direitos humanos dentro e fora de Cuba, que alertam que a criminalização da dissidência compromete os compromissos internacionais assumidos pelo Estado cubano. A atenção internacional tem se concentrado na necessidade de proteger os direitos humanos na ilha, especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão e à proteção dos ativistas.

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